segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A imprensa merece uma estátua na Praça XV

O Faísca
Fazia frio demais e
resolvemos partir!

Roubaram os bustos de ilustres cidadãos que há anos viviam estáticos na Praça XV. A reclamação e o burburinho procedem, visto que as “autoridades” notaram o “sumiço” dos cânones ilhéus um pouco tarde. Os jornais estão revoltosos com a ação dos bandidos, tanto a grande imprensa, quanto os articulistas das redes sociais repercutem o acontecimento histórico recriminando o desrespeito à memória da capital dos manés. Os humoristas e chargistas locais também, eles perdem a razão, mas não a piada.

O foco é o descaso dos nossos administradores e dos órgãos irresponsáveis que demoraram a perceber o “causo”. O fato é que as estátuas, há muito, sofrem perseguição neste país. 


Em Copacabana, Carlos Drummond de Andrade teve seus óculos roubados inúmeras vezes. Sem enxergar, é impossível colaborar com a perícia e descrever os bandidinhos num retrato falado. Drummond ganha novos óculos e depois é roubado novamente. 

O Escritor Jorge Amado também sofreu atentados na Bahia. A calma e pacífica Bahia dos baianos. O busto era uma homenagem ao centenário de nascimento do autor, comemorado em 2012. O monumento não durou três dias intacto e há quem diga que as personagens de Capitães da Areia são os autores do atentado.

Getúlio Vargas, o ditador mais querido do Brasil também sofreu. A placa de uma das tantas estátuas do tio Gegê foi roubada na cinelândia. Noel Rosa, o Poeta da Vila, também foi roubado. Levaram até o copo de cerveja do queixinho. O terror está a solta, de Nordeste a Sul desse país!

No caso dos quatro bustos catarinenses, a imprensa não está ajudando muito. Falta que ela revele quem são os quatro homens que viraram “importantes” estátuas. Falta que ela nos responda porquê Cruz e Sousa se escreve com S e não com Z. Qual o simbolismo desse furto? Nenhum! 

Estátuas novas serão recolocadas no devido local e provavelmente estas serão enjauladas para que sacripantas não voltem a levá-las. Ou, câmeras serão colocadas no local, como ocorreu com Drummond que agora é vigiado 24 horas por dia no seu estado estático para continuar enxergando as belezas de Copacabana.

Era necessária a ocorrência de um furto em plena Praça XV, (ou será que foi roubo e que os bustos foram ameaçados?) para saber que a história local não é preservada, cultivada e talvez não exista? 

A mesma imprensa que derrama sua raiva sobre os administradores locais, é uma imprensa para quem os cadernos de variedades não têm a mínima importância. Esses caderninhos vendem atrações culturais pífias e contam pouca história realmente importante. Nenhuma poesia, nenhuma arte.

Há que se cogitar a seguinte possibilidade: Cruz e Sousa, José Boiteux, Jerônimo Coelho e Victor Meirelles fugiram da Praça XV, onde não chamavam a atenção de mais ninguém.

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