quinta-feira, 23 de maio de 2013

Case-se. Ou não.

Cristina Souza

“Não me casaria de novo. Eu acho que amor e casamento são coisas incompatíveis”. 

Essa frase dita pelo ator Antônio Fagundes me fez parar um pouco o que eu estava fazendo e prestar atenção na televisão ligada pra ninguém. Ele, casado quatro vezes e solteiro no momento, acha que não cabe amor no casamento. Fagundes, nunca casei, mas compartilho da mesma opinião. Nunca fui aquela criança que sonhava com o dia do casamento, com qual vestido de noiva ia usar e sabia certinho cada detalhe de sua cerimônia. Na verdade, nunca entendi muito bem por que se gasta preços exorbitantes para uma festa que dura um dia, segue roteiros pré-determinados e é cheia de rituais que hoje em dia não fazem lá muito sentido.

Ok, moçoilas que sonham com casamentos, não briguem comigo ainda. Não sou uma coração-de-pedra que não acredita que duas pessoas não possam ser felizes juntas. Muito menos sou uma revoltada que é “contra a instituição falida do casamento”. Apenas acredito que o amor não dura pra sempre, sorry. Então, por isso não acho necessário ter um ritual que muitas vezes acaba antes mesmo dos custos das festas terem terminado. Sim, é verdade. Embora casamento esteja cada vez mais comum – só aqui na nossa Ilha da Magia acontece uma média de 30 por final de semana – o divórcio cresce assustadoramente também. Em 2012 os índices de divórcios aumentaram 45,6%.

Eu já trabalhei em uns 15 casamentos e de todo o tipo, de várias religiões, com muitas histórias diferentes. Alguns me emocionaram realmente,  já outros me faziam questionar ainda mais o que leva as pessoas a subirem no altar e jurarem pertencer uma a outra até a eternidade. Eternidade é tipo muito tempo, sabe? E a gente nunca consegue prever o futuro, não sabe quantas pessoas mais que amaríamos até a eternidade podem surgir no nosso caminho.

No último casamento que fui, domingo passado, o casal estava junto apenas um ano. Digo “apenas” porque acredito que um ano é muito pouco para escolher uma pessoa para passar o resto da sua vida. Ainda mais quando se tem menos de 30 e uma tendência a viver até os 80. Como jurar amor eterno se você ainda está conhecendo a pessoa? Como é que a gente tem essa certeza? Uns me dizem que a gente sabe. Que a gente sempre sabe, sente, etc. Então eu vejo, pela taxa de divórcios tão crescente, que tem muita gente se equivocando, não é? 

É difícil dizer, afinal cada pessoa é diferente. O amor se faz presente para cada um de um jeito: alguns preferem colocar esse amor em um vestido branco e num atestado de papel avisando que ele vai ter que ficar ali até pra sempre. Outros, como eu, acreditam que o amor é efêmero e um dia acaba – um dia pode ser dali a oitenta anos – e preferem não fazer tanto estardalhaço em torno dele. Apenas ir vivendo ele. 

E não estou dizendo, caro amigo leitor, que não vão casar um dia. Assim como Raul, sou uma metamorfose ambulante, vai que um dia eu realmente sinta isso que as pessoas falam e resolva gastar toda minha poupança (que nem tenho) em uma festa exorbitante? Ou quem sabe eu apenas queira morar junto? Ou ainda, vai que eu case no civil e prefira morar em casas separadas?  O casamento mudou junto com a forma de amar. Cada um tem seu jeito. Só tenho esperanças que as pessoas investiguem mais esse jeito antes de sair jurando eternidades por aí.

Diga sim para ele. Ou não diga: é uma escolha sua.  Mas caso você diga sim e queria dar uma grande festa com direito a tudo, me convide. Não vou casar, mas gosto de participar de casamentos, daqueles que conseguem me passar a emoção do que pode ser o amor eterno, independente do que eterno significa para você. 

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