terça-feira, 30 de abril de 2013

Mais amor, por favor!

Camila Albuquerque

Por muitas vezes foi mais fácil vestir essa carcaça de falsidade e dissimulação. Mas também pudera, nos dias de hoje, como posso falar que não?

O comodismo tomou conta. O carinho se dissolveu numa falsa expectativa chamada bajulação, o cuidado agora é incomodação e o respeito entrou pela contra mão. As verdades por ora são só meias, e daquele tipo que não esquentam os pés. É mais fácil fingir que tropeçou do que continuar seguindo em frente.E falam de amor, amor, o mundo precisa de mais amor!

É amor que você vem dando entre uma discussão e outra? Entre um constrangimento causado e um olhar ignorado? Diz para mim, aonde está esse amor que você esbanja pelos lábios, entope os nossos ouvidos e rascunha numa folha em branco? Imagino que não seja isso que você guarda dentro do bolso, carrega na mochila rasgada ou joga num lixo qualquer.

A nossa realidade caiu futilidade abaixo. Relacionamentos se tornaram negócios e,de repente, ele não é mais o seu amor, é a sua posse. O interesse no próximo não surge mais com uma boa conversa ou um abraço apertado, ele vem em forma de estratégias, jogos, regras e notas.

Tudo é milimetricamente pensado e calculado em prol do benefício próprio. O egoísmo saiu da lista dos vilões e se infiltrou discretamente entre os mocinhos, de tão pretensioso e disfarçado que foi quase imperceptível. Quase.

Que bom seria se esperar por educação não fosse o máximo de nossas expectativas. Se afago, afeto, respeito, olhar, toque e pele não fossem lucro, bônus, raridade.Que bom seria se a minoria se transformasse em maioria, infectasse o mundo com um bom dia, um muito obrigado ou num não tem de quê.

Que bom seria se os esbarrões não se transformassem em caras feias e palavrões sem sentido. Mas quem sabe, num mundo assim tão grande como o nosso, alguém esbarre de uma vez com o bom senso.


2 comentários:

Anônimo disse...

Camila, parabéns pela visão apurada, pela percepção do que a maioria não vê no dia a dia. Às vezes tenho a impressão que as pessoas estão vendadas, ou pior, querem ignorar esta realidade...
Com certeza, nos dias de hoje, os interesses pessoais ficaram acima do coletivo. As relações "olho no olho" estão escassas, e o voyeurismo de "redes sociais" vem crescendo cada vez mais, infelizmente.
Abraço! Fabiano.

Camila Albuquerque disse...

Obrigada! Verdade, o que nos resta é tentar fazer a diferença, né? Mesmo que mínima, já é um grande passo.

Mais uma vez obrigada por ler.