domingo, 2 de junho de 2013

Contrariando Newton

Maria Eduarda Silveira

Isaac Newton podia estar certo ao afirmar que dois corpos não ocupam o mesmo lugar em um determinado espaço, mas só até a invenção do transporte coletivo e das bolsas femininas. Sobre os ônibus, nem me arrisco a comentar muita coisa, quem tem o azar de pegar um UFSC semidireto, em horário de pico, aqui em Florianópolis, sabe do que estou falando. Mas sobre as bolsas... 

Não importa qual seja o modelo, a forma e o tamanho, elas sempre serão como labirintos, prontas a esconder qualquer objeto que você julgue necessário carregar consigo no dia a dia. Ouso dizer que pode ser considerado o lugar no mundo onde cabem mais coisas por cm². Falo por mim, é claro. Para a mulher que carrega somente carteira e celular, aqui vai meu beijo! Sou sua fã. 


No meu caso é bem diferente. Sou daquelas prevenidas – e, confesso, um tanto exagerada. Nunca sei quando vai ocorrer uma emergência e, enfim, vou precisar de uma dose extra de perfume, uma agenda telefônica, lenços umedecidos ou um kit de costura. Tudo bem que eu não sei costurar, mas pode ser útil em algum momento. Melhor não arriscar ficar com uma roupa rasgada, né? 

Seria trágico se não fosse cômico: todas as inutilidades que estão ali servem somente para sossegar a nossa consciência e, ocasionalmente, estragar a nossa coluna. Por outro lado, a bolsa de uma mulher, e o que ela eventualmente coloca dentro dela, pode dizer muito sobre uma personalidade. Ok, desconsideremos a parte da organização, porque nem uma boa virginiana que se preze, como eu, consegue mantê-la em ordem. Mas desde o modelo até a forma de carregá-la podem ser indicativos do caráter de cada uma.

Certo dia, um ladrão entrou em minha casa e pegou a bolsa da minha mãe que estava em cima da mesa de jantar, em frente à porta de entrada. Era preta, pequena e cheia de repartições. A situação foi desesperadora tanto para ela, que foi assaltada, quanto para o larápio. É que achamos a bolsa no dia seguinte, em um terreno próximo, e tudo o que o sujeito conseguiu levar foi um talão de cheques e um remédio homeopático. Só de imaginar o sufoco que ele passou tentando encontrar coisas de valor ali me dá até pena. 


Aos homens, que se perguntam o que carregamos nelas, voilà: nada demais. Não fiquem curiosos e nem queiram fuçar nossas maletas, porque, assim como o ladrão, vocês não encontrarão nada, nem querendo. Guardamos ali tudo o que podemos precisar em situações extremas. Coisa de mulherzinha mesmo. Garanto que nem Newton entenderia e conseguiria explorar uma. Mas se, por ventura, algum dia inventarem um manual de instruções de como organizar uma bolsa de mulher – ou como encontrar algo nela – por favor, me avisem!

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