segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Cultura, Política e Diversão: Um Experimento!

Ivan Luis Tonon

Vá se divertir quebrando um carro!
Vá fazer política assistindo High School Musical!
Vá fazer cultura misturando argamassa para encher a laje do barraco junto com seus filhos, chame também suas ex-esposas.

Mas o que você está dizendo?
O que você está lendo?

É a vida vai muito além, até o infinito. Mas somos ignorantes de coisas simples que nos batem cotidianamente. A diversão é necessária é o tempo convivial, que não é medido em segundos, mas em risadas, onde nos vemos em perspectiva. Mas nem tudo é diversão - alguém já disse isso. Depois do tempo não quantificado chega o momento de sentar a cabeça no trabalho, no estudo, em busca de um objetivo distante, sempre distante. Diploma, dinheiro, poder, um novo sofá...

Aí você pensa: por quê?

Por que eu não me divirto o tempo todo?
Logo um carro quebra na sua frente.

É uma manada de bois enfurecida, alguém queimou o pasto onde eles se alimentavam calmamente. Esses bois são anarquistas, esses bois são socialistas, ou são capitalistas querendo mais capim. E você estava a caminho de casa para assistir High School Musical.

São palavras ao vento?

Vargas Llosa, o escritor Nobel de Literatura talvez pense diferente.

"A cultura procura hoje, mesmo que não o deixe explícito, sobretudo divertir, entreter. E tradicionalmente não era essa a função da cultura. A cultura tentava responder às grandes perguntas: que fazemos neste mundo? Temos um destino ou não? Somos realmente livres ou somos seres movidos por forças que não controlamos?"

A relação entre o carro quebrado, o tempo e a diversão, que hoje tento fazer como um experimento um dia já foi um fato.

Política é o que fazemos todos os dias, para Aristóteles o que nos diferenciava dos outros animais era a nossa capacidade de ser e pensar, o que é fundamental para a organização social e política.

A diversão e a economia, o materialismo e o riso, o consumismo e a racionalidade que nos permite construir coisas talvez não seja suficiente para nos diferenciar dos outros animais. Aristóteles achava que o aspecto político era o que nos diferenciava. 

Era outro momento, o comprometimento de quem tinha direitos era algo compulsório.
Hoje todos têm direitos, mas ninguém tem obrigação de exercê-los, você tem liberdade de expressão, de associação e mais um monte, mas é incentivado a não fazê-lo. 

A vida é curta!
Os bons morrem jovens!

Mas os bois chegam insatisfeitos e destroem sua casa, aí você percebe que o seu direito foi exercido por alguém, que a cultura que você consumia fazia mais do que te entreter, que a política de todos também é sua e que tudo isso está ligado.

Ligado em você e também na TV.

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