sexta-feira, 29 de março de 2013

Sobre mosquitos e quereres

Ana Maria Ghizzo

Janeiro já se foi faz tempo, e as águas de março percorreram quase um mês. Culpem o aquecimento global, os desodorantes em spray, as ovelhas, tadinhas, ou quem quiserem culpar... O fato é que, nessa termo-bagunça que vivemos, algumas noites são mais quentes que outras e nas noites de calor intenso, os mosquitos, pequenos sanguessugas sedentos, batem suas asas mirando pernas, braços e qualquer outra parte do corpo que virem pela frente. O sol já estava a ponto de se esconder, foi quando lembrei dos pequenos visitantes noturnos no caminho pra casa, e parei para comprar incensos de citronela na esperança de espantar o incansável zumbido e as mordidas esfomeadas por algum tempo.



- Quer mais alguma coisa? – perguntou-me o atendente.

Acenei com a cabeça negativamene. Como quem quer puxar assunto, ele mesmo respondeu:

- Ah! Se fosse pra mim, que alguém perguntasse, já ia logo dizendo um monte de coisa que ando precisando...

Dei um sorriso - meio simpático, meio constrangido, com uma pitadinha de reflexão - e parti. No caminho, as palavras dele ainda ecoavam na minha cabeça. O que ando precisando? Revivendo velhos hábitos comecei uma lista.

Quero sorrir mais. Quero não sentir tanto medo, me entregar mais, amar mais, me jogar mais, acreditar mais. Ser feliz, ser sossego.

Quero voltar no tempo. Viajar até cansar, sair pelo mundo, quero fins de semana de praia e quero também passar os dias de chuva jogada no sofá.

Aproveitar os amigos, poder tê-los por perto. Quero mais risada.

Menos culpa e mais gordices, chocolate, queijo brie.

Quero não me atrasar tanto, mas quando o fizer que seja por bons motivos.

Quero cortar os cabelos sem medo e fazer até dança da chuva pra que cresçam depois. Quero outra tatuagem, e depois outra, e outra.

Quero mais violão, mais colchão no chão, e quero também mais bolinhas de sabão.

Essa história de se sentir livre pra pedir qualquer coisa que queira na sua vida é perigosa, e uma vez que a gente começa fica difícil saber quando e como parar. Só sei que quero mais.

Algumas noites são mais quentes que outras. E há ainda aquelas em que sopra a brisa da magia... Essas sim têm o poder de transformar tudo em sonho.

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