Leonardo Contin
A edição de 11 de maio de O Globo calculou em R$ 118 milhões
os gastos públicos com a Jornada Mundial da Juventude. Deste montante, só com
segurança (do Sumo Pontífice e dos mais de 1 milhão de peregrinos), foi
especulado que o Governo Federal tenha investido R$ 62 milhões. Parcelas
consideráveis também foram destinadas a atendimentos de saúde, mobilidade
urbana e infra-estrutura de modo geral. É um custo alto. Muitos se queixam e
falam no estado laico. Discordo, contudo, deste posicionamento e explico: o
investimento público não é na instituição igreja, mas em um evento
internacional que recebe pelo menos 1 milhão de visitantes em duas semanas
(incluindo Pré-Jornada e Jornada Mundial da Juventude).
O evento teve início na semana de 15 a 19 de julho, quando pelo
menos 100 mil jovens estrangeiros estiveram nas diversas dioceses de todo o
Brasil (Florianópolis recebeu quase 600 peregrinos do exterior) para a
Pré-Jornada, onde conheceram a realidade de cada região do país. Na última
terça-feira, 23 de julho, teve início oficialmente a Jornada Mundial da
Juventude. Há pelo menos 1 milhão de peregrinos na região metropolitana do Rio
de Janeiro. Num cálculo rápido, cada peregrino gastará, por baixo, R$ 30 ao dia
(R$15 com almoço e R$15 com a janta). Só aí, já são R$30 milhões circulando no
Rio de Janeiro. Se calcular que são seis dias de Jornada, o valor chega a R$180
milhões.
Ponderando, também por baixo, que 20% dos peregrinos (ou
seja, cerca de 200 mil pessoas) estão hospedados em hotéis e que cada hotel
cobra, em média, R$ 100 a
diária (o Estopim ligou para 10 hotéis no Rio de Janeiro nesta segunda-feira e
apenas um deles ainda tinha disponibilidade de hospedagem, com custo de R$ 300
por pessoa), já é mais R$ 20 milhões circulando diariamente no Rio. Novamente o
cálculo dos seis dias e chegamos a R$120 milhões durante toda a Jornada.
É no mínimo R$ 300 milhões (a soma dos gastos com
alimentação e hospedagem) circulando só na região metropolitana do Rio de
Janeiro neste período. Não se pode negligenciar que os peregrinos não gastam
apenas com alimentação e hospedagem, mas com transportes, lembranças e
presentes para amigos e familiares, além de ingressos para museus, teatros e
pontos turísticos (o custo para subir o Corcovado de trem é de R$ 46 por
pessoa. O Corcovado ficará aberto 24h nesta semana para dar conta da
demanda de visitantes), a quantia supera fácil os R$ 400 milhões. E pode chegar
aos R$ 500 milhões se somar os custos com passagens aéreas, onde são embutidas
as taxas de embarque para utilização dos aeroportos – não só os do Rio de
Janeiro, mas os de todo o país, já que os peregrinos estrangeiros circularam
por quase todas as dioceses e que peregrinos brasileiros também foram ao Rio
nestes dias de Jornada.
Outro ponto a se levar em conta é a quantidade de empregos
gerados neste período: com hotéis lotados em pleno mês de julho, camareiras,
recepcionistas, motoristas, manobristas, caixas, garçons, guias turísticos,
entre tantos outros profissionais foram contratados para atender a demanda fora
da alta temporada.
Também importante observar que os peregrinos que se
inscreveram para a Jornada pagaram uma taxa. Nessa taxa, além de camiseta,
mochila, garrafa d’água e outros souvenirs (a maioria com produção em
território nacional), também pagavam os custos de montagem de palcos e toda a
infra-estrutura para missas e shows da JMJ. Nenhum elefante branco restará de
presente aos brasileiros, como muitos reclamam dos estádios da Copa.
E, por fim, no cálculo do lucro, a divulgação que não só o
Rio de Janeiro, mas todo o Brasil conseguiu com a vinda de 1 milhão de jovens e
o Papa. Jornais e emissoras de todo o planeta tem seus enviados no Rio de
Janeiro com flashes e notícias ao vivo. O Brasil é capa de diversos diários e
revistas mundo afora não por um motivo negativo, mas pelo fato da juventude de
todo o mundo estar aqui unida, celebrando e comungando de ideais positivos de
vida, como a fé, a esperança e a caridade. Será que o saldo é negativo?!
Botem tudo isso na conta do Papa!
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