terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Sentimentos que engordam

Pesquisa mostra que a maioria da população brasileira acredita que 2013 será de prosperidade econômica mesmo em meios de prognósticos preocupantes


Todo começo de ano desperta excessivos sentimentos positivos nas pessoas e cada uma delas ingere uma disposição para encarar as coisas pelo seu lado bom. Elas começam a esperar sempre por um desfecho favorável, mesmo em situações muito difíceis.

Esses sentimentos otimistas e esperançosos tornam-se aguçados, e acabamos por consumir mais comoção do que nosso organismo necessita, e este excedente fica armazenado em nosso corpo, causando uma sensação segura, apesar de desesperadora.

Por paradoxal que possa parecer nos tempos de hoje em que obesidade se transformou em um problema de saúde generalizado e de difícil controle, os sentimentos que engordam, aos quais me refiro, não são aqueles que causam o acúmulo de massa, mas sim os que nos fazem acreditar que 2013 será melhor que 2012.

O ano mal começou e ingerimos uma série de prognósticos preocupantes e negativos. A crise econômica mundial não deve esfriar e países da Zona do Euro não conseguirão restabelecer-se em 2013. Portugal já começa a enfrentar seu ano mais difícil e a crise econômica europeia está longe do fim. A maior economia do mundo, norte-americana, permanecerá em um caminho de crescimento moderado no próximo ano em meio a fracos gastos do consumidor e investimento empresarial.

O crescimento projetado para o Brasil é bem menor que o registrado nos últimos tempos, analistas do mercado financeiro preveem que a economia brasileira crescerá 3,26% em 2013, o que reduz ligeiramente a previsão de Novembro de 2012, que estimava 4%.

A presidente Dilma Rousseff tenta vender otimismo sobre o crescimento do país em 2013, fazendo com que os brasileiros absorvam o ilusório comprometimento do Governo Federal com a redução de impostos e aumento de investimentos em infraestrutura. Mesmo com as estimativas do mercado, de apenas 1% de crescimento econômico neste ano, a presidente comemora queda na taxa de juros, fazendo-nos acreditar que essas pequenas ações são a chave do sucesso brasileiro.

Indubitavelmente, nossa presidente conseguiu vender seu peixe muito bem. Conforme dados divulgados pela pesquisa Barômetro Global de Otimismo, feita pelo Ibope Inteligência, mostrou que 57% da população brasileira acreditam que este ano será de prosperidade econômica, colocando o país como a terceira nação mais otimista, superado apenas pela Geórgia (69%) e Azerbaijão (58%). Nosso país é 60% superior à média global de 35%.

Tal qual comer um pedaço de bolo e ir se deitar não lhe fará mais gordo, nem correr 4km em determinado dia não o fará levantar mais saudável. Não será de um ano para o outro que a prosperidade brasileira ocorrerá e nem o seu declínio. O crescimento brasileiro é como a perda ou ganho de peso, acontece como um processo e não como um evento, de acordo com os resultados obtidos ao longo de um período significativo de tempo, não será uma ação ou outra isolada do governo o remédio para o progresso.


Um comentário:

Fernando disse...

Mais uma vez a estudante Bianca traduziu em palavras o que muita gente pensa mas não consegue se expressar, Uma ANALOGIA brilhante, Parabéns gostei muito do texto, e para quem não entendeu vai a explicação:

"A analogia é um método de interpretação jurídica, constituindo-se em um raciocínio por meio de um exemplo, ou seja, uma comparação com um problema semelhante e a utilização da mesma resposta." (Wikipédia)