segunda-feira, 8 de abril de 2013

Um Pró-Feliciano!

Ricardo Toledo

Imersos numa época politicamente correta, mergulhados num período de lenta - porém progressiva - revolução cultural gramsciana é, cada vez maior, o número de inconformados com opiniões opostas, elementares em uma sociedade democrática.

Isso é de Deus Ricardo
A influência de uma política singular, determinada por um governo sem opositores, reflete no posicionamento das ideias das classes sociais e comanda, como consequência, os rumos da mídia e suas avaliações. O bem-estar crítico dessa maré, orientada por líderes de grupos minoritários - sempre apoiados por intelectuais, artistas e beijos na boca -, atinge, com veemência, as pautas veiculas na imprensa. O mesmo ocorre no texto escrito. Confio, no entanto, no livre mercado de opiniões que este sagrado blog oferece para expor minha análise do caso Feliciano, crucificado antes mesmo da chegada da Páscoa.

Desde que o mundo é mundo, e podemos resgatar teologias milenares imersas no contexto rival entre bem e mal, as posições se contrariam invariavelmente. Esta batalha permanecerá até o fim dos tempos, a não ser que nos seja imposta uma ditadura ideológica, nos submetendo a concordar com uma única posição. Resta-nos, portanto, dentro dos limites da nossa capacidade humana, refletir, livre de pressões, qual o julgamento aplicado em relação a tal abstrata e divaga questão: Onde está posicionado o bem e o mal?

Feliciano, como presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, tem sim defeitos, afinal, ele é humano, demasiadamente humano. Filho de mãe negra, um de seus equívocos mais expressivos é a errônea interpretação da passagem bíblica da qual Noé amaldiçoara seu filho Cam e sua descendência, dando assim aval para séculos de escravidão. Este é um dos fatos, e não desmerecido, do pastor vir a sofrer os seguidos protestos.

A influência advinda da congregação da qual pertence é precipitada e distorcida em relação à passagem do livro de Gêneses. O que nos leva a considerar o peso da religião em um país laico e discuti-lo com conhecimento de causa, livre de achismos, repetições clichês cansativas e argumentos baseados em opiniões alheias. 

A leitura da Bíblia é levada a sério por ateus, crentes, acadêmicos, estudiosos, jornalistas, filósofos e pesquisadores por ser, incondicionalmente, o livro mais curioso já produzido pela humanidade. Sem fundamentos concretos qualquer conversa é cansativa e reprodutiva; mesmo no mundo das novelas os argumentos são fracos, caso você não assista aos capítulos. 

Feliciano também erra sobre a união homoafetiva. O casamento gay é um fato consumado e uma tendência dos países ocidentais aderirem ao processo. Nem mesmo a Igreja Católica, entidade mais benéfica do mundo, tem forças para lutar contra. No entanto, Feliciano foi eleito democraticamente e tem o direito de discordar; direito este resguardado pelo inciso IV, do artigo 5º da Constituição Federal. Tem também o direito de discordar da PL 122, cujo conteúdo fere a mesma Constituição que assegura a todos direitos iguais, e não exclusivos, perante a lei. 

Por enquanto, os protestos contra o deputado surtiram efeito contrário. O pastor ganhou visibilidade e maior apoio dos evangélicos que agora o enxergam com um mártir. Já os grandes beneficiários de todo o rebuliço causado na Câmara são José Genoíno e João Paulo Cunha, mensaleiros condenados pelo STF, um por formação de quadrilha, outro por lavagem de dinheiro e corrupção passiva. Eles não encararam nenhuma manifestação ao tornarem-se membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJC), já que toda a sociedade está ocupada com outro assunto.

Os intelectuais, a mídia, os protestantes e os artistas brasileiros parecem não entender que o direito humano começa com uma bem organizada e representada CCJC, considerada a mais importante comissão da câmara. Parece não haver motivo para protestos contra a ocupação desta por dois condenados à prisão.

Foto: www.elhombre.com.br      

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