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terça-feira, 22 de janeiro de 2013

A verdade é manca, mas sempre chega a tempo

Após uma década de renome, Luiz Inácio Lula da Silva é eleito o político mais corrupto de 2012

A palavra verdade pode ter vários significados, desde estar de acordo com os fatos e a realidade, ou ainda, ser fiel às origens ou a um padrão. Conceitos mais antigos abarcam a verdade como aquilo que é possivelmente real dentro de um sistema de valores. Em sua formação, um jornalista aprende que a verdade é sempre um ponto de vista, pois uma história nunca é contada fielmente como aconteceu.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

A fofoca que dá dinheiro

Jornalista é fofoqueiro, não adianta dizer que não é. Vê uma coisinha e já sai contando. Escolhe as palavras certas. Pode usar as palavras mais suaves, mas às vezes sai causando com uma palavra estupenda, gigante, aumentativa. Por outro lado atenua o caso, quando necessário, faz de um copo de água uma tempestade e se o patrão xinga faz a tempestade virar um copo de água.

Cuida tudo. Analisa. Passa um segundo e já está observando

“ isso aqui poderia virar uma matéria” .

Esses dias estava na casa de um amigo e tinha um jardim de conchinha. Tudo concha. Peguei as conchas na mão e pensei

“ que matéria” .

O cara ainda era artista. Mas aí você pára e se concentra. Não! estou na casa do meu amigo. Desiste da matéria, pelo menos por enquanto.

Imagina que chato, sair clicando todos os amigos e querendo fazer matéria sobre todo mundo o tempo todo. Aí você começa a entender porque os jornalistas “ maiores” passam um dia na China, outro na Filadélfia, em seguida Argentina, querem as fofocas ferventes. Os jornalistas estão se coçando por matéria. Ou por dinheiro. Como a fofoca traz a grana, vão para todos os lugares do mundo que os mandarem em busca das reportagens mais legais. Entram no vulcão em erupção, vai pra guerra, pra onde for...

Agora, confesso que eu, adoro uma fofoca mesmo. Um babado, sei lá! Pode ser a expressão idiomática que for, estou no caminho certo fazendo jornalismo, porque escrever, observar, usar as palavras certas, focar o pensamento do leitor no que acho que deve ser o certo, é muito bom.

E no final das contas, não tenho vergonha já que, jornalista é fofoqueiro mesmo. Além do mais são das fofocas que nos sustentamos.

Não é fofoca? Não acredito em papai Noel e também acho que notícia é fofoca.
Bruna Morais

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Relatos de uma vida cotidiana

O despertador toca às sete horas da manhã. Hora de acordar para iniciar um novo dia sob a luz de um sol nascente. O banho morno de toda manhã é o primeiro passo. A roupa devidamente selecionada para mais uma jornada de trabalho. Hora de tomar um café quente para que a disposição apareça. Após o café tomado às pressas, os dentes são escovados com a pasta de dente. O sabor de menta tão familiar ficará na boca durante o resto da manhã. A porta de casa é chaveada, segurança em primeiro lugar! A frase que vêm à cabeça é “run, Forrest, run!”. Não se pode chegar atrasado, todos os horários devem ser preenchidos com perfeição. O ponto de ônibus está lotado de pessoas, algumas engravatadas, outras de calças jeans. Não há tempo para pensar nisso, é preciso foco no serviço, preparar o material. Depois de 45 minutos num ônibus quente, hora de trabalhar. O computador será a única e necessária companhia. Os dedos já acostumados começam a digitar tecla por tecla, formando palavras bonitas e politicamente corretas. Gráficos são sempre bem-vindos, para demonstrar dados em números que comprovam o potencial da empresa. Números são indiscutíveis numa sociedade que preza por dados exatos. Hora do almoço, depois de digitar tanto, um break é mais do que necessário. Mas tempo é dinheiro! Melhor comer logo e voltar ao exercício da digitação. Uma carne acompanhada por uma salada colorida é uma boa opção, dentro do que é oferecido. Digitar, digitar, digitar. Até às sete horas da noite esse será o foco. Transmitir uma mensagem que não é minha, mas sim da empresa. Quanto mais palavras e números são digitados, menos pensamentos afligem a mente. Para que pensar dos problemas sociais, pessoais e familiares quando se precisa do dinheiro no fim do mês? É pouco, mas as contas precisam ser pagas. Sem eletricidade, não tem televisão para ver o futebol no sagrado domingo. Sem água, não tem banho morno. Sem dinheiro, não tem aquela cervejinha para relaxar. É preciso foco e determinação para vencer na vida profissionalmente. Fim do expediente, hora de pegar outro latão para chegar em casa. Ônibus cheio de gente cansada e triste, mas se importar com o próximo é esforço demais para alguém que digitou o dia inteiro, em frente a uma tela brilhante de computador. Engarrafamento é algo que faz parte do cotidiano, as estradas são assim mesmo. Após um longo dia de trabalho e transito, a televisão é ligada. Enquanto um sanduíche de mortadela é preparado, o noticiário do jornal é uma distração válida. Vai chover amanhã, segundo a previsão do tempo. A criminalidade continua fazendo vítimas. Assaltos e depredação de caixas eletrônicos. O sanduíche é devorado em poucas mordidas. A nova novela começará em seguida. Após a novela, um filme velho é anunciado, mas não há tempo para isso, os olhos cansados não permitem maiores distrações. Novamente o gosto suave da pasta de dente sabor menta. A roupa de trabalho é substituída para a roupa de dormir, que é só uma bermuda de pijama. Ajuste do despertador para as sete horas do dia seguinte. Remédios são ingeridos com a ajuda de um copo d’água. A coberta é chutada da cama, está uma noite abafada. Uma boa noite de sono é revigorante para o despertar de um velho-novo amanhã.

Felipe Kowalski

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Kim Puch

Por trás da história que todos sabemos

Os detalhes das lembranças que apenas alguém que viveu na guerra consegue descrever. Kim Puch emocionou alunos, professores, comunidade e repórteres do Fantástico no auditório do Campus Unisul Grande Florianópolis, dia 11 de Outubro. Sua história é comovente, diferente do que contam os livros didáticos usados nos colégios para explicar os conflitos do mundo, que Kim Puch traz consigo relatos do sofrimento, das queimaduras, das vezes que desmaiou de dor e dos sentimentos que o acometeram: compaixão, coragem, vitória e fé. Ao ouvir a história da menina que protagonizou a famosa fotografia, Kim Puch, com seu jeito oriental, a voz suave, a baixa estatura, a educação e a paz que transmite, impressionou a todos os presentes.

Quarenta anos após a tragédia onde adquiriu queimaduras de primeiro grau em 50% do seu corpo, ela confessa sofrer ainda com as dores que voltam com a mudança de tempo. Kim revela que para esquecer a dor, que a faz sentir-se doente, escuta música, fala ao telefone e caminha.

Kim e a fotografia

Kim relatou que simplesmente, enquanto a bomba explodia, sua roupa sumiu do corpo que pegava fogo. “A bomba de Nepalm, queima em altas temperaturas pela mistura com a gasolina. Os soldados que nos socorreram infelizmente, não sabiam a composição da bomba, e ao tentar nos socorrer, nos queimavam ainda mais, jogando água em nossos corpos, a queimadura tornava-se ainda mais profunda. Eu apenas chorava.”

Kim descontraiu a platéia ao longo dos seus contos emocionantes. Com bom humor, relatou ser um milagre estar no Brasil e, que graças ao fotógrafo Nick Ut, o responsável pela famosa fotografia ao lado e por levá-la ao hospital, está viva. Puch contou que durante quatorze meses esteve internada no hospital, que ao longo deste período sofreu dezessete cirurgias e que desmaiava de tanta dor. “Nós devemos aprender com nossas experiências e ficamos mais fortes. Rezo muito, isso me ajuda e me ensinou uma lição: A importância do amor. A compaixão dos médicos, enfermeiros, amigos e familiares. Sentia muita dor e meus irmãos e primos me massageavam”.

Kim cita também a fotografia, como um bem valioso que fez com que as pessoas, mudassem o pensamento a respeito da Guerra. Os soldados que usavam as bombas para abrir territórios, ficaram chocados ao saberem que, além de terem realizado o objetivo de acertar as bombas nos lugares necessários, estavam mutilando e matando inocentes. Em 1996, reencontrou o piloto do bombardeiro e o perdoou em frente às câmeras. Kim, com suas raízes de fé ligadas ao catolicismo, pode ser um exemplo de vida. “Se eu, que

sou a menina ferida na Guerra do Vietnã, que passei anos com muita dor, as quais sinto até os dias de hoje, pude perdoar as pessoas que queimaram a minha pele, que caía de mim naqueles instantes eternizados em uma foto, vocês também podem perdoar seus inimigos, vocês não acham?” Kim Puch, muito mais do que uma

vitima da guerra, tornou-se um ícone exemplar de coragem e compaixão. Hoje, seu objetivo é ajudar crianças que sofreram as consequências de conflitos entre territórios e pede contribuições para os projetos que ocorrem em vários países diferentes.

A vida pós guerra

Com 19 anos, graças aos 14 meses que passou no hospital, ingressou no curso de Medicina. “Foi por um curto período. O governo vietnamita achava que eu deveria ser um símbolo da guerra, e me transformaram nisso. No meu país não éramos livres para fazer nossas escolhas. Mais tarde pedi para um ministro para voltar a estudar e fui enviada para a Universidade de Havana, em Cuba”.

Kim maravilhou-se com o Espanhol e ao chegar em Cuba, iniciou estudos relacionados a língua espanhola, direcionando seu tempo para estudos de graduação em Inglês e Espanhol.

“Você pode perder tudo, mas se tiver o amor da família você recupera tudo.” Esta frase foi dita por Kim, que no decorrer da aproximada uma hora e meia que esteve com o microfone na mão, passou ao público, uma lição de vida em frases relacionadas ao amor e a fé. “A fé e o poder do amor são mais fortes do que a bomba Napalm”.

Kim Puch, milagrosamente não perdeu a vida com a pele 50%) queimada, hoje, percorre o mundo, como um exemplo de vida para qualquer pessoa.

Bruna Moraes

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

As Tirinhas

Ao folhear um jornal, são tantas as notícias e dos mais variados assuntos, mas geralmente nas variedades, podemos encontrar as famosas tirinhas que tanto caem na graça do povo. As tiras são basicamente desenhos onde geralmente se conhece personagens distintos nas situações diversas, dispostas normalmente em número inferior a quatro quadros e dispostas, ao menos em sua maioria, horizontalmente. Vários são os gêneros explorados nessa arte, como ação, aventura, mistério, espionagem, cômicos, policial, drama, heróis e super-heróis. Os jornais aqui de Florianópolis trabalham com publicações diárias em suas edições, porém a publicação pode ocorrer semanalmente.

A provável origem se dá quando a primeira tira de The Yellow Kid (ou O Garoto Amarelo, nome mais conhecido de Mickey Dugan, personagem principal de Hogan´s Alley, que era desenhada por Richard Felton Outcault), foi publicada em preto e branco, no dia 17 de fevereiro de 1895, no jornal New York World. A partir de 5 de maio, deste mesmo ano, passou a ser apresentada em cores, depois que passou a receber apoio dos personagens secundários. Além de ser provavelmente a primeira tira em quadrinhos do mundo, foi uma das primeiras a serem impressas a cores. Gradualmente Yellow Kid foi se tornando parte das páginas de domingo e depois passou a aparecer várias vezes na semana. Yellow Kid era uma criança calva, desdentada, com um largo sorriso no rosto e usava sempre uma camisola amarela, e foi nessa camisola que foram utilizadas, também pela primeira vez, o artifício de usar balões para mostrar as falas dos personagens. Na época a tira de jornal foi descrita como um panorama teatral da cidade, o qual mostrava as tensões raciais do novo mundo urbano, o ambiente consumista, representado por um grupo danoso de habitantes da Cidade de Nova Iorque, o qual gostava de lidar com coisas erradas. Ou seja, desde o começo, as tiras são um meio de comunicação para que o artista possa expressar não só a sua opinião, mas também os valores de sua época.

No Brasil, os personagens clássicos desta arte são: Mafalda, uma menina preocupada com a humanidade e a paz mundial que se rebela com o estado atual do mundo; Calvin, um garoto de seis anos de idade cheio de personalidade, que tem como companheiro Hobbes, um tigre sábio e sardônico, que para ele está tão vivo como um amigo verdadeiro, mas para os outros não é mais que um tigre de peluche/pelúcia; Hagar, um guerreiro Viking, que frequentemente tenta invadir a Inglaterra e outros países. Embora respeitado profissionalmente, leva uma vida pessoal frustrada. Está sempre discutindo com a esposa Helga, que não está satisfeita com o padrão de vida que a família leva; Não esquecendo toda a turma da Mônica, Luluzinha e seus amigos, estes que além de simples tirinhas, hoje ganharam quadrinhos e até desenho animado.

Há quem diga que as tirinhas já venham do tempo dos homens das cavernas, afinal, eles desenhavam nas paredes em representação aos seus dia-a-dias. Nos tempos atuais, as tirinhas já evoluíram bastante e na internet temos muitas charges animadas, mas isto fica para um texto futuro.
Leonardo Santos

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Quando o estopim não dá fogo
   Porque é o Elóy
      Elóy Simões


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Já nem sei mais há quanto tempo me formei na Cásper Líbero. Sei, porém, que de lá pra cá tudo mudou na relação estudante\Universidade.

Tudo menos uma coisa: a regra segundo a qual aluno nenhum pode ficar esperando que o Curso atenda a todas as necessidades que uma vida profissional exige.

E a regra é implacável: estudante que fica esperando que isso aconteça, quebra a cara quando sai da Faculdade. Vi isso acontecer milhares de vezes. Estudante que na Faculdade não toma nenhuma iniciativa, terá enormes decepções. Ou será um profissional medíocre, ou não conseguirá sequer uma oportunidade no mercado. Ou terá de fazer um esforço sobrehumano para seguir uma carreira.

Daí a importância do Estopim, criado em boas hora por um grupo de estudantes de jornalismo da Unisul.

Ao criar o Estopim, eles abriram uma porta enorme para os estudantes irem praticando o que aprenderam. Ou o que não aprenderam, porque poderão errar à vontade. E a cada erro, percebido por eles, ou corrigido por outros, corresponderá um enorme salto.

Só que, pelo jeito, poucos se dão conta de que é precviso aproveitar e entrar. Não me refiro apenas aos estudantes de jornalismo. Refiro-me aos de todos os cursos.

Afinal, todos os estudantes – todos – precisam aprender e praticar uma disciplina que não consta, necessariamente, do currículo: a comunicação.

Em qualquer profissão, a arte de comunicar, de escrever, de defender um ponto de visa, um produto ou um serviço, é indispensável.

Quando Chacrinha disse que quem não se comunica, se trumbica, estava dizendo, do jeito dele, uma grande verdade. “Se” trumbica mesmo.

No entanto, não consigo ver, no Estopim, a manifestação em massa dos estudantes. Nem mesmo dos que frequentam Cursos diretamente ligados à Comunicação: publicidade, jornalismo (exceto o grupo que criou o Estopim) e design.

Na cabeça deles o Estopim não explodiu, o que é lamentável.

Há, aí, um forte indício de que estão esperando se formar para começar a agir. Se isso estiver acontecendo, eles estão desperdiçando uma enorme oportunidade de treinar e aparecer ao mesmo tempo, porque serás tarde demais.

Se é assim, coitados deles quando tentarem entrar no mercado. Vão tomar uma bela surra. E ficar de fora. Perceberão como o mercado é cruel com os incompetentes.

Elóy Simões

sábado, 6 de outubro de 2012

A velha arte da escrita e a explosão de informações alternativas 

Escrever é uma viagem através do mundo das palavras que nos possibilita contar milhares de histórias para nós mesmos e/ou para várias pessoas, conhecidas ou não. As palavras podem ser uma boa forma de exteriorizar nossos demônios e proporcionar uma explosão de ideias e sentimentos. 

O homem sempre buscou meios de se comunicar com o mundo e com os seus semelhantes. Para isso, desenvolveu as palavras e a escrita. Colocar as letras no papel passa uma sensação de liberdade proporcionada por um sentimento de que nenhuma palavra será abandonada. Quando falamos, muitas vezes, esquecemos de dizer o essencial e a comunicação, pelo fato de ser espontânea, se torna incompleta. Com a escrita, podemos corrigir, voltar atrás e fazer alterações até que a mensagem que queremos passar se torne ideal. 

O papel e a caneta são as melhores companhias das pessoas que querem transferir pensamentos para algo concreto, para que não caia no esquecimento. O que pode ser um primeiro passo para a transferência desses pensamentos para outras pessoas. A aplicação desses conceitos e conhecimentos na prática que pode gerar livros, contos, cartas, jornais, crônicas, mensagens e todo o tipo de troca necessária para que a sociedade seja devidamente informada. 

Com o advento da internet, a escrita se tornou ainda mais utilizada para propagar uma quantidade gigantesca de informações. Ideais de todo o tipo e o jornalismo alternativo possuem mais espaço na mídia cibernética. A falta de controle dos grandes poderes nas informações propagadas pode ser considerada um “estopim”. Essa maior liberdade de expressão, que por anos foi tão execrada, é uma bomba de “desabafos” e “ponderações” prestes à explodir. Seria muito bom que mais pessoas procurassem o outro lado da moeda, ver além do Cidadão Kane, além das notícias que passam na grande mídia. Mas só o fato dessas ideias conseguirem ser propagadas já é algo que merece ser comemorado. E o Estopim conseguiu com êxito ter o seu espaço, tanto que já dura um ano. Portanto, a comemoração merece ser dupla, pelo Estopim e pela conquista de espaço do jornalismo alternativo. 

E como “estopim” quer dizer “algo que irá causar uma explosão/reação”, acredito que ainda há mais novidades por aí, que irão acender a pólvora causando uma explosão de ideais e de vozes. Que venham muitos anos mais de Estopim e de todos os outros portais que trazem ideias diferentes e essenciais para que o público veja o outro lado da moeda e separe o joio do trigo.

Felipe Kowalski

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Dossiê Estopim - Tal qual como canguru em papel

Do pouco presente que estive nas aulas por toda minha vida, lembro-me entre desenhos pelas folhas, versinhos impróprios e atrativas janelas, de um verbete que me vem muito a calhar. Conhecido primeiramente nas aulas de física e química, e mais posteriormente, em uma rede de conexões que pouco dou-lhe importância, esse mot, de dentro dos fundamentos da matemática, aparece-me nas ditas teorias da comunicação, aquele que para os leigos é só mais uma palavra difícil, a tal da entropia, parece-me encaixar tão bem nesta data.

Não assuste-se parcos leitores de dossiês, não irei aqui fazer um ensaio científico de deduções de outrem, só apresento-lhes essa feia protagonista do espetáculo de hoje.

Começo assim com um fato tão histórico quando as anedotas de outrora. Reza a lenda que quando James Cook chegou ao continente australiano, levou um destes marsupiais que leva nome ao título para dentro do navio, e assim pediu que seus marinheiros fossem atrás de descobrir qual seria o nome desta curiosa criatura - como tantas na Austrália -. Eis que o aborígene ao ser perguntado, respondeu simplesmente "canguru", o que em sua língua, nada mais era que "Não estou entendendo absolutamente nada".

Nesta data especial, em que mais uma vez tento resumir nosso sítio, devo dizer que para o Estopim a situação não se mostra diferente. Parimos uma criatura curiosa, pouco comum entre os mesmos de sua espécie, e quando perguntados sobre o que isto seria, ou pretendia ser, nada foi entendido daquilo que respondemos. 

Termos como anarquia e imprensa alternativa até surgiram, mas além de ser um jornal, assim como os cangurus se enquadram no grupo dos marsupiais, nosso querido Estopim, não vai muito além de uma classificação genérica em um formato pouco ortodoxo.

Nesse tempo, que não marca certamente 365 dias, além de muita produção, exacerbada entropia já foi reunida, lembrando que a cada novo dossiê, nova tentativa de eliminar essa tal personagem mal quista nascia; e nada de entenderem que nós (talvez mais especificamente eu) não falávamos a mesma língua.

Somos um verdadeiro e imenso portfólio de informações díspares, um acúmulo de Gessonys e Adilsons, que muito deixaram seus leitores flutuando entre divagações possíveis. Somos aquilo que aprendemos ser, uma força expressiva para vingar os males de nosso artífices de mentes. Somos a linguagem que cria seus próprios cangurus. 

Por meio da prática, adquirimos nosso próprio vocábulo, aprendemos a falar de nosso modo e do modo mais conveniente. Não sei bem o que somos, tenho minha própria visão dita "de artista", mas acho que seguimos o certo, mesmo tendo a estrutura, no atual estado, meio comprometida. Para não me tornar prolixo, por fim, digo que criamos e demos nome a esse bicho que ainda segue como Estopim.

Créditos da ilustração: Gessony Pawlick Jr.
Gessony Pawlick Jr.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A panapaná falante

Para não cair no clichê, nem obrigar-me dar nome aos bois como o era uma vez me pede, apelarei aos contos persas, iniciando com Yeik bood Yeik nabood (Havia alguém, Não havia ninguém), mas que em uma mistura de jornalistas em útero, querendo mudar o mundo, e uma essência de se fazer o diferente, havia um apetite insaciável por escrever e por conquistar espaço.

Nomes existiam aos montes, mas a fórmula certa para equação do Estopim só poderia acontecer de uma maneira. Uma única entrevista que não foi ao ar trataria de emendar os futuros personagens do conto que que ainda se desenvolve. Em se tratando de efeito borboleta, nossa Lepidóptera,  como de praxe, não sabe muito mais do que o insignificante bater de asas que fez, sem a ideia de que do outro lado do mundo criaria um furacão. Eis que hoje lhe revelaremos o seu ato.

Nícolas - (sussurrando) Vamos fazer um ano, eeeeeee!

Cilene - O quê?

Nícolas - (sussurrando) Vamos fazer um ano! 

Cilene - Fazer o quê?

Nícolas - O que vai dar de presente para o Estopim? A entrevista né?! (risos)
(silêncio)

Cilene - E aí?

Gessony - Vale a pergunta, o que vai dar de presente para o Estopim?

Cilene - O quê? 

Gessony - O que vai dar de presente para o Estopim?

Cilene - Uma entrevista, pode ser?!

Gessony - Então, o Estopim está fazendo um ano de aniversário, e acho que o engodo de toda essa entrevista é perguntar como você se sente, sabendo que é a culpada pelo Estopim?

Cilene - (risos) Culpada?... Bom, quando o Nícolas começou a trabalhar ali com a gente, na comunicação e marketing, dava para ver que ele tinha uma sede muito grande de escrever fora dos moldes e dos padrões - pirâmide invertida, lead e tal - e na realidade o jornalismo ele tem uma técnica que engessa o texto, apesar de que é para facilitar o leitor, mas por outro lado faz com que a pessoa não use de seu potencial criativo. E eu percebi isso no Nícolas, que ele tinha um potencial criativo muito grande, e incentivei. Mostrando que no jornalismo existem várias formas de você se expressar, né!? E como ele estava entrando, ainda meio, digamos assim, é... procurando a sua personalidade, assim né, de texto, eu falei "nada melhor do que você se conhecer fazendo", e incentivei, e ele "ah não, 'magina', não sei o que", e eu, "faz! É teu, faz! Faz, faz...".
Então eu fico bem orgulhosa, acho que ele, acho não, tenho certeza! Que ele é uma pessoa que tem um caminho promissor, assim como o Estopim fez um ano, ele também fez um ano de Estopim. E... muito legal o trabalho de vocês. Parabéns...

Gessony - E sobre a entrevista que nunca saiu? Não sei se foi a única (olhando para o Nícolas).

Nícolas - Tu lembras da entrevista que não saiu?

Cilene - Qual? Não me lembro.

Nícolas e Gessony - (risos)

Cilene - Não, não lembro. 
Ah! A entrevista com eleeee.

Nícolas - Isso! Esse é o mote que o Gessony traz para essa entrevista...

Cilene - aham

Nícolas - Nós estávamos conversando e chegamos a essa conclusão.

Cilene - É mesmo.

Nícolas - Foi ali, inclusive, eu já conhecia o Gessony, já tinha visto, já me despertara o interesse. Como teve contigo, que tu olhava "Puxa é uma figura que se veste diferente, tananã... age diferente..."

Cilene - Que agonia a unha comprida, nem eu não consigo escrever com essa unha comprida...

Pessoa inconveniente - Tchau, boa noite.

Cilene - Boa noite. 

Nícolas - Aí que tu pediu que eu fizesse a entrevista com ele, e foi a partir dali que a gente se aproximou, mais, tal.

Cilene - aham... começaram a namorar e tal.

Gessony - Um ano juntos, fazer aniversário de namoro junto com o Estopim.

Todos - (risos)

Nícolas - ...E isso que justifica a pergunta. Assim, no caso você seria a pessoa que deu o start, por causa disso, porque aproximou pessoas que...

Cilene - Eu acho que o ser humano, em geral, não só falando no Estopim, mas no geral, que parte dali né, o ser humano em geral não sabe da potencialidade que tem. Nós vivemos em uma sociedade, que de uma certa forma enquadra a gente, classifica, "Quem você é?" "Eu SOU jornalista" não é eu estou jornalista, pois pode ser jornalista hoje e amanhã ter uma empresa e ser um administrador, ou daqui a pouco você resolve ser nada, vai ser um mochileiro. Então você ESTÁ mochileiro, você ESTÁ jornalista, você está alguma coisa, você não é aquilo, na realidade você é muito mais.
E todas as profissões têm esse padrão, assim como quando você trabalha em uma empresa "A Cilene da Unisul", eu não sou da Unisul, eu sou Cilene Macedo. Mas isso é pelo próprio molde da sociedade que a gente vive, então a gente tem que estar atento a isso, todos os dias, para não deixar que os outros nos classifiquem, que os outros nos enquadrem; e para isso, nada melhor do que você ter uma voz aberta, você ter um local para onde você pode escrever, aproveitar que a gente está na era da web 2.0, que as pessoas podem falar, interagir, porque se fosse a vinte anos atrás, não ia talvez poder fazer o que ele faz, o que vocês fazem. Então tem que aproveitar a oportunidade, que vocês estão em uma era muito promissora para falar o que pensam e fazer com que as outras pessoas conheçam o trabalho de vocês, e até inspirar.

Gessony - Aproveitando que você está falando em liberdade de expressão e da Cilene da Unisul, conta um pouco como foi pra ti (assessora de comunicação e marketing da Unisul) a relação da nossa postagem naquela quinta-feira (02 de agosto)

Cilene - Do Unisul Ontem?

Gessony - Isso.

Cilene - Eu acho que todo mundo tem o direito de se expressar, assim como vocês se expressaram como Unisul Ontem, eu também posso me expressar dizendo que eu achei leviano, mas respeito. É aquilo: não gostei, mas o não gostei é até aqui, daqui pra lá você vai ver o que vai fazer com aquilo. Não costumo interferir relações profissionais com pessoais, se por exemplo, fosse trabalhar de novo com Nícolas, eu iria falar "Nícolas tu pisou na bola aquela vez". Nunca vai ter deixado de ter pisado na bola, entendeu? Mas eu nunca vou deixar de ser amiga dele, porque uma é uma relação profissional e a outra pessoal. Eu já tive problema com várias pessoas, com várias postagens, com várias coisas, e nunca deixei de falar com ninguém. Não tenho inimigos por causa disso, acho que cada um tem que falar o que pensa. Mas eu não concordei não (risos).
Porqueeeeê, na realidade, o Estopim é um privilegiado né?! Porque primeiro ele é um blog de alunos e nenhum blog de aluno até agora teve tanta repercussão ainda na capa do Unisul hoje, não que seja um puxassaquismo, não é isso, mas é porque vocês têm atualização constante e textos muito bacanas. Agora, quando vem uma outra pessoa fez, ele (Estopim) tem que um dia sucumbir e dar espaço para outra pessoa. E ali o Estopim agiu como um menino mimado, que não queria sair da frente e... tudo bem né. Faz parte da idade dele, ele só tem um ano né, imagina-se que com um ano toda criança é mimada. Então a gente entende que muitos anos virão aí pela frente para que ele seja um garoto maduro.

Nícolas - Bem conveniente (risos)... Cilene tu se formou na Unisul também né. Fala um pouquinho dessa época de faculdade, como que era o clima? Como que era a tua turma?

Cilene - Assim, eu sempre gostei de fazer amizade com todas as pessoas da minha sala, e até hoje - estou formada, acho, há oito anos - a gente ainda tem contato, então, da época em que eu comecei a trabalhar aqui na Unisul, não era nem formada e estava trabalhando aqui, a única pessoa que começou em lugar e está ainda no mesmo (risos) sou eu. Esse dias ainda pensei: "Por que eu gosto tanto daqui?" e eu acho que esse ambiente universitário faz com que eu fique aqui, sabe?! Você a cada semestre conhecer pessoas novas, assuntos de aluno pipocando todos os dias, e assuntos de universidade, são assuntos que são positivos, difícil você ter um assunto negativo. Você abre um jornal, e abre o Unisul Ontem Hoje, para ti ver a energia que tem em um e a energia que tem em outro. Então o que me move estar aqui todos esses anos, desde a época da faculdade é isso.
Meu curso foi um curso que eu me encontrei, porque eu tinha feito administração mas sempre, como vocês podem perceber, eu falo muito - escrevo muito, falo muito - sou muito agitada para ser uma administradora. Então eu tinha uma inquietude dentro de mim "Como é que eu vou ficar horas e horas sentada na frente de um computador? Apesar de que hoje eu fico muitas horas atrás de um computador, minha dinâmica de trabalho é muito rápida, o que me permite não me enjoar e não ser um tédio trabalhar. E aí muitas pessoas falavam para mim, minha vó, meu pai, "Devia ser jornalista!". E um dia eu acordei, estava na sexta fase de administração, e falei, "Vou trancar o curso". Aí vim aqui, conversei com o Sardá, porque ele era coordenador do curso na época, e ele que disse que eu estava ficando maluca, que o campo de administração era muito mais promissor que o do jornalismo, que eu não devia trocar, mas eu falei "Eu quero!", mas ele "Ah, tu vais te arrepender" e eu falei "Não tem problema, eu quero!". Aí fiz transferência, e logo na primeira fase falei "Não! É isso que eu quero! Quero trabalhar com jornalismo e ser jornalista".
Fiz todas as áreas. Trabalhei como produtora de tv, trabalhei em rádio, trabalhei em assessoria de imprensa, trabalhei em jornal, e... site, jornalismo online, fiz tudo que eu queria trabalhar. A única coisa que ainda não fiz foi trabalhar em revista, mas, talvez, eu ainda trabalhe.

Nícolas - Seria esse um plano futuro?

Cilene - É! Talvez como assessora mesmo, montar uma revista para uma empresa, alguma coisa assim. É a área ainda que está me faltando, sabe?! Eu adoro revista. Leio revista todos os dias, e é uma coisa que me chama a atenção, o formato da revista... (ahhh! Blá, blá, blá. Todo mundo já viu uma revista)

Nícolas - Com tu te sentes, hoje, durante o teu dia-a-dia? Tu acordas disposta a trabalhar, tu sai cansada?

Cilene - Sempre disposta! Saio cansada, mas adoro. 

Nícolas - Por isso? Pela universidade, pela pipoca que tu falou que existe?

Cilene - Assim, o que me motiva a trabalhar é o novo, é essa coisa de saber que eu vou chegar no meu computador e ver, sei lá, sessenta e-mails de coisas totalmente diferentes aleatórias. E eu gosto disso, eu gosto da novidade, gosto do novo, eu gosto de interagir com pessoas.

Nícolas - O fato de não assinar os trabalhos, não te incomoda um pouco?

Cilene - Não, nunca me incomodou. Poque eu acho que quando você se preocupa muito com isso, você tem que ter um veículo teu, no caso um blog, "Não isso aqui é autoral. É meu!". Quando eu quero escrever algo que é MINHA opinião, eu faço um artigo. Aí é minha marca, sou eu que estou falando. Quando eu estou escrevendo uma matéria, genérica, que tem o quê, onde, porque - o que a gente sabe que precisa para uma matéria - eu não estou colocando muito minha opinião, estou colocando o fato, eu contextualizo o que está acontecendo, mas não tem muito de mim ali.

Nícolas - Leituras? Como que tu te atualizas, além das revista, que tu falou que gosta do formato?

Cilene - Eu tenho vários tipos de leituras. Eu gosto de ler sobre jornalismo, eu gosto de ler livros de espiritualidade, como Osho, gosto de ler sobre tecnologia, aquela revista Info, leio bastante. Gosto de ler Carta Capital, um pouco, porque eu não gosto muito de política, e ela traz alguns resuminhos para quem não gosta (risos). Gosto da revista Época. Não sou muito chegada no esporte, é uma área que não me chama muita atenção, gosto da revista Cult, Caros Amigos, Piauí.

Gessony - E a leitura do Estopim?

Cilene - Ah, a leitura do Estopim é normal né, só que assim, é aquela leitura meio dinâmica, passa o olho, às vezes chama a atenção um texto...
Mas é muito legal, como eu falo para vocês, o que é o legal de vocês é o ousar, é pegar sempre um tema novo, diversificar, o olhar né! O olhar do jovem.

Gessony - Algum colunista?

Cilene - Oi?

Gessony - Oi, tudo bem?! Algum colunista?

Cilene - (Silêncio e cheiro de óleo queimado) Não... Não tenho preferência. Eu leio bastantes colunistas, mas não vou citar nenhum porque não tem nenhum que eu diga assim "Ai! Adoro essa pessoa". Então para não falar de um sem falar do outro, prefiro não falar de nenhum. Colunismo eu leio a título de informação e não a título de idolatria.

Gessony - E dentro do Estopim? Algum aluno? (silêncio que precede a piada) Um pupilo assim como o Nícolas?

Cilene - Ahh, eu gosto... Eu não vou... Não! Aí é sacanagem. Não, nãão

Nícolas - (risos)

Cilene - Todos escrevem muito bem...

Nícolas - Acho que não hein.

Gessony - Também acho que não, mas deixa quieto.

Todos - (risos)

Cilene - Não, não, magina... Jamais faria isso, até porque, é autoral né?! Cada um tem o direito de se expressar como quer. Aí meu julgamento seria uma coisa assim... ruim né.
Tô fora!

Nícolas - O tu achas do jornal de bandeja que a gente produziu?

Cilene - Então, eu fiz um jornal bandeja, durante um ano, quase dois, o nome dele era Jornal de Carteira, e ele seguia mais ou menos a mesma linha do de vocês. Quando eu vi achei muito legal, porque é como se meu projeto estivesse retomando.

Nícolas - Foi aqui na Unisul também?

Cilene - Foi aqui. Então, assim, a gente imprimia e colocava em todas as carteiras, em todas as salas (risos). Ficava as vezes uma manhã inteira, mobilizava todo o pessoal da limpeza para distribuir os jornais, então na primeira segunda-feira do mês todos os alunos tinham um jornal de carteira. E quando eu vi o de vocês muito bacana, porque é um trabalho que facilita a informação para o aluno, ele chega ali cansado, com sono, já tem uma informação quentinha.

Nícolas - Era um movimento parecido, o de carteira? Eras aluna ainda?

Cilene - Não, na realidade eu era aluna mas já era funcionária, entendeu?! Foi um projeto que eu apresentei, para o professor Valter na época, que era o diretor do campus, ele gostou, aprovou, adorou. Então assim, eu tinha algumas matérias, como estava dentro da universidade, uma poucas matérias que eram institucionais, até para valorizar, e o resto era eventos, dicas de livro, bastante informação de aluno.

Como a borboleta que esperavamos, Cilene desviou graciosamente das perguntas mais agudas, e volteou e volteou com perguntas sem grandes propósitos. A entrevista seguiu-se ainda por alguns minutos, falando sobre as preferências literárias, as horas de leituras e as inexistentes crônicas dessa nossa Lepidoptera. Terminou sem grande revelações para nenhum dos dois lados, e acabou porque tinha que acabar.


Créditos da ilustração: Gessony Pawlick Jr.
Nícolas David e Gessony Pawlick Jr.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

O jornalista e o cobrador

Os meios são diminuídos

Trocador, cobrador, recebedor, moço da catraca qual adjetivo você queira usar para o cara que recebe seu dinheiro em troca de seu deslocamento, a proposta aqui é assimilá-lo com a imagem do jornalista e tecer um tênue cordel, que parece não ser encantado e sim em mau bocado. O tack tack das redações pouco tem a ver com o barulho oscilante dos ônibus, as feições são nada similares, as maneiras ainda menos, o que aproxima as castas é a situação enquanto profissional, o parâmetro que esta se encaminhando para sua profissão. 

Sabe-se que o diploma para exercer a profissão de jornalista caiu, mas não é este o caso, pois para ser um trocador/cobrador não é necessário ensino superior. O desdém para com essas duas formas de emprego é evidente e é eminente desvalorização com o passar do tempo. A menos valia chega com a tecnologia que hoje é capaz de substituir o homem sentado de lado no ônibus nosso de cada dia e esta depreciação, por conta das Indústrias Techs and Chics, acontece também no meio dos Hard News, já há computadores que fazem matérias basta por os coeficientes numéricos que corresponderão às estatísticas. 

Encaminhamos para auto-sustentabilidade, acabando com os mediadores entre o sujeito e seu interesse: “ Estamos conseguindo por nós mesmos, não dependemos mais de ninguém, somos “livres”. 

Isso acontece nos transportes com o bipe da maquina nos ônibus e com a ideia dos proprietários de grandes empresas em ter jornalistas que produzam um conteúdo noticioso “conveniente”. Já há revistas financiadas por marcas as quais dos mais diferentes tipos e seguimentos que exemplificam bem forma direta de comunicação, mas o fato que escancara isso de vez é a criação das tevês de cada clube. 

Não preciso mensurar o prejuízo que traria uma generalização deste conceito para saber que não trará nenhum benefício no já defasado aspecto democrático da comunicação.

Adilson Costa Jr

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Não quero ser repórter!

Palavras, linhas e parágrafos que explicam essa opção condenada por todos aqueles a quem confidenciei

Tem um monte de gente que vazou desta página pensando que eu ia fazer um texto para jornalistas. Eles não estavam errados, realmente vou, mas, entendo que deveriam ter ficado, pois vou explicar uma escolha que nasceu, ou "naisceu" - como dizem os cariocas -, depois que ouvi uns nhé, nhé, nhé na redação. E os bastidores, nesse caso, é o que eu trazia para eles.

Não quero ser repórter. A primeira vez que eu disse isso foi dentro da academia. Diante da minha insensatez a professora respondeu justamente o esperado: os melhores editores foram bons repórteres. Retruquei: o jornal perde um excelente repórter e ganha um péssimo editor. Depois dali, a aula nem valeu mais a pena.

A reação da professora foi idêntica a dos colegas da redação para quem confidenciei meu projeto de carreira. São uns jornalistas com quem costumo trocar ideias e de quem ouço incessantes e sinceras lamúrias, se é que o paradoxo é possível.

Não quero e não quero e pronto. E se o fizer não será com o mesmo prazer da sonhada edição. E a culpa é dos meus olhos e da minha percepção. Escolhi o jornalismo por acreditar que realizaria grandes viagens, conheceria histórias bonitas de se contar, mudaria a história da política com uma excelente descoberta, ou jornalisticamente abordando, com um furo, mas...

Esse era o sonho, entretanto, qual repórter tem reais condições de vislumbrar tantos sucessos na carreira? Os malucos. Eu não. Eu sonho com a edição. Ainda pretendo participar da construção da notícia, mas em outras etapas. Na pré-notícia e na notícia pronta. O resto é com o repórter.

Deixem-me ampliar a história: quero chegar à redação e me reunir com outros operários da edição, jornalisticamente abordando (novamente), os editores. Isso. Quero ser logo um editor de área. Não sei se da Geral, da Política, ou Variedades. Certamente não será do Esporte, jamais da Polícia.

Na mesa de reunião, às 10h quero imaginar o jornal do dia seguinte. Eu e outros editores sabemos que, às 14h, o jornal será outro e que, amanhã, o leitor não terá sequer uma notícia daquelas que imaginamos às 10h. Mas e daí? A cartola e a linha de apoio da matéria serão minhas e se o repórter for preguiçoso a minha criativa cabeça também terá que parir um título convincente ao leitor.

Vejo meus colegas repórteres já um tanto cansados, tristonhos e com umas olheiras feias. Só em algumas situações é que os olhos deles brilham. É quando sabem que viajarão atrás da notícia, mas quão raro é esse acontecimento. Aliás, por isso brilham os olhos deles.

Essa escolha não é um sinal de desânimo. O sonho do bom jornalismo permanece vivo dentro do meu coração, esse órgão que pulsará pela empresa, quando eu mudar minha função na engrenagem, jornalisticamente abordando (pela última vez) quando eu pensar a pauta.

E daí? Quero queimar uma parte da trama e isso não comprometerá o enredo do filme. Aliás, o lugar em que pretendo estar no auge da carreira justifica minha escolha e o mais interessante é que, como não confio em vocês não vou contar que lugar é esse.

Nícolas David

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Um adeus e um desabafo recheado de lembranças

O coração aperta e a sensação de estar deixando para traz um dos melhores laboratórios de aprendizagem que eu poderia ter participado me amedronta. A gente morre de medo do novo, de arriscar, de dar um “All-in”. Morre de medo porque é difícil sair da zona de conforto, pular para o incerto, testar outras possibilidades, experimentar novas sensações. Ter medo não é ser fraco, ao contrário. É preciso ser muito, muito forte para admitir e, principalmente, aceitar que ele existe.

Deixo hoje um pedaço de mim aqui dentro. Todas as inúmeras noites mal dormidas, as tardes de entrevistas, as conquistas e também as derrotas, de algum modo me mostraram que sempre chega um momento em que a página precisa ser virada e o livro continuar a ser escrito. Meus vínculos com o Estopim vão muito além de uma questão profissional. É um amor, uma paixão por algo que acredito que um dia pode trazer volta ao mundo o bom jornalismo. O Jornalismo que não é publicidade, não é marketing e não é audiência.

Nunca engoli essas baboseiras que saem nos jornais diários, nem esse jornalismo que é praticado nas redações. Matérias que não me acrescentam, que nada mais são do que o feijão-com-arroz requentado todos os dias, além das pessoas que deixaram morrer o senso criativo e já se entregaram a um sistema mecânico e massivo. O profissional se tornou um mero vendedor de noticias e a profissão uma máquina enferrujada de fazer a noticia.

Pela última vez estou sentada no meu cantinho aqui na redação de um desses jornais corporativos para escrever ao JORNAL que acredito ter um potencial muito maior do que hoje demonstra ter. Antônio Houaiss diz que estopim é um fio embebido em matéria inflamável que comunica fogo a uma carga explosiva; uma causa que provoca uma reação. Na minha concepção, o Estopim é muito mais do que apenas aquilo que gera uma explosão. O Estopim é um sonho, um amor, uma dedicação diária em prol de mudanças consistentes e significativas.

Por mais de quatro meses estive aqui movida por essa ideia e paixão. Uma vontade irresistível de dar voz a outras pessoas, de fazer com que o que estava sendo publicado aqui fosse o estopim de conversas, discussões. Sempre segui contextos, vozes e acontecimentos. Horácio me disse uma vez que eu tenho um defeito (não lembro bem se foi essa a palavra usada, mas foi algo assim) que o é ter resistência a dar aquilo que os outros jornais estão dando. Eu me orgulho disso, só duas vezes o Estopim fez matérias que já haviam saído nos dois jornais da ilha. Digo a Horácio que eu vou continuar me opondo ferrenhamente a seguir as pautas e agendas desses veículos. Fomos [ainda me incluindo na patota] concebidos para fazer a diferença em todas as escalas possíveis, e isso me faz acreditar que não é preciso copiar nada, nenhum modelo, sistema, esquema ou qualquer outra coisa que seja. O Estopim tem qualidade profissional e autonomia para fazer suas próprias pautas e agendas.

Já chorei, já pensei, repensei, trepensei. Já me perguntei todas as vezes imagináveis se eu não ia me arrepender dessa decisão. Fiquei horas e horas olhando texto por texto, analisando cada linha estética mantida pelo Sebastião (que eu espero que continue a ilustrar brilhantemente esse espaço). Mas sabe, de que vale ficar prevendo o futuro ou vivendo de lembranças? Se o presente é o que importa? Finalmente desisti de tentar descobrir o que vai acontecer. Dou agora o meu All-in, apostando no meu sucesso pessoal e profissional fora do Estopim. Vou atrás de outros mundos e outros sonhos.

Tenho a total certeza do potencial que esse jornal tem e por isso deixo-me a disposição para qualquer sufoco. Desejo toda sorte e sucesso, que o Estopim consiga construir dentro e fora da universidade um espaço de multiplicação de conhecimentos, polifônicos, com conexão de ideias, inteligente e pluralista. Que seja um local de convivência, troca de experiências e jamais uma estrutura física de concreto que visa a marcação territorial. O Estopim tem que praticar a ocupação espacial.

Tem um filme que eu já assisti pelo menos umas três vezes, o qual me identifico muitíssimo e que marcou muitas das coisas boas que me aconteceram nos últimos meses: O Fabuloso Destino de Amelie Poulain. Dentre todas as inúmeras frases que ficaram marcadas na cabeça, uma em especial encerra um ciclo que, ironicamente, foi iniciado com a mesma: “Nada impede. O inesperado acontece”.




















Thaís Teixeira

terça-feira, 24 de julho de 2012

Ideologia, eu quero uma pra viver

O Conflito das Ideologias esclarece e negocia uma autonomia e então debatemos, mas cabecinha ou cabeção, toda opinião é uma sugestão

Beatriz Kushnir em seu livro Cães de Guarda diz que após o regime militar do Brasil todos os jornalistas tornaram-se censores de si próprios, por medo da represália feita pela ditadura, e também se refere aos jornalistas que propagandeavam o modo ditador de governar um país como algo benévolo à população. A autora traz na introdução do livro a seguinte frase: "O objetivo é iluminar um território sombrio e desconfortável: a existência de jornalistas que foram censores federais e que também foram policiais enquanto exerciam a função de jornalistas nas redações".

É reconhecida a ligação entre jornalista e jornal, e, por conseguinte, jornais e instituições. Tudo o que sai nos periódicos é aquilo que é de interesse do Editor-Chefe assim como trata a teoria do Gatekeeper, ou Teoria da Ação Pessoal, que tem suas primeiras definições já em 1950 por David Manning White. A relação entre jornais e organizações não é recente, essa referência é feita pelos jornalistas desde o reconhecimento das grandes mídias como tais e, parafraseando as linhas de Cremilda Medina em Notícia um Produto à Venda, o Brasil sempre teve sua imprensa ligada a dogmas sugeridos por outras instituições, que tenham um interesse de divulgar determinado acontecimento para induzir o leitor a pensar daquela, ou desta forma, seja esta uma organização política, em épocas de regime repressor, ou privadas, corroborando com as críticas de hoje, e subjugando a população como massa acrítica.

Na obra de Nélson Jahr Garcia, Propaganda: Ideologia e Manipulação há um conceito para justificativa do controle ideológico:
Por mais que um grupo elabore sua ideologia, ocultando que se refere exclusivamente a seus objetivos, para obter o apoio dos demais, é possível que estes acabem por adquirir consciência de sua própria posição na sociedade e de que seus interesses são diversos. Nessa hipótese, poderiam formular outra ideologia, mais adequada às suas condições, que os levaria a agir em sentido diverso daquele pretendido pelos emissores da propaganda. Por essa razão, os grupos que propagam suas ideias, geralmente procuram evitar que os receptores possam perceber a realidade por outro prisma que não aquele que lhes é proposto. Fazem isso tanto impedindo a formação de outras ideologias como neutralizando a difusão das já existentes. O controle ideológico compreende todas as formas utilizadas para que determinados indivíduos e grupos não tenham condições de perceber sua realidade e, assim, fiquem impedidos de formar sua própria opinião. (Capítulo: Controle ideológico disponível no Ebook Brasil)
O conflito das ideologias referenciado por Louis Althusser, diz que mesmo a maior ideologia manipulando as outras também manipulam, ou seja, ir contra uma Ideologia Manipuladora é entrar em outra menor, mas ainda assim manipuladora.

Adilson Costa Jr.