Recentes acontecimentos ampliam as dúvidas sobre o tamanho
do fôlego da economia brasileira
Bianca Queda
Bianca Queda
Após a inicial expectativa otimista para 2013, a inflação volta aos
palanques e a economia brasileira aparenta começar a patinar. Além do Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ter acumulado alta de 1,94% de
janeiro a março deste ano, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), houve também uma queda de 0,52% no índice de
atividade calculado pelo Banco Central (IBC-Br) em fevereiro.
Com a inflação em alta e o fraco desempenho econômico, a
preocupação com o caminhar da economia brasileira agravou. Especialistas já
especulavam um aumento de juros pelo Banco Central (BC), porém, não se esperava
uma possibilidade no aumento da taxa básica, que na atual conjuntura,
poderia sacrificar ainda mais o crescimento econômico do país.
O Banco Central está sendo criticado há algum tempo por
não despender atenção necessária à inflação e pela sua dependência ao governo
federal. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, em entrevista ao Estadão,
afirmou em iminência de uma retomada do ciclo de alta de juros, que a
inflação não precisará ser vencida com um "tiro de canhão", pode ser
debelada de “metralhadora”, se necessário.
O ministro garante que a inflação está sob controle, pois
acredita que a recente inflação não é uma questão estrutural, e sim pontual. Devido
a acontecimentos como o choque nos preços das commodities e a desvalorização
cambial. “O sistema de metas de inflação foi pensado para absorver essas
excepcionalidades, e é por isso que estamos há oito anos com inflação dentro da
meta. E vamos cumprir a meta neste ano.” afirma Mantega. Para o ministro o
que na verdade está na boca do povo é o tomate, e não uma generalizada alta de
preços. Pois se tomarmos por base o comportamento de preços nos últimos anos,
este começo de ano tem sido parecido.
Apesar das garantias do ministro da Fazenda, os alimentos
acumularam alta de 13,48% nos últimos 12 meses desde março. O Índice de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 6,59% no mesmo período, estourando o teto
de 6,5% da meta do governo. A redução tarifária da energia elétrica e a isenção
fiscal da cesta básica ajudaram a desacelerar o avanço nos preço, mas não o
impediram.
Mesmo assim, os brasileiros continuam otimistas. Uma
pesquisa divulgada em 24 de março pela Folha de São Paulo apontou que 51% dos
brasileiros acreditam que a situação econômica do país deva melhorar nos
próximos meses. Mas há quem não esteja tão otimista assim, para Julio Sergio
Gomes de Almeida, consultor do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial (Iedi), o atual panorama não é tão ruim quanto ao do ano passado,
mas 2013 não será um ano de grandes avanços. “Se tivermos sorte chegamos a
2,5%” afirma.
Com receoso olhar dos especialistas contrapondo o otimismo
do governo assegurado pela população, torna-se difícil sentenciar se a economia
está em iminência de entrar em declínio, ou não. Porém, está perceptível que ao
mesmo tempo em que o dragão da inflação não levanta voo, a economia também não
decola.
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