segunda-feira, 27 de maio de 2013

Nem tudo é tragédia, ao menos as pessoas riam

Fernando Schweitzer

Noite, TAC, domingo, 20h, teatro, As Felicianas, 21h44... Para! Sei que está confuso. Assim me sinto após 1h29min10s de apresentação da comédia As Felicianas. Não encontrei um sistema actancial na dramaturgia do espetáculo... Vou tomar um café... Depois continuo. Prometo! O café era colombiano, que delícia!

Os atores Igor Lima, Malcon Bauer, WMarcão e Renato Turnes, que além de atuar assina a direção artística do show, revezam-se no palco para apresentar personagens novos, além de velhos conhecidos do público, em As Felicianas, no domingo. O elenco, com exceção de WMarcão, integrou o Teatro de Quinta. Cada ator é responsável pela criação de cada uma de suas personagens, garantindo a originalidade do show - esse é o release.

A "surpresa" foi Igor Lima que já havia visto justamente no Teatro de Quinta, em uma grata melhora técnica na caracterização de suas personagens. Tanto as inéditas quanto as conhecidas me foram claramente apresentadas pelo ator. Pesa que o texto não ajudava, o que me gerou um conflito. Se a atuação melhorou em comparação às performances de anos anteriores, no antigo Café Matisse, como o resultado não fora superior?

E como costumo dizer: sempre há algo de novo no mundo para se conhecer, ao menos no quesito ator. Este foi meu debute dentro da obra, WMarcão. Os seus textos, e/ou improvisações, tinham muita picardia. O tom das caracterizações, e não falo das roupas, de suas personagens é que me soaram algo muito semelhante entre os vários ensejes de tipos que executou.

Malcom Bauer... É... Legal. Eu o via mais espontâneo nos tempos da brilhantina... Nos tempos de Teatro de Quinta, ou mesmo quando trabalhamos em uma encenação travestida de leitura dramática de A Gota d'água no SESC.

Renato Turnes, infelizmente, não vi em outro espetáculo. Em As Felicianas não posso opinar muito quanto a construção de personagens. Sobre ele recaíram uma imitação de Joelma, aquela da bandinha do marido, que não convenceu (depois de Shalin, imitar a Joelma não é fácil). De Renato também, inusitadamente, foi um dos momentos que me causou mais identificação, não, seria interação... Isso, ou o que seja. Justamente uma de suas personagens, que era como uma psicóloga de televisão.

A psicóloga em dado momento diz: "... você que está aí amuado, pensando em desistir da vida...". Foi o tragicômico mais inóspito, e estimulante ao mesmo, de meus últimos anos ao assistir a uma peça teatral. Somente em outra montagem, As Criadas, que assisti quinta-feira, no SESC, poderia ser este epitáfio mais apropriado. O que não fez falta, pois abandonei as criadas e sua má hermenêutica cênica antes de jaz.

Foto: Divulgação
Piadas de senso comum, muitas vezes bem usadas, podem passar a ser um trunfo, quando as interpretações recriam uma nova perspectiva para tais. Por vários momentos, vários de muitos, bastante no sentido de demasiadas vezes, adivinhei ou por angustia e constrangimento completei as frases e anedotas óbvias em seu desfecho.

Uma mescla de piadas de show de drag-queens, texto batido, piadas vencidas e de gueto, com uma boa produção de figurinos e maquiagem caricata com um final fraco e desnecessário. Aliás, mais fraco que o restante da peça que vai de mediano a bom em sua maior parte. Se ao menos o título da peça...

Mas nem tudo é tragédia. Ao menos as pessoas riam, e alto, como sugere o nome da produtora. Eu gosto de presenciar momentos em que o ser humano se sente feliz. Pena que não consegui compartilhar desta alegria. Acho que vou ao youtube assistir episódios do Zorra Total, quiçá assim passe a entender do que riam.

E eu vendo ontem filmes do Jerry Lews... Cada um, cada um... É assim que se diz hoje em dia não é?


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