quinta-feira, 5 de setembro de 2013

G20: O Brasil não é Irã, muito menos a Rússia?

Fernando Schweitzer

Dono do Clube Lighthouse Cabaret, em Sochi, cidade russa que será sede dos Jogos Olímpicos de Inverno de 2014, recentemente relatou em matéria a BBC a nova realidade na União Soviética. Ai... Agora é Rússia putianesca-capitalista, em matéria de 2 de setembro, 2013.

"Muitos gays mudaram o jeito de se vestir, removendo brincos, mudando o estilo do cabelo, para evitar problemas. Mesmo nos tempos de União Soviética, onde homossexualidade era uma ofensa criminal, os gays eram tratados melhor do que hoje em dia na Rússia. Pessoas comuns nos veem como criminosos. Eles nos odeiam". - afirma Andrei Tanichev.

Nós do ocidente que recebemos por décadas de imposição imperialista os costumes antes tidos como avançados e democráticos, hoje claramente pós-neoliberalistas, devemos abrir os 3 olhos. De perigo comunista, a um ápice da liberdade de ultra-direita legalmente reconhecida? Essa é a Rússia moderna que não apareceu na recente emissão do programa da Band, O mundo segundo os Brasileiros.

A matéria da BBC afirma que atos de homossexualidade entre homens foram descriminalizados na Rússia em 1993. (Entre mulheres eram permitidos?)




No bom estilo Dom Feliciano

Uma lei assinada pelo presidente Vladimir Putin em junho deste ano. A legislação russa bane a divulgação de informações sobre "orientação sexual não-tradicional" para os menores de 18 anos, o que acaba definindo a homossexualidade como uma ameaça para crianças e para a família.

Como que não sei. Eles devem acreditar mesmo que ser hétero não é algo pleno, pois é um comportamento que pode ser influenciado por comportamentos não ortodoxos. Agora vejamos. Se cada homossexual que desde o ventre tenta ser adestrado por sua família para ser heterossexual, fosse influenciado... Não teríamos segundo sensos oficiais 12,78% da população mundial de LGBTs.


Vladmir Hitler

As imagens mais absurdas do regime bucéfalo-nazista-alemão foram registradas pelos próprios agentes da SS, polícia alemã nazista que seguia ao chanceler eleito, o que equivalia na Alemanha do século passado na década de 20, ao presidente da república.

Como Afolfito, Putin também foi eleito. E as similaridades continuam. Putin além de falar alemão fluente, deve ter lido Mein Kamp f(Minha Luta) onde o nosso arianinho-alemão tão querido, desvela a verdadeira natureza de seu caráter. Hitler divide os humanos com base em atributos físicos e psicológicos. Ainda afirma ele que os "arianos" estavam no topo da hierarquia, e confere o fundo da pirâmide aos judeus, polacos, russos, checos e ciganos. Segundo ele, aqueles povos se beneficiam pela aprendizagem com os superiores arianos. Putin e Feliciano creem que os héteros estão no topo.

Hitler também afirma que os judeus estão a conspirar para evitar que a raça ariana se imponha ao mundo como é seu direito, ao diluir a sua pureza racial e cultural e ao convencer os arianos a acreditar na igualdade em vez da superioridade e inferioridade. Ele descreve a luta pela dominação do mundo como uma batalha racial, cultural e política em curso entre arianos e judeus. A suposta luta pela dominação mundial entre essas duas etnias foi aceita pela população quando Hitler chegou ao poder. Putin e Feliciano creem que as sapas e os veados são os atuais conspiradores.

Comunistas não comem criancinhas

Ainda em 1930 Mark Serejskij, perito médico, podia descrever naGrande Enciclopédia Soviética que proferiu outrora: "A legislação soviética não reconhece crimes ditos contra a moral. As nossas leis partem do princípio da defesa da sociedade, e portanto prevêem uma punição somente naqueles casos nos quais o objeto de interesse homossexual seja uma criança ou um menor de idade…". Há de considerar que a maioridade em casos como aptidão para o trabalho se dava aos 14 anos.

Os motivos para a criação da lei se baseado em ações da igreja católica ortodoxa russa e do estado para forjar uma identidade nacional baseada em valores conservadores de direita é claro. Onde não há espaço para nenhum liberalismo ocidental de ideias, sejam sociais, políticas ou sexuais.

"Por que nós devemos respeitar todas as suas tradições se vocês não respeitam as nossas?", questiona o parlamentar de São Petersburgo, Vitaly Milonov, um dos arquitetos da nova legislação. Pena que ele seja ignorante a sua própria história. Aí pensamos por devaneio que Marco Feliciano e homófobos brasileiros deve ter origem neo-russa.

A história recente, ou quase é controversa a essa falha argumentativa de Milonov. A Revolução de Outubro, também conhecida como Revolução Bolchevique ou Revolução Vermelha, foi a segunda fase da Revolução Russa de 1917, depois da Revolução de Fevereiro do mesmo ano. Começou com o golpe de estado, liderado por Vladimir Lenin e pelos bolcheviques, contra o governo provisório, em 25 de outubro daquele longínquo ano.

Anteriormente, até à época de Pedro, o Grande, a homossexualidade, na Rússia, era tolerado mesmo se sancionada pela Igreja Ortodoxa. Todavia, em 1706 foi instituída a fogueira para qualquer um que fosse descoberto em uma relação homossexual. Em 1917 com a Revolução de Outubro e, graças à intervenção dos cadetes (KD, Partido dos constitucionalistas democráticos), a homossexualidade foi finalmente descriminalizada. Os Bolchevique se demonstraram contrários a esta nova forma de liberdade, provavelmente porque tinham, em geral, uma postura sexófoba.

Economia capitalista com estratégia Stalinista

De volta ao clube gay em Sochi, o dono Andrei acredita que o debate sobre homossexualidade é desenhado para distrair os russos de outros problemas sociais e para unir o país em apoio ao governo. Se por um lado o regime comunista pregou por décadas a separação total do estado a igreja, hoje a república metade asiática, e ainda não expulsa da União Européia volta à idade das trevas.

"Ações agressivas para aceitação de valores é injusta. Nós não falamos para a rainha da Inglaterra para não assinar a lei de casamentos gays no seu país. Nós não temos o direito de fazer isso, porque nós respeitamos a sua independência. Por que vocês não respeitam a nossa?", ressalta o deputado Milonov. O que vai ao encontro do pensamento liberal do militante Andrei Tanichev "O cidadão russo médio, sentado em casa assistindo TV agora entende contra quem ele precisa lutar, quem é o inimigo", disserta.

As primeiras repúblicas a abolirem os artigos contra o homossexualismo foram, depois da desagregação da União Soviética, a Lituânia, a Letônia, a Estônia e a Ucrânia, mas a necessidade de obter um lugar no Conselho Europeu e portanto de mostrar uma Rússia nova e liberal, induziu Boris Yeltsin a abolir com a emenda de 29 de abril de 1993 o art. 121, mas mantendo os crimes ligados à violência e à coação.

Ainda tentando adequar-se a modernidade ocidental, em 1993 a homossexualidade, depois da reforma geral do código penal, ainda era contemplada no art. 132, intitulado "homossexualidade ou satisfação de paixão sexual em outras formas pervertidas". Em compensação, com a redação de um novo artigo, se falou pela, primeira vez, de igualdade de gênero, frente aos crimes sexuais, e a maioridade sexual, foi estabelecida para todos, homens e mulheres, homossexuais e heterossexuais, à mesma idade, 14 anos.

O inimigo de hoje são paradoxalmente os ocidentais e os gays, por intermédio de países ocidentais que apoiam aos homossexuais. E quanto mais o ocidente apoia os gays na Rússia, mais os russos nos odeiam, porque o conceito mais aceito aqui é o de que o ocidente representa o mal. Na ultima parada gay Russa alguns ativistas em favor dos gays carregavam faixas dizendo "A Rússia não é o Irã", em referência à política de intolerância contra os homossexuais praticada pelo governo de Teerã.

Aqui do país da cura gay ficamos esperando as resoluções do G20, e que a Dilmão ofereça a exemplo da Argentina, asilo político-sexual homossexuais russos. Talvez nas próximas paradas eu leve uma faixa parecida a soviética. "O Brasil não é Irã, muito menos a Rússia.". Vai que cola!

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