sexta-feira, 14 de junho de 2013

Vinagre nosso de cada dia

Repórter Ping-Pong

Cheguei às 14h da tarde desta sexta-feira, na 78ª DP de Polícia de São Paulo. A delegacia estava movimentada, bagunçada, caótica. Identifiquei-me como suposto advogado do vinagre preso pela polícia, portando um jornalista de Carta Capital. Consegui conversar com meu "cliente" e, expliquei-lhe que sou, na verdade, o advogado do diabo. Vim para contar ao mundo o que passou o nosso sofrido vinagre. Dessa forma, iniciei a entrevista com a abatida garrafa.



Ping-Pong: Algum dia passou pela sua cabeça toda essa exposição?

Vinagre: Jamais. Senti-me humilhado. Há anos, sou usado na alimentação das pessoas sobre a salada. Era um personagem banal na vida humana. Agora, toda essa confusão e eu aqui. Sem poder cumprir minha devida função.

Ping: O governador Alckmin disse que a partir de agora você está banido das refeições na casa dele. Ou seja, as saladas a partir de agora só serão servidas com sal e azeite. Como você se sente sendo excluído das refeições?

Vinagre: O governador Alckmin, coitado, nem deve comer salada. Se comesse, seria bem mais saudável e esbelto.

Ping: Foi feita uma matéria no Estadão sobre o aumento de 0,86%  no seu valor. Isso tudo foi para concorrer com o tomate? Você acha que essas acusações contra você têm a raiz do tomate no meio?

Vinagre: O tomate passou por situação semelhante há pouco né? mas não. Eu não quis fazer confusão com nenhum outro alimento. Os fatos estão aí.

Ping: Supermercados estão ameaçando cancelar sua venda por causa das acusações contra você. Segundo eles, você está representando uma queda nas vendas porque a população está com medo de explosões. O que você tem a dizer sobre isso?

Vinagre: Digo-lhes que abrirei minha própria franquia e quem perderá são os supermercados, afinal, pelo meno em manifestações, a partir de agora, conseguirei me infiltrar.

Ping: Você sofreu algum agressão quando preso?

Vinagre: Não. Entretanto, é uma humilhação. Por que não apreendem maconha? Por que não apreendem o álcool? Sobrou pra mim. E tudo porque tenho uma usabilidade antes desconhecida pela população.

Ping: O que você pensa para o seu futuro?

Vinagre: Não sei amigo. O que eu sei é que não entendo porque não posso mais andar nas ruas. A lei está do avesso. 

Ping: Você sabia que haverá uma manifestação nas ruas em prol da legalização do vinagre?

Vinagre: Desconheço essa informação. Entretanto, acho que o povo tem mais é que tomar as ruas mesmo. Não entendo que seja um ato de vandalismo quando os manifestantes quebram a vidraça de bancos. Aliás, os bancos, parceiros desse capitalismo louco, têm que ter prejuízo mesmo. Depois eles repõem com juros altos.

Ping: E quanto as várias pessoas inocentes que tem sofrido por conta das manifestações?

Vinagre: As pessoas inocentes também podem sofrer um pouco. Aliás, devem sofrer. Elas devem sentir na pele, mesmo que seja dolorido, que o país tem problemas. É como diz o ditado: não se frita um omelete sem quebrar ovos.


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