sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Aqui a justiça tarda e falha!

Rafael Medici

Tudo começou no dia 02 de outubro de 1992, quando, no Pavilhão 9 (último dos pavilhões), houve uma briga entre os apenados de gangues opostas. O motim tentou ser controlado, porém, sem sucesso. 
A Polícia Militar foi chamada e, algo em torno de uma hora depois, foi autorizada a invadir o Pavilhão. Logo no primeiro andar, onde não houve  mortes, o Coronel Ubiratan Guimarães, líder da tropa, foi ferido e retirado do local. Luiz Antonio Fleury Filho, então governador de São Paulo, afirma que a notícia de que Ubiratan teria morrido se espalhou entre seus comandados.

Daí em diante, foram mais quatro andares, totalizando 20 minutos de ação dos PMs.

O Governo anunciou 8 mortes na invasão, quatro horas após o acontecido e só no outro dia, meia hora antes do fechamento das urnas do primeiro turno das eleições municipais, é que publicou o saldo total da operação: 111 mortes.


Contudo, afirma-se que os números oficiais não são reais. Segundo a perícia, somente 26 das vítimas foram baleadas fora da cela e nenhum dos 68 policiais que estavam envolvidos foram mortos.

Na versão dos detentos sobreviventes, foi dito que todos estavam nas celas e desarmados quando a Tropa de Choque adentrou ao local. Já os policiais disseram que os presos estavam armados e formando uma tocaia.

Os sobreviventes tiveram que carregar os corpos para a galeria, no 1º andar.

Todo este episódio teria catalisado o processo de formação da facção criminosa PCC.

O coronel responsável pela operação foi julgado e condenado a mais de 630 anos de prisão, só que: não passou um dia na cadeia e acabou absolvido pelos crimes por uma revisão criminal embasada em um equívoco na sentença proferida em Tribunal do Júri. No ano de 2006, Ubiratan foi morto no seu apartamento.

Tudo isso nos mostra que o sistema judiciário brasileiro costuma tardar demais. E não adianta dizer que “tarda, mas não falha”, pois neste caso, essa expressão é totalmente esdrúxula inserida no contexto referente aos 20 anos, seis meses e 19 dias em que se passaram até que fossem condenados, em abril deste ano, 23 policias militares e mais 25, na madrugada de 3 de agosto, que participaram da invasão e do massacre na Casa de Detenção de São Paulo, vulgo Carandiru.

Em abril, a pena foi de 156 anos de prisão por 13 homicídios no 1º andar do Pavilhão 9 e em agosto, a pena foi de 624 anos por 52 homicídios no 2º andar da cadeia.

Ainda faltam os julgamentos dos participantes pela invasão dos outros dois andares. A justiça no Brasil está tão morosa quanto a política.

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