Maria Eduarda Silveira
Não tem coisa mais trabalhosa do que ser mulher e não é à toa
que nós, brasileiras, estamos ocupando a quarta posição no ranking das mulheres
mais estressadas entre 21 países, ficando atrás somente da Índia, do México e
da Rússia, segundo estudo da organização International Stress Management
Association (Isma). Dentre as causas mais prováveis para todo esse estresse,
está a sobrecarga de trabalho e tarefas cotidianas. Mas, apesar de preocupante,
essa pesada rotina à qual somos submetidas não é tão ruim quanto parece.
Nada mais justo que começar pelo início: na maternidade. Mal
nascemos e, já enroladas em nossas mantinhas rosa, temos as orelhas furadas por
dois brinquinhos de ouro. Fica lindinho e tudo o mais. Ok, mas pra que tão cedo?
Aí é que certamente começam os primeiros indícios do quanto nós, esses seres de
muitas fases, ainda vamos “sofrer” na vida. Na infância, aprendemos não
só a brincar com as bonecas (ou seja lá qual for o brinquedo), como também
temos o primeiro contato com esmaltes, maquiagens e a eterna dúvida na escolha
das roupas. Afinal, que atire a primeira pedra a menina que nunca quis trocar a
bermudinha sem graça do colégio por alguma roupa diferente, e chamar atenção
daquele menino bonitinho da sala.
Mas é a partir da adolescência que é dado início ao nosso
martírio. A menarca, o primeiro beijo, os primeiros amores, as primeiras festas
e, finalmente, as primeiras grandes responsabilidades. Nós somos filhas, mães,
irmãs, amigas e carregamos conosco diversos deveres e obrigações, para que,
enfim, tenhamos o merecido reconhecimento por tudo o que fazemos.
Nós, em geral, somos vaidosas. Não basta a dúvida na hora de
escolher a roupa, ainda temos que aprender a cuidar dos cabelos, fazer
sobrancelha, tirar as cutículas (e tentar poupar nossos dedos dos inevitáveis
“bifes”), pintar as unhas (e decidir entre Paris e Melancia), nos maquiar (e
aprender para que serve cada um daqueles pincéis), lavar a louça, passar roupa,
limpar a casa, costurar e a andar num salto de 15 cm. Sem esquecer a nossa
fiel companheira: a TPM, que nos tira do sério, deixando-nos sensíveis,
inchadas e extremamente gulosas.
São muitas coisas para dividirmos a
atenção e dedicação e confesso que nem sempre é tão simples – nem tão frágil –
quanto parece. Mas costumo olhar sempre o copo meio cheio. No fim, a
recompensa acaba aparecendo, nem que seja na forma de satisfação pessoal – que,
convenhamos, já é bom o bastante.
Lutamos pela igualdade e – ufa!- já estivemos mais longe de
alcançá-la. Cuidamos de nós, dos outros, da casa e estamos conquistando, cada
vez mais, um relevante espaço no mercado de trabalho. (Um viva pra nós!) A
nossa preocupação com tudo e todos é inquestionável, bem como a cobrança da
sociedade para com a gente. Agora, me diz, quem, em sã consciência, não ficaria
estressada com tudo isso?
Um comentário:
Adorei o testo!!! Além de muito bem escrito, só as mulheres entederão tudo perfeitamente. Os homens ficarão atordoados com nossa capacidade. Tenho certeza que você vai longe Maria Eduarda.
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