Nícolas David e Thaís Teixeira
10 faixas autorais compõe o CD "Moleque Brasileiro" que será lançado neste final de semana, no Teatro Álvaro de Carvalho
Ele é tranquilo e descontraído,
veste uma calça jeans, blusa social e no rosto a barba e os óculos dão um toque
mais sério à figura de Rafael Cirimbelli, estudante de Engenharia Civil,
guitarrista, compositor e vocalista. A conversa nada tem a ver com a sua
formação acadêmica, mas sim com a paixão de sua vida: a música. Rafael fala
sobre suas influências, faz críticas contundentes e retrata a caminhada de quem
está seguindo e apostando em um sonho. Ele é um dos cinco integrantes da banda
Groove Litoral, que, neste final de semana, lançará seu primeiro CD, o Moleque
Brasileiro, no TAC.
Foto: Divulgação |
Entre o engenheiro e o músico há
anos e anos de estudos e aperfeiçoamento, até que as cifras e partituras
falaram mais alto que os números no coração de Rafael: “Sempre tive vontade de tocar e
expor as minhas ideias. A Groove Litoral surgiu a partir do momento em que eu
reuni todas as minhas letras, tudo o que eu escrevi e decidi chamar os meus
amigos para tocar. Começou com um trio, depois foi um quarteto. O projeto
iniciou em maio do ano passado trabalhando dentro de estúdio, com uma visão já
mais profissional da coisa.”
A Groove Litoral é, não só uma
aposta para o futuro do cenário musical da Ilha, como também uma prova viva de
que é possível se inserir no mercado da música sem deixar de lado dois ingredientes
básicos: a autoria e a inovação. Hoje, uma banda de universitários, cursando ou
voltados para a área da engenharia civil, tem muito mais bagagem para estar na
estrada do que muitos músicos brasileiros. Com influências voltadas
principalmente para o cenário internacional como Jimi Hendrix, Eric Clapton,
George Benson, o estilo da banda começa a se formar por meio do rock clássico,
com uma pitada do country, acrescentando grandes artistas nacionais como Tim
Maia e Zeca Baleiro.
“Minha influência é
principalmente na questão técnica. O John Frusciante, guitarrista do Red Hot
Chili Peppers, por exemplo, tem muita influência técnica do Jimi Hendrix e eu
acho isso legal, voltar na história. Hoje em dia, estão surgindo várias bandas
que estão se remetendo ao rock das antigas, com o qual me identifico muito.
Está ressurgindo essa ideia de voltar às origens. Eu sempre curti Hendrix, que
é, pra mim, a origem de tudo, a origem do blues. Nossa técnica e arranjos são
todos em cima da teoria do Blues. Trabalhamos com escalas de cinco notas, e
isso nos da mais liberdade para improvisar.”
O ambiente escolhido pela banda
para a apresentação do primeiro CD é pouquíssimo convencional hoje. Como
imaginar uma banda de rock dentro de um teatro e não em um bar? Mais do que um
diferencial, essa escolha é uma recuperação de algo que se praticou há muito
tempo: a apreciação da música. Como propósito da escolha Rafael explica que o
desejo é remeter àquele tempo em que se sentava no teatro e contemplava uma
orquestra. Para ele, a música, hoje em dia, está perdendo essa contemplação: “Se hoje você vai ver uma banda
em um barzinho a galera toma umas geladas e tal, fica meio “alta” e acaba não
observando a musicalidade e não faz com que a musica vá pra frente. Num teatro,
você vai sentar, observar. È um lance mais artístico, porque tem uma
interpretação corporal, uma presença de palco. Não é só chegar lá e tocar. Você
tem que interpretar.”
Na visão de Rafael, a música está
perdendo seu espaço. As pessoas não estão buscando mais a musicalidade. A
ausência da cultura musical, da educação musical também faz parte: “Antigamente, na época em que os
meus pais estudavam em colégio a música era uma obrigação. Então isso faz a
diferença. Se você vai a um festival de rock, como o Lollapalooza, todo mundo
está sacando o show, entendendo a musica e o que o cara quer dizer, mesmo ele
cantando em inglês.
Então ta faltando as pessoas terem esse habito de sentar e
ouvir uma banda, prestar atenção.”
A Groove incorpora ritmos,
influências, percepções e consegue extrair de todo esse caldeirão algo
diferente e brasileiríssimo. Afinal, quer algo mais brasileiro que a mistura de
gêneros? Suas músicas tem uma mistura de rock’n roll, country,
bossa nova e outros gêneros. Na composição da banda o instrumento de sopro
trompete é a cereja do bolo, e com uma batida mais funk soul dá certo charme às
canções que o incorporam.
“Já estamos pensando no próximo
CD. Daqui a dois anos, queremos estar mais maduros profissionalmente, ter mais
bagagem, saber organizar melhor um show. Nossa meta é que sejamos reconhecidos
pela nossa música, mas sabemos que ainda há muito caminho para percorrer", Assim, foi concluída a entrevista. Nos olhos de Rafael o brilho de quem enxerga
um futuro próspero.
Mais do que um lançamento, essa
nova banda e o seu CD propõem uma renovação ao que é produzido no cenário
musical. Realmente, viver de música não é fácil ainda mais quando se tenta
fazer algo definitivamente autoral e que fuja de uma produção repetitiva de
ritmos e letras. Quem sabe, para isso, seja preciso voltar a enxergar a música
como uma arte.
Serviço
O quê: Lançamento do CD “Moleque
Brasileiro”
Quando: domingo, 28 de abril, às
19h30min
Onde: Teatro Álvaro de Carvalho
(TAC)
Quanto: R$10 a meia-entrada
antecipada e R$20 a inteira. No local, R$15 a meia e R$30 a inteira.
Site: www.groovelitoral.com
Um comentário:
Estarei presente para prestigiar o show da banda! Precisamos de mais bandas com este pensamento em Florianópolis! compareçam!!
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