quinta-feira, 7 de março de 2013

Uma carta feminista

No primeiro texto dessa coluna, que caiu de paraquedas para mim, acredito que deveria fazer uma apresentação e usar palavras difíceis para explicar de forma menos blasé o meu propósito no mundo. Mas, como estou com preguiça de me apresentar, ainda não tenho certeza sobre o meu propósito no mundo e blasé é uma das poucas palavras difíceis que conheço sem pesquisar no Google, vou pular direto para o texto.

Amanhã, como quase todo mundo sabe, comemora-se o dia Internacional da Mulher. Muito mais do que um dia para ganhar rosas e bombons das pessoas por aí, é um dia para você, mulher e também para você, querido moço, refletir. Afinal, além de muitos moços continuarem sendo extremamente machistas e sexistas em vários pontos, preocupa-me o fato de que muitas moças são tão ou mais machistas do que eles.

Sou feminista! Quando solto essa afirmação em conversas por aí, recebo muitos olhares de desaprovação. Se estou bem arrumada e maquiada então, eles aumentam – afinal, como posso ser feminista em cima de um salto? Ou de saia curta? Que desaforo! Acontece que foi-se a época que ser feminista significava andar queimando sutiãs pelas praças afora e não raspar as axilas. Ser feminista vai muito além – significa lutar pela igualdade e respeito entre os sexos, e você pode fazer isso de salto quinze e microssaia ou com coturnos e moletom.

Outra coisa que as pessoas confundem muito é achar que as feministas querem ser mais que os homens, que ser feminista é como ser “machista às avessas”. Ledo engano. Para frisar, machismo significa a dominação do homem sobre a mulher e feminismo é a busca dos direitos iguais para as mulheres. É a luta pelo nosso direito de fazer nossas escolhas e de ser livre dos padrões machistas da nossa sociedade.

Repito: sou feminista. Mas nem sempre fui assim. Já fui machista em muitos em muitas situações: já julguei uma menina pela forma como ela se vestia, pelo vocabulário que usava, já achei que determinadas funções só cabiam a mulher. Porém, ao perceber realmente do que se tratava o feminismo e pesquisar muito (muito mesmo) sobre o assunto, as passeatas e as lutas que são travadas todos os dias, finalmente, caí na real. E, assim como aconteceu comigo, torço que muitos moços e moças que continuam com a ideia errada do que se trata o feminismo possam mudar também.

Não adianta dar uma rosa para uma mulher amanhã, dia 8 de março, e continuar achando que a sua vizinha é puta porque sai com quem ela quer, enquanto o seu vizinho é o “fodão” porque tem as mesmas atitudes. Não adianta colocar uma linda frase da Clarice Lispector (creditada erroneamente, diga-se de passagem) e continuar achando que mulher tem mais é que cuidar da casa mesmo e satisfazer o homem que chega cansado do trabalho. Estamos em 2013. Menino, seja feminista – isso não é só coisa de mulher. E você, moça, seja menos, bem menos machista.

Quem quiser entender um pouco mais do assunto,deve conhecer o site Papo de Homem, que explica de forma bastante clara o que é o feminismo. Vale conferir.

Cristina Souza

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