Quando pequenos nos ferimos com facilidade. Confesso não ter
conhecimento dos dados estatísticos para arranhões e machucados na infância,
mas, enquanto criança estabanada que fui, falo pelos meus joelhos sempre
ralados. Merthiolate, Rifocina e muitos anos (e band-aids) depois, continuamos
nos machucando, mas agora as causas são outras.
Engraçado como coisas que temíamos na infância, agora já não
fazem mais tanto sentido. Infelizmente o inverso também ocorre, e, coisas que
já foram puro motivo de fantasia, passam a aterrorizar. Exemplo disso é a
pergunta: “O que você quer ser quando crescer?”. As respostas variavam
entre astronautas, bailarinas, cantores
famosos... no meu caso a resposta era sempre a mesma, realista que sou não queria
saber de tutus ou viagens intergalácticas, ser veterinária parecia um sonho
suficiente pra mim.
A ciência define que o paladar humano muda a cada quatro
anos. Mais constantes ainda são as mudanças que ocorrem na nossa vida com o
passar do tempo. Assim como o mesmo rio não passa duas vezes (perdoem se me
falha o provérbio, algo sobre rios, e folhas que flutuam nos rios) acordamos
todo dia pelo menos um pouquinho diferentes. E foi assim que eu, que sempre
quis ser veterinária, um belo dia acordei e decidi ser jornalista. De lá pra cá as mudanças foram ainda mais drásticas. E se um
dia eu for a mesma pessoa depois de ler um bom livro, ou voltar de uma
entrevista, pode chamar a ambulância que alguma coisa errada tem!
Assim como um joelho ralado, que quando criança a gente
cutuca e nunca deixa sarar por completo, estou sempre em carne viva. Certezas
plenas até sustentam meus valores, mas quando o assunto é falar do outro, sou
um ponto de interrogação personificado. Convicções exacerbadas não me
pertencem, aprecio o ser humano na sua complexidade. Queria ser veterinária,
sou jornalista. Minha vida foi sempre tão cheia de controvérsias. Abraço a
dicotomia, aperto bem forte que é pra misturar tudo, e ponto. E você? O que vai
querer ser quando crescer?
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