A avenida central com passeio largo carece ter vida própria porque se encontra fechada à lembrança e ao esquecimento de uma rua que já viveu seus dias de glória. Seu conto perdido e esquecido pelas pedras da calçada branca suja, da cor do desgaste e da poeira do tempo. Não tem o brilho que se identificava com o sentimento que se esvaiu e o cansaço de tanto ser pisada ao longo de cinco décadas, e neste período todo não foi mais renovada ou fruto de atenção.
As casas construídas junto ao passeio extenso compõem construções muito desiguais e de todos os tipos de arquitetura, ocupam um espaço quase efêmero porque não se insinuam ou ganham lugar na confusa paisagem urbana, ao redor de grandes arranha-céus no centro da metrópole.
As formas geométricas dos bares, restaurantes e cafés, variam entre as linhas desordenadas, sem um critério de construção. Misturam-se como se quisessem dar existência a figuras abstratas. Os telhados de telhas longas fazem das mais diversas sombras para as pessoas que ali passeiam possam se aconchegar.
A rua é histórica e antiga, mas ninguém sabe a sua célebre biografia. O interesse de quem lá passa é olhá-la por fora sem se perguntar se a sua voz e se o seu coração ainda batem. Despersonalizada por quem a usa, contém ainda um místico e quase inesquecível charme, como se as suas calçadas tivessem já germinado segredos importantes e nunca revelados.
Rua viva durante a semana com o comércio que negocia ainda à custa da tradição, que se vai perdendo. Morta, como em sono profundo. Seu clima europeu reflete sonhos e mil experiências de pessoas que ali passaram. Hoje tão fastidiosa e tristonha dada à monotonia da semana corrida que ali passou. Em todos os lugares do mundo existe uma Boca Maldita, mas nenhuma boca foi tão maldita quanto à dos curitibanos. A boca deles não tinha dentes, mas se expressou melhor do que ninguém.
Um comentário:
Lindas fotos Bi!
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