sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Relatos de uma vida cotidiana

O despertador toca às sete horas da manhã. Hora de acordar para iniciar um novo dia sob a luz de um sol nascente. O banho morno de toda manhã é o primeiro passo. A roupa devidamente selecionada para mais uma jornada de trabalho. Hora de tomar um café quente para que a disposição apareça. Após o café tomado às pressas, os dentes são escovados com a pasta de dente. O sabor de menta tão familiar ficará na boca durante o resto da manhã. A porta de casa é chaveada, segurança em primeiro lugar! A frase que vêm à cabeça é “run, Forrest, run!”. Não se pode chegar atrasado, todos os horários devem ser preenchidos com perfeição. O ponto de ônibus está lotado de pessoas, algumas engravatadas, outras de calças jeans. Não há tempo para pensar nisso, é preciso foco no serviço, preparar o material. Depois de 45 minutos num ônibus quente, hora de trabalhar. O computador será a única e necessária companhia. Os dedos já acostumados começam a digitar tecla por tecla, formando palavras bonitas e politicamente corretas. Gráficos são sempre bem-vindos, para demonstrar dados em números que comprovam o potencial da empresa. Números são indiscutíveis numa sociedade que preza por dados exatos. Hora do almoço, depois de digitar tanto, um break é mais do que necessário. Mas tempo é dinheiro! Melhor comer logo e voltar ao exercício da digitação. Uma carne acompanhada por uma salada colorida é uma boa opção, dentro do que é oferecido. Digitar, digitar, digitar. Até às sete horas da noite esse será o foco. Transmitir uma mensagem que não é minha, mas sim da empresa. Quanto mais palavras e números são digitados, menos pensamentos afligem a mente. Para que pensar dos problemas sociais, pessoais e familiares quando se precisa do dinheiro no fim do mês? É pouco, mas as contas precisam ser pagas. Sem eletricidade, não tem televisão para ver o futebol no sagrado domingo. Sem água, não tem banho morno. Sem dinheiro, não tem aquela cervejinha para relaxar. É preciso foco e determinação para vencer na vida profissionalmente. Fim do expediente, hora de pegar outro latão para chegar em casa. Ônibus cheio de gente cansada e triste, mas se importar com o próximo é esforço demais para alguém que digitou o dia inteiro, em frente a uma tela brilhante de computador. Engarrafamento é algo que faz parte do cotidiano, as estradas são assim mesmo. Após um longo dia de trabalho e transito, a televisão é ligada. Enquanto um sanduíche de mortadela é preparado, o noticiário do jornal é uma distração válida. Vai chover amanhã, segundo a previsão do tempo. A criminalidade continua fazendo vítimas. Assaltos e depredação de caixas eletrônicos. O sanduíche é devorado em poucas mordidas. A nova novela começará em seguida. Após a novela, um filme velho é anunciado, mas não há tempo para isso, os olhos cansados não permitem maiores distrações. Novamente o gosto suave da pasta de dente sabor menta. A roupa de trabalho é substituída para a roupa de dormir, que é só uma bermuda de pijama. Ajuste do despertador para as sete horas do dia seguinte. Remédios são ingeridos com a ajuda de um copo d’água. A coberta é chutada da cama, está uma noite abafada. Uma boa noite de sono é revigorante para o despertar de um velho-novo amanhã.

Felipe Kowalski

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