Uma cidade diferente, onde ao pisar na faixa de pedestre os
carros param. Essa é Joinville. Da surpresa com a sociabilidade do joinvillense
a um teatro surpreendente, um público, mesmo em dia de espetáculo, com figurões
de tarimba e robustos patrocínio de "nível nacional".
Muitas vezes desejamos encontrar, apenas, e nada mais do
aquilo que desejamos encontrar. Tento ir ao teatro e não pensar como ator,
menos como bicho de teatro. Em um segundo momento, tenho o costume de tentar
deixar-me levar pelas reações do público. Neste caso foi fácil... Havia dois
espelhos em cena, em diagonal, estética construída pela direção de Nós e um
Laço. Lucas David ousa no quesito conceitual. Esse termo define como uma risca
de giz traçada no chão para hipnotizar uma galinha. O traço vertiginoso de
um teatro não usual.
Talvez o único pecado do espetáculo seja sua fortaleza. Uma
obra com 2 atores que não está em momento algum focada neles. A
força física como argumento e artifício. À medida que as personagens vão
se conhecendo, dentro de uma constante e quasimoda relação, seus atos
corporais passam a ser as personagens dentro de uma lógica composta pela emoção
da força atrito entre as protagonistas.
A reação do público inicialmente é de um estranhamento óbvio
ao iniciar do espetáculo. O estilo teatro dança não tem como viés uma narrativa
linear, costumeira ao espectador. Este mesmo estilo vai aos poucos rompendo a
expectativa de uma história de senso comum. O romance óbvio passa a conflito,
quando as personagens começam a usar o público como confidente.
Um teatro fora dos padrões no estado, esse é o ponto
desequilibrante de Nós e um Laço. O caminho é mais difícil que o caminhar. Uma
direção segura, ao ponto de, por instantes, soar artificial na sua
discursividade e mostrando a mão do diretor em alguns momentos, mais que o
próprio trabalho dos atores. Conceitos e força são o que chamam ao espetáculo.
Uma boa experiência dentro do universo teatro autoral conceitual.
O espetáculo segue em cartaz no Galpão de Teatro da Ajote, em Joinville. Esperemos
que a peça permaneça em cartaz e alcance mais cidades. O diferente, mesmo
quando se faz parecer em sua propaganda igual, pode ser a salvação para o
teatro catarinense. Assim podendo fugir-se do feijão com arroz do teatro global
versus teatro local. Nós e um Laço é teatro e ponto.
Sinopse
Ornella é uma mulher independente, designer de moda bem
sucedida que busca um sonho mais alto: ter sua própria grife. Edvaldo é um chef
de cozinha que sonha viver um grande amor. O encontro casual no Espírito Santo
dá início a um relacionamento. Surgem, então, pequenos obstáculos, revelações
do passado, rotina e divergências de interesses. Nós desatam. Laços ficam.
Ficha Técnica
Direção, Concepção de Cenário e Figurino e Operação de Luz:
Lucas David
Elenco: Jonas Raitz e Juliana Araújo
Confecção de Cenário e Figurino: Adriane Ourício, Ângelo
Marcos , Celinha , César, Jonas Raitz, Juliana Araújo, Lucas David e Mazza.
Concepção de Luz: Flávio Andrade e Lucas David
Dramaturgia: Jura Arruda
Direção Musical: Juninho Salves
Direção de estúdio: Erivan Piazera
Consultoria em Dança de Salão: Francine Borges e Maycon dos
Santos
Fotografia: Renan Bejarano
Designer Gráfico: Ronaldo Diniz
Material Audiovisual: Hélio Costa
Produção Executiva e Operação de Som: João Daniel Zanella
Texto original e foto: Sincerando
Um comentário:
Olá Fernando!
Agradecemos por todas as suas observações e palavras!
Até a próxima historinha!!!
Carinho,
Juliana Araujo
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