quarta-feira, 17 de abril de 2013

A cultura da guerra

Thaís Teixeira

Desde o início das civilizações sempre foi muito vantajoso subordinar um grupo ao outro. Quando o espanhol Hernán Cortez descobriu a civilização asteca e toda a sua riqueza, o único modo de explorar tudo aquilo era aniquilando qualquer forma de resistência. O mesmo ocorreu no Brasil. Portugal submeteu as civilizações ameríndias aos seus interesses econômicos por anos. Nossas riquezas foram sugadas e a população indígena dizimada. Não muito diferente do que acontece hoje. Mais de onze anos depois da guerra contra o terror encabeçada pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush, o governo dos Estados Unidos continua se metendo em confrontos bélicos e deixando o mundo e constante estado de alerta. 

A guerra é uma grande oportunidade de negócios e isso se corrobora ao que foi analisado no artigo de Marco Aurélio Weissheimer para o site Carta Maior. Ele aponta uma matemática assustadora do onze de setembro, fazendo uma comparação entre o número de vitimas no atentado e o levantado nas guerras do Iraque e Afeganistão. Além disso, mostra os grandes lucros obtidos pelas empresas privadas que as financiam.

Se pararmos para analisar as duas guerras mundiais, nas quais os Estados Unidos deram apoio militar e financeiro, vamos chegar à conclusão que esse país é movido pela indústria da guerra. Na Primeira guerra mundial houve empréstimos astronômicos as potências aliadas, além disso, com sua participação no final da guerra também recebeu a sua parte na dívida deixada a Alemanha. Já na Segunda, o Plano Marshall (Plano de reconstrução da Europa) liberou bilhões de dólares para os países destruídos pela guerra. Quem receberia de volta essas cifras emprestadas? Em todas essas situações o governo americano lucrou e se consolidou como uma das maiores potências econômicas do mundo, afirmando sua hegemonia.

Hoje a guerra é contra a Coréia do Norte, que ameaça invadir os Estados Unidos e iniciar uma confronto nuclear. Acredito que essa briga toda não passe de mais uma Guerra Fria, como aconteceu de 1945 a 1991, entre EUA e a URSS. Naquela época também havia ameaças de uma guerra nuclear e até hoje nada, além de aterrorizar o mundo foi de fato feito. Nisso tudo quem sai perdendo é o povo de ambos os países, aliás, como sempre acontece quando uma guerra ou ameaça de guerra é inciada.

Sei que pouco interessa o que o governo americano faz ou deixa de fazer. Sei que devemos olhar primeiro para o nosso quintal (que convenhamos, já está bastante bagunçado) antes de apontar o dedo para o outro. Mas essa cultura de guerra que os EUA infringe ao seu próprio povo e ao mundo precisa ser discutida e questionada, até mesmo por que esse é um dos país que, além de levantar a bandeira da liberdade e democracia, ocupa uma das cadeiras permanentes no Conselho de Segurança da ONU, que lhe dá liberdade de vetar ou não qualquer decisão dessa instituição.

Há alguns dias, três bombas explodiram na cidade de Boston, durante o final da Maratona de Boston. O acidente matou três pessoas e deixou mais de 170 feridas. Em pronunciamento, o presidente Barack Obama disse ser esse um atentado terrorista. Segundo os jornais esse é maior atentado que ocorreu no país desde o 11 de setembro. O governo pediu para que a população fique em estado de alerta. Qualquer coisinha ou pessoinha considerada suspeita é apreendida. 

O medo aprisiona as pessoas dentro de casa, aumenta o consumo de armas e, consequentemente, os cofres das indústrias bélicas. A conta desse trágico episódio vai, provavelmente, cair no colo da Coréia do Norte ou de algum país do Oriente Médio. Não é preciso números estatísticos de algum instituto de pesquisas oficial para chegar a essas conclusões, basta olhar o quintal aqui do lado. Em nome de uma tal de justiça, liberdade e democracia os Estados Unidos da América invadiram e continuarão invadindo países, matando pessoas e enchendo os cofres da Casa Branca com o dinheiro de guerras. Cadê a lógica?

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