sábado, 12 de novembro de 2011

A aceitação do irremidiável

O nosso inconsciente não admite a ideia de morte. Em nosso inconsciente temos a certeza plena da nossa imortalidade.
Elizabeth Kilbey Host

A perda é algo que não agrada ninguém. O instinto competitivo do homem faz com que vá em busca de seu "eu", acreditando por idealismo na conquista de espaço e sucesso. Sua meta é vencer ou vencer. Inclui-se nisso a realidade da morte, existindo a não aceitação de que você foi “derrotado”.

A Psicóloga especialista em casais e famílias, Suzanna Amarante Levy afirma que: “falar de dor não é nada fácil e que, de fato, causa sofrimento. Mas as pessoas se esquecem de que esse sofrimento, na verdade, já existe”. Esta afirmação nos faz pensar que o medo de uma futura perda causa bloqueios na mente, na qual procura evitar pensar no assunto. A maioria das pessoas só pensam em coisas que fornecem prazer e afastam tudo o que possa ser doloroso. É um mecanismo natural.

Superar uma morte próxima, para alguns, chega a ser impossível. O Psiquiatra do Hospital das Clínicas de São Paulo, Eduardo Ferreira Santos pondera:

"Elas podem passar a ter um quadro, que pode ser leve, moderado ou severo, mas um quadro de transtorno de ansiedade, caracterizado por muito medo, caracterizado por uma hiper vigilância (...)

Existe o medo do nada, do vazio que a presença do outro irá causar na rotina dos demais, e é aí que mora o perigo. Há esse tabu na hora de se falar em morte, da partida de alguém, no entanto é importante desembaraçá-la das sombras para encará-la de frente, afinal todos devem continuar seus caminhos. A morte é um processo natural da vida, no qual todos estão cientes desde pequenos. O descansar das almas virá para entes queridos, amigos e até para nós mesmo. Pensar em nossa morte não parece estranho? Mas é algo que virá, cedo ou tarde.

O assunto é tão delicado, que despertou o interesse de vários médicos brasileiros como Evaldo Alves D’Assumpção, Médico e Biotanatólogo, que criou a Sociedade de Tanatologia de Minas Gerais (SOTAMIG). Mas o que seria Tanatologia? É a ciência que estuda a relação do homem com a própria morte e com a do outro, adquirindo conceitos e questionamentos para compreensão do comportamento humano em relação às perdas e lutos, levando-nos a refletir sobre nossa própria finitude e existência.

A questão da superação também é vinculada ao grau de ligação que a pessoa possuía com a outra. Indivíduos que perdem irmãos gêmeos, por exemplo, têm características de solidão bem acentuadas. A ONG Lone Twin Network - criada pela Psicoterapeuta britânica Woodward - ajuda a compartilhar experiências de grupos que passaram pela mesma situação. Uma das integrantes compartilha a sensação da morte de seu irmão gêmeo Arnold:


"Faz 15 anos desde que Arnie morreu e ainda me sinto tão machucada. (…) Ele era meu amigo, minha alma gêmea, parte de mim. (…) Quando você tem um gêmeo, de certa forma há uma aceitação completa de que ele é uma parte de você. E essa parte hoje está faltando.
O mais importante, segundo os especialistas é passar pela dor e experiência de perder um ente querido. A maioria dos seres humanos transformam desvantagens em vantagens, e assim, o luto pode ser um grande processo de crescimento e descoberta individual. E lembrem-se: o que não tem remédio, remediado está.

Rafaela Bernardino

2 comentários:

José Hunaldo de Souza disse...

A Vida é Dor

A vida é dor. Quem vive deseja, quem deseja sofre.
Enquanto nos sentimos bem, somos como ovelhas saltitantes no prado em uma bela tarde, sem percebermos que lá da cerca, o açougueiro, (a morte, observa qual delas será sacrificada amanhã.
A vida nada mais é que uma batalha com a certeza de que seremos vencidos; esta batalha tem seu início, quando nossos genitores nos lançam ao mundo sem pedirem nosso consentimento.
Não é o nascimento, o início de todo o processo de morte?
Quando homens e mulheres se conscientizarem que a procriação é em si mesma, a fonte de toda mortandade, então abdicaremos da perpetuação de nós mesmos; seremos tidos como seres realmente racionais e a morte estará vencida.

José Hunald de Souza

José Hunaldo de Souza disse...

A Vida é Dor

A vida é dor. Quem vive deseja, quem deseja sofre.
Enquanto nos sentimos bem, somos como ovelhas saltitantes no prado em uma bela tarde, sem percebermos que lá da cerca, o açougueiro, (a morte, observa qual delas será sacrificada amanhã.
A vida nada mais é que uma batalha com a certeza de que seremos vencidos; esta batalha tem seu início, quando nossos genitores nos lançam ao mundo sem pedirem nosso consentimento.
Não é o nascimento, o início de todo o processo de morte?
Quando homens e mulheres se conscientizarem que a procriação é em si mesma, a fonte de toda mortandade, então abdicaremos da perpetuação de nós mesmos; seremos tidos como seres realmente racionais e a morte estará vencida.
José Hunaldo de Souza
filosofo1958@uol.com.br