segunda-feira, 1 de julho de 2013

A angústia nossa de cada dia

Fernando schweitzer


Copas, protestos, frio... Angústia! É impossível crer que o país acordou. Pois não acordou. Em meio ao escândalo das obras superfaturadas para construir estádios pensando somente na maldita Copa do Mundo, o país esquece que um evento como esse historicamente e somente se torna interessante quando trás investimentos externos para o país e não ao contrário. Mas em um país onde há um programa chamado Malhação e ninguém malha, tudo é possível.

Sempre disse que se um dia fora presidente deste Brasil varonil, o meu AI-6 seria proibir o futebol e o carnaval no país. Esses dois patrimônios intocáveis, inquestionáveis. Falar que não gosta de futebol e carnaval é crime hediondo no país da cura gay, onde ser racista é crime, mas ser homofóbico não. A mesma nação onde turistas europeus, digo jogadores, fazem turismo sexual. Principalmente em épocas de copas e carnaval.

Sem embargo, temos na pauta do dia de antes de ontem, e antes de antes de antes de ontem as malditas manifestações que os próprios manifestantes não sabem sobre o quê reclamar. E neste país do machismo e do macho que sai com homens e travestis no sigilo, na encolha. Os famosos Discreto Casado, ou Macho Sigilo dos chats. Vivemos um protesto de caminhoneiros que promete desabastecer o país, em meio a uma crise inflacionária de alimentos sem precedentes nas últimas décadas.

Isso tudo porque a malha ferroviária brasuca vem sendo desde a década de 1980 (oficialmente) sucateada. Perdemos a nossa ligação férrea São Paulo – La Paz, via Pantanal a fins da década de 80, a linda e estonteante trilha do trem de Prata que durante 40 anos ligou Rio e São Paulo. Até 1991, como empresa pública, e retomada entre 1994 e 1998 com parceria da iniciativa privada.

Criada em 1957 mediante autorização da Lei nº 3.115, de 16 de março de 1957, e dissolvida de acordo com o estabelecido no Decreto nº 3.277, de 7 de dezembro de 19991 , alterado pelo Decreto nº 4.109, de 30 de janeiro de 2002, pelo Decreto nº 4.839, de 12 de setembro de 2003, e pelo Decreto nº 5.103, de 11 de junho de 2004, reunia 18 ferrovias regionais, e tinha como intuito promover e gerir o desenvolvimento no setor de transportes ferroviários. Seus serviços estenderam-se por 40 anos antes de sua desestatização, promovida pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso, operando em quatro das cinco regiões brasileiras, em 19 unidades da federação.

Com passagens de ônibus de larga distância a preços de transatlântico transporte de cargas somente por rodovias esburacadas, o Brasil com tamanho continental cada vez mais se desintegra, em meio a meios de comunicação cada vez mais centralistas. Tomam força cada vez mais os bairrismos e ideais separatistas como o movimento fascista “O Sul é o Meu País” e o surgimento do Partido Militar. Oi?

Será mesmo que o Brasil ganhou da Espanha? As principais cidades espanholas são ligadas por trens de alta velocidade, aqui faltam os de baixa velocidade ainda. Ou melhor, o plano do ex-presidente Juscelino Kubistchek de integrar o país por rodovias para atender os interesses de norte-americanos e suas empresas automotoras no país, vingou.

Será que nessas manifestações alguém lembrou de pedir redução das passagens interestaduais de ônibus? Faltam propostas em verdade, faltam idéias, faltam os que saibam um pouco da história do país. Um país sem passado não tem futuro.

Ver hoje estampado em sites jornais e na TV os semianalfabetos milionários do futebol penta-penta, nos faz pensar quando o país ganhará novamente um prêmio de melhor filme em Cannes, uma olimpíada de matemática, um Nobel de literatura. A ignorância venceu o saber. Brasil um pais de todos, onde todos são analfabetos funcionais, políticos e morais. E ainda teremos um plebiscito para reforma política. Manobra politiqueira que pode piorar a realidade do sistema eleitoral parlamentarista brasileiro. País que... Chega! 

Deu para ti, vou viver na Republica dos Pampas. Vontade de fazer o trajeto São Paulo-Corumbá e cruzar a fronteira seca e seguir pelo Trem da Morte, até Santa Cruz de la Sierra. O drama é que o trecho brasileiro hoje só funciona para cargas. Mas como o povo é tratado como gado talvez eu chegue à fronteira num vagão de carga e siga numa cama do serviço Pulmann, pois o trecho boliviano ainda funciona. Se você conseguir chegar a Puerto Suarez, poderás comprar sua passagem por cerca de B$ 300,00 bolívares, aqui eis o site da empresa Empresa de Ferroviaria Andina 


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