terça-feira, 16 de abril de 2013

Inflação volta aos palanques

Recentes acontecimentos ampliam as dúvidas sobre o tamanho do fôlego da economia brasileira

Bianca Queda 

Após a inicial expectativa otimista para 2013, a inflação volta aos palanques e a economia brasileira aparenta começar a patinar. Além do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter acumulado alta de 1,94% de janeiro a março deste ano, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve também uma queda de 0,52% no índice de atividade calculado pelo Banco Central (IBC-Br) em fevereiro.

Com a inflação em alta e o fraco desempenho econômico, a preocupação com o caminhar da economia brasileira agravou. Especialistas já especulavam um aumento de juros pelo Banco Central (BC), porém, não se esperava uma possibilidade no aumento da taxa básica, que na atual conjuntura, poderia sacrificar ainda mais o crescimento econômico do país.

O Banco Central está sendo criticado há algum tempo por não despender atenção necessária à inflação e pela sua dependência ao governo federal. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista ao Estadão, afirmou em iminência de uma retomada do ciclo de alta de juros, que a inflação não precisará ser vencida com um "tiro de canhão", pode ser debelada de “metralhadora”, se necessário.

O ministro garante que a inflação está sob controle, pois acredita que a recente inflação não é uma questão estrutural, e sim pontual. Devido a acontecimentos como o choque nos preços das commodities e a desvalorização cambial. “O sistema de metas de inflação foi pensado para absorver essas excepcionalidades, e é por isso que estamos há oito anos com inflação dentro da meta. E vamos cumprir a meta neste ano.” afirma Mantega. Para o ministro o que na verdade está na boca do povo é o tomate, e não uma generalizada alta de preços. Pois se tomarmos por base o comportamento de preços nos últimos anos, este começo de ano tem sido parecido.

Apesar das garantias do ministro da Fazenda, os alimentos acumularam alta de 13,48% nos últimos 12 meses desde março. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 6,59% no mesmo período, estourando o teto de 6,5% da meta do governo. A redução tarifária da energia elétrica e a isenção fiscal da cesta básica ajudaram a desacelerar o avanço nos preço, mas não o impediram.

Mesmo assim, os brasileiros continuam otimistas. Uma pesquisa divulgada em 24 de março pela Folha de São Paulo apontou que 51% dos brasileiros acreditam que a situação econômica do país deva melhorar nos próximos meses. Mas há quem não esteja tão otimista assim, para Julio Sergio Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o atual panorama não é tão ruim quanto ao do ano passado, mas 2013 não será um ano de grandes avanços. “Se tivermos sorte chegamos a 2,5%” afirma.

Com receoso olhar dos especialistas contrapondo o otimismo do governo assegurado pela população, torna-se difícil sentenciar se a economia está em iminência de entrar em declínio, ou não. Porém, está perceptível que ao mesmo tempo em que o dragão da inflação não levanta voo, a economia também não decola.

Nenhum comentário: