quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Putas de papel

Chamam-me de mentiroso, na maioria das vezes: vagabundo. Fazem de mim um viciado além do que sou. Doses cavalares de fantasias e anedotas são injetadas em meu espírito altamente mutável. Sou uma pílula para os desesperados, a fuga dos cartesianos, uma promessa de amor a cada esquina, verdadeiras prostitutas de papel, vendendo amor instantâneo, amor reciclável, descartável!


Somos do peito, o doce e o amargo, o asco e o gozo; palhaços do asfalto em busca, em vez de trocados, de mísero suspiro; fragmentados, perdidos em bolsas e mochilas, empoeirados nas estantes, esquecidos nas coxias. Trabalhamos pela felicidade alheia, deixamos que experimentem de suas piores fantasias, vendidos a esmo, somos a esperança de uma diferente vida. Somos eternos julgadores, observando do alto de nossas prateleiras, não desejo que me ames, somente que me leias!

Estamos nas vitrinas, vestidos com nossas melhores roupas, meretrizes encapuzadas, de rosto encoberto pelo verso, esperando que nos paguem para lhes mostrar, em cada poema, em cada história, em cada conto, em cada foda; do que somos capazes. Damos o deleite que nos esperam, enquanto escondemos nossas almas por entre as linhas, nós escritores, somos como putas, ou garotos de aluguel, na corrida para saber, se alguém irá nos comprar.



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