“Não me casaria de novo. Eu acho que amor e casamento
são coisas incompatíveis”.
Essa frase dita pelo ator Antônio Fagundes me fez parar um
pouco o que eu estava fazendo e prestar atenção na televisão ligada pra
ninguém. Ele, casado quatro vezes e solteiro no momento, acha que não cabe amor
no casamento. Fagundes, nunca casei, mas compartilho da mesma opinião. Nunca
fui aquela criança que sonhava com o dia do casamento, com qual vestido de
noiva ia usar e sabia certinho cada detalhe de sua cerimônia. Na verdade, nunca
entendi muito bem por que se gasta preços exorbitantes para uma festa que dura
um dia, segue roteiros pré-determinados e é cheia de rituais que hoje em dia
não fazem lá muito sentido.
Ok, moçoilas que sonham com casamentos, não briguem comigo
ainda. Não sou uma coração-de-pedra que não acredita que duas pessoas não
possam ser felizes juntas. Muito menos sou uma revoltada que é “contra a
instituição falida do casamento”. Apenas acredito que o amor não dura pra
sempre, sorry. Então, por isso não acho necessário ter um ritual que muitas
vezes acaba antes mesmo dos custos das festas terem terminado. Sim, é verdade.
Embora casamento esteja cada vez mais comum – só aqui na nossa Ilha da Magia
acontece uma média de 30 por final de semana – o divórcio cresce
assustadoramente também. Em 2012 os índices de divórcios aumentaram 45,6%.
Eu já trabalhei em uns 15 casamentos e de todo o tipo, de
várias religiões, com muitas histórias diferentes. Alguns me emocionaram realmente,
já outros me faziam questionar ainda mais o que leva as pessoas a subirem no
altar e jurarem pertencer uma a outra até a eternidade. Eternidade é tipo muito
tempo, sabe? E a gente nunca consegue prever o futuro, não sabe quantas pessoas
mais que amaríamos até a eternidade podem surgir no nosso caminho.
No último casamento que fui, domingo passado, o casal estava
junto apenas um ano. Digo “apenas” porque acredito que um ano é muito pouco
para escolher uma pessoa para passar o resto da sua vida. Ainda mais quando se
tem menos de 30 e uma tendência a viver até os 80. Como jurar amor eterno se
você ainda está conhecendo a pessoa? Como é que a gente tem essa certeza? Uns
me dizem que a gente sabe. Que a gente sempre sabe, sente, etc. Então eu vejo, pela
taxa de divórcios tão crescente, que tem muita gente se equivocando, não
é?
É difícil dizer, afinal cada pessoa é diferente. O amor se
faz presente para cada um de um jeito: alguns preferem colocar esse amor em um
vestido branco e num atestado de papel avisando que ele vai ter que ficar ali
até pra sempre. Outros, como eu, acreditam que o amor é efêmero e um dia acaba
– um dia pode ser dali a oitenta anos – e preferem não fazer tanto estardalhaço
em torno dele. Apenas ir vivendo ele.
E não estou dizendo, caro amigo leitor, que não vão casar um
dia. Assim como Raul, sou uma metamorfose ambulante, vai que um dia eu
realmente sinta isso que as pessoas falam e resolva gastar toda minha poupança
(que nem tenho) em uma festa exorbitante? Ou quem sabe eu apenas queira morar
junto? Ou ainda, vai que eu case no civil e prefira morar em casas
separadas? O casamento mudou junto com a forma de amar. Cada um tem seu
jeito. Só tenho esperanças que as pessoas investiguem mais esse jeito antes de
sair jurando eternidades por aí.
Diga sim para ele. Ou não diga: é uma escolha sua. Mas
caso você diga sim e queria dar uma grande festa com direito a tudo, me
convide. Não vou casar, mas gosto de participar de casamentos, daqueles que
conseguem me passar a emoção do que pode ser o amor eterno, independente do que
eterno significa para você.
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