sábado, 10 de março de 2012

Sonambulando

A maioria dos profissionais da saúde mental se referem ao sonambulismo como um “distúrbio de excitação”. Mas o que isso significa? A ciência ainda não descobriu qual o agente causador, no entanto algo faz com que o cérebro desperte do sono profundo (NREM) e fique no estado entre a vigilância e o repouso. O distúrbio acontece mais em crianças entre de 5 e 10 anos, sumindo gradativamente até a adolescência.

Funcionamento do sono de um sonâmbulo

Antes de mais nada, precisamos entender quais as fases de nosso sono. Quando estamos cansados, sonolentos e deitamos na cama, estamos na primeira fase, chamada REM. A sigla, em inglês, quer dizer “Rapid Eyes Movement” ou “Movimento Rápido dos Olhos”. Ou seja, nessa etapa ocorre o bloqueio dos neurônios motores para que o corpo não comece a gesticular o que está imaginando. É neste momento que ocorrem os sonhos, pois o cérebro está em constante atividade, ainda não conseguindo chegar ao repouso. Dura o início da noite e oscila até o fim com a fase NREM ou NÃO-REM. Esta outra é onde acontece o sono profundo. Nela há uma certa dificuldade em acordar a pessoa, já que seu cérebro cessou as tarefas e está em repouso. Dura cerca de 20 a 40 minutos, voltando aos outros estágios. Resumindo: Na fase REM (movimento rápido dos olhos), temos um cérebro agitado, mas um corpo sonolento. Na fase NÃO-REM (sem movimento rápido dos olhos), seu cérebro está sonolento e seu corpo agitado.

Quando seu cérebro está sonolento e seu corpo ainda com capacidade de movimento é a etapa em que pode ocorrer o sonambulismo (que tem a possilibidade de durar de segundos a meia hora). Durante o dia o corpo e a mente mantêm um constante trabalhar, mas na hora de dormir eles nem sempre caminham juntos. O distúrbio acontece no terceiro e quarto estágio do sono profundo, quando as ondas cerebrais são muito lentas. Com isso, a pessoa pode chegar a sentar na cama, caminhar pela casa, sair dela ou até mesmo causar acidentes. O maior cuidado são os perigos da casa, pois o sonâmbulo tem apenas uma noção parcial do ambiente, podendo cair de escadas, janelas e elevadores.

A famosa história de não o acordar é um mito, mas também não vá assustá-lo. O ideal é levá-lo devolta para a cama e deixá-lo repousar. As sessões não costumam se repetir mais de uma vez por noite. Outros ditos populares como os que estão colocando em prática o que sonharem e relacionarem a epilepsia são errados. O distúrbio ocorre na fase mais profunda do sono, onde não existem atividades significativas. E a epilepsia é relacionada a outra área e não com o fato de ser sonâmbulo.

É mais comum acontecer em crianças, onde ainda estão passando por fases de amadurecimento e desenvolvimento cerebrais, enquanto nos adultos tudo já está formado. O índice é maior em meninos e costumam desaparecer no início da adolescência. Portanto se uma criança apresentar um quadro de sonambulismo é considerado comum na faixa etária. Agora, se for adulto, deve se aprofundar os motivos, pois podem estar associados a estresse e outras doenças.

Outros distúrbios do sono

Para quem imagina que só existe este tipo de problema na hora de dormir, está muito enganado. Há vários outros que podem chegar a ser bem desagradáveis, como : distúrbio de comportamento no sono REM (é semelhante ao sonambulismo, mas o indivíduo age ainda no período em que os músculos não deveriam se mover de maneira nenhuma. São pessoas, em geral, que reagem aos sonhos), a sonofagia (um transtorno em que a pessoa, dormindo, vai até a cozinha para comer. Elas normalmente acordam com migalhas sobre a cama e começam a ganhar peso sem motivo aparente) e por último o fenômeno do comportamento sexual sonâmbulo (a pessoa que sofre dessa condição pode se tocar de maneira sexual ou até mesmo iniciar uma relação com outro ainda adormecida. Elas só chegam a descobrir se o próprio parceiro contar ou um colega de quarto).

Os mistérios de nosso sono ainda são inúmeros e só nos resta fechar os olhos e sonhar. Não é?

Rafaela Bernardino

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