terça-feira, 24 de setembro de 2013

Rock in Beiramar, um projeto para o futuro

Fernando Schweitzer



Podíamos fazer em Floripa o Rock in Beiramar, mas só com artistas locais e um convidado nacional por dia. Alguém sabe o preço de uma entrada comum no evento carioca, que prefiro não nominar? Pô, se o rock é rebeldia... fica meio difícil ser rebelde com mais de 300 contos só para entrar em um show.
A indústria cultural ou de entretenimento por si só não é sempre um mau, mas quase em 99% acaba sendo. O iluminismo como mistificação das massas no ensaio Dialética do Esclarecimento, de 1942, publicada somente em 1947, Theodor Adorno e Max Horkheimer já nos salgaram a santíssima ceia do voyerismo patológico contemplatório das peripécias do entretenimento vil e vulgar travestido de cultura.

A indústria cultural idealiza produtos, adaptando-os ao consumo das massas de manobra travestidas de ser humano, e causando, inconscientemente, sobre o status quo de inconsciência das coletiva. Ela pode ainda ter função no processo de acumulação de capital, reprodução ideológica de um sistema, reorientação de massas e imposição de comportamento.

Temos 2 ícones deste tipo de produção massificada e de nível raso de necessidade intelectual para assimilação de "arte". Hollywood e sua mega industria de enlatados, séries, filmes de humor chulo e e de catástrofe. No perímetro local, temos a Rede Globo, com suas novelas de padrão "internacional", filmes em co-produção com artistas exclusivos de sua empresa, séries humorísticas de comicidade torpe e falha.

Os rapazes no bar da esquina hoje infelizmente não comentam o resultado do Festival Nacional da Canção ou da MPB, ou da Record, ou da Excelsior. Uma postura de super valorização da arte Kitsch hoje traz nossos moços e moças a comentar o Premio Tim, Trofeuzinho do Fastão VMI, Grammy e outras pretensas premiações a músicos.

Para ninguém se perder, Kitsch é um termo usado para denominar uma nova forma de arte: a pseudo-arte. Com o surgimento da nova classe média e a grande demanda informacional, tornou-se necessário à cultura e a arte uma adaptação ao seu novo público e a produção em massa. Isso claro, para os nossos filólogos alemães da querida Frankfurter Schule, chulamente conhecida como Escola de Frankfurt.

Vamos começar a organizar então o Rock in Beiramar? Esperando claro que ele não se perca como o festivalzinho carioca no passar dos anos. Que juremos não estarem presentes no evento cantores de Punk, Funk, Axé, Vanerão, Xaxado, Forró... Nada contra, mas para não descaracterizar o evento.

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