Leonardo Contin
![]() |
Alegria dos manifestantes em Florianópolis. Foto: Iaggo Gonçalves |
Impunidade, corrupção, desvios de verbas e outros tantos
males que assolam o Brasil há tantos anos chegaram ao limite. Os brasileiros cansaram, uniram-se e resolveram sair às ruas pedindo mudanças. Protestos foram ouvidos
na última semana em Porto
Alegre , São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro e também em
Florianópolis aonde, ontem, pelo menos 10.000 manifestantes saíram às ruas –
alguns jornais falam em 5.000, outros em 50.000 pessoas. Fica impossível falar
em um número certo, já que o movimento aumentava e diminuía conforme passava
pelas ruas centrais da cidade.
![]() |
Manifestantes reunidos na frente do Ticen |
O ato teve início às 18h em frente ao Terminal de Integração do
Centro (Ticen), momento em que havia um número expressivo de estudantes.
Bandeiras de partidos políticos foram desde o início banidas, já que o protesto
não tem cor partidária ou vinculação com partido político. Os
estudantes caminharam em direção ao Fórum da Capital e Tribunal de Justiça,
local onde foram ouvidas vaias e diversos palavrões direcionados ao Poder
Judiciário.
Pouco mais à frente, na Assembleia Legislativa, já com um
número maior de manifestantes, houve uma pausa para o Hino Nacional em frente
às bandeiras de Santa Catarina e do Brasil. Funcionários de diversos órgãos
públicos da região se juntaram ao protesto. Em frente aos prédios do SENAC,
Instituto Estadual de Educação e Instituto Federal de Educação, os gritos
clamavam pela valorização dos Professores: “o professor vale mais que o
Neymar”, fazendo referência às altas cifras recebidas pelos jogadores de
futebol, enquanto os professores ganham salários baixíssimos, revelando uma
total inversão de valores. Uma das professoras gritava da janela de uma escola:
“vocês me representam!”
![]() |
"Ponte Hercílio Luz, Banco de Corrupção. Filiada RBS" |
Profissionais dos hospitais da região também se juntaram ao
protesto e o grito pela saúde foi ouvido quando a passeata chegou às
proximidades do Imperial Hospital de Caridade. A manipulação da informação e o
monopólio de certos segmentos de comunicação também ganharam vaias e gritos de guerra. Num dos gritos mais repetidos de toda a noite, os
participantes entoavam palavrões a RBS e questionavam o seu monopólio.
Nas imediações das avenidas Mauro Ramos e Beira-Mar Norte,
por onde seguiram, moradores nas janelas das casas e edifícios balançavam
lençóis brancos e bandeiras do Brasil, em claro sinal de apoio ao movimento. Dentro
dos carros parados pelo bloqueio das ruas era possível avistar celulares e
câmeras filmando e fotografando o momento histórico na cidade. Não foi
registrado qualquer tipo de vandalismo a veículos, prédios ou equipamentos
públicos.
Quando alcançaram a Ponte Hercílio Luz, a maioria de
estudantes já havia se dissolvido entre os tantos profissionais que se juntaram
ao ato. Já não era mais um protesto estudantil, mas um protesto da sociedade. O
ato teve seu auge nas Pontes Colombo Salles e Pedro Ivo Campos (que ligam a
ilha ao continente), fechadas pela passeata e tomadas por uma multidão que
novamente entoou o Hino Nacional e cantou músicas de protestos. Sentados sobre a ponte, era possível avistar placas
contrárias à PEC 37, ao Ato Médico, pedindo o passe livre, verbas para
educação, saúde e segurança e bradando: “saímos do Facebook”, “menos TV e mais
ação” e “o gigante acordou”.
![]() |
Manifestantes passam a bandeira do Brasil pelos carros, quem buzinavam em favor do protesto |
Os policiais se comportaram de modo exemplar. Respeitaram o
direito à livre manifestação e em momento algum agiram de forma violenta. Quem
observou mais atentamente os militares, percebeu que alguns estavam bastante
emocionados – um deles, próximo à Assembleia Legislativa, chegou a chorar
quando ouviu o Hino Nacional. Outros tantos seguravam câmeras nas mãos tentando
também guardar para a posteridade a data histórica. Foi um ato extremamente
pacífico, que uniu as mais diferentes vozes e reivindicações e que deve se
repetir amanhã (dia 20), a partir das 18h, novamente em frente ao TICEN – com a
promessa de duplicar o número de manifestantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário