quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Nivelando por baixo

Confesso que não consigo compreender a histeria das pessoas com relação ao Big Brother Brasil. É assunto da moda, todo início do ano (época em que geralmente o programa global é transmitido), criticá-lo, dizendo que “estimula a burrice”, que “não agrega nenhum conteúdo cultural aos telespectadores”, que é “um festival de baixarias”, além de outros inúmeros argumentos que o taxam como o mais fétido programa da TV brasileira. Nas redes sociais, há gente pregando o boicote à Rede Globo, caso ela mantenha o programa no ar nos próximos anos. Por e-mail, já recebi de pelo menos sete pessoas, um texto, supostamente assinado por Veríssimo, dizendo que tal espécie de reality show, “não é um programa cultural, nem educativo, não acrescenta informações e conhecimentos intelectuais aos telespectadores, nem aos participantes” – como se fosse o único da face da terra.

Agora com certeza você, internauta, está se questionando se sou fã desta espécie de programa e se dou audiência a este tipo de jogo – alguns leitores, com certeza, o farão com certa perplexidade.

Não, não tenho por hábito assistir, até porque, no horário em que é transmitido, geralmente não estou em casa – e, ainda que estivesse, preferiria recorrer à internet para me distrair ou adquirir o tal “conteúdo cultural” antes de dormir – acho interessante o termo “conteúdo cultural”, as pessoas o citam como se a televisão fosse, de fato, o melhor meio para adquiri-lo.

O que questiono é o fato de que, a grande maioria destas pessoas que reclamam da audiência do Big Brother Brasil, não assistem a programas muito mais culturais, intelectuais ou educativos, até porque, nesta faixa de horário, não há nada neste sentido. As outras opções, em canais da TV aberta (TV a cabo ainda é luxo no Brasil), seriam o genial Programa do Ratinho, no SBT, ou, então, os educativos programas da Hebe ou da Luciana Gimenez, na RedeTV!, sem falar na inteligentíssima novela Vidas em Jogo, na Rede Record, que agrega muita informação e conteúdo indispensável ao telespectador. Ah, não posso esquecer de citar o programa Mulheres Ricas que ensina boas maneiras e dá ótimas dicas de viagens e compras na rede Bandeirantes!

Os que não estão assistindo a isto, estão por aí replicando, compartilhando e retuitando mensagens anti-BBB – sim, quanta cultura eles estão propagando!

Ora, internauta, a grande verdade é que a população brasileira está ferrada – eu ia utilizar outro termo, mas preferi optar por ‘ferrada’ com medo de que a censura me demita do Estopim – se espera, de fato, que a televisão ensine, eduque ou forneça cultura e inteligência às pessoas.

O Big Brother é, sim, um programa ruim, mas não há nada muito melhor na TV brasileira nesta faixa de horário. O nivelamento se dá por baixo. Não adianta fazer uma manifestação estrondosa nas redes sociais questionando aqueles que assistem ao BBB, se estes que questionam não apresentam opção melhor na TV. A campanha deveria se dar contra toda a programação da televisão brasileira.

E não adianta vir com demagogias e utopias, no estilo “troque a TV por um livro”, pois sabemos que a população ainda é preguiçosa e não atenderá à “recomendação”.

Antes de qualquer coisa, é necessário em nosso país rever a formação básica, investir na qualidade de ensino, valorização dos professores, para que possamos contar com uma população mais crítica e seletiva. Esta mudança cultural no Brasil deveria estar sendo encabeçada por programas educativos, bem elaborados, em horário nobre na TV, para que, gradativamente, fossem sendo substituídos por estes que nada acrescentam.

Enquanto isto não acontece, o jeito é desligar a TV.

Leonardo Contin da Costa

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