sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Nove anos sem Elliott Smith

No último domingo, dia 21 de outubro, foram completados nove anos sem Elliott Smith, um compositor excelente com músicas simples, sensíveis e honestas. Poucas melodias são tão verdadeiras, de coração e alma, como as que ele fazia. 

Steven Paul Smith nasceu em Nebraska no dia 6 de Agosto de 1969, seus pais se separaram um ano depois e ele foi morar com sua mãe no Texas. Ele teve uma infância complicada com um relacionamento turbulento e abusivo com o seu padrasto Charlie (o tempo com o seu padrasto foi mencionado em algumas músicas). Aos nove anos ele começou a tocar piano e aos dez estava aprendendo a tocar violão. 

Aos 14 anos ele foi viver com o seu pai, que estava trabalhando como psiquiatra, em Oregon. Nessa época ele conheceu pela primeira vez o mundo das drogas e do álcool. Ele aprendeu a tocar clarinete e guitarra, começou a ser conhecido como “Elliott” e gravou suas primeiras músicas. 

Smith formou-se em filosofia e ciências políticas em 1991, em Massachusetts. Nesse tempo ele voltou para o Oregon, formou uma banda chamada Heatmiser. Seu primeiro disco solo, Roman Candle, saiu em 94. As músicas foram gravadas e produzidas pelo próprio Elliott num porão, de forma bem simples, acústica, num estilo Folk. 

Em 95 ele lançou seu segundo disco, “Elliott Smith”, gravado de forma similar ao disco anterior. As músicas falavam de temas recorrentes em sua vida, como drogas, álcool e depressão. Destaque para Needle in the Hay, que ficou mais conhecida e que, mais tarde, fez parte da trilha sonora do filme “Os Excêntricos Tenenbaums”. Em 1996, Elliott grava um curta-metragem: Lucky Three: An Elliott Smith Portrait. 

O terceiro álbum “Either/or” foi lançado em 1997. Foi mais bem produzido que os dois anteriores e fez mais sucesso. Nesse trabalho, Elliott Smith tocou violão, teclado, guitarra, baixo e bateria. “Say Yes” é, definitivamente, a música mais comercial do disco, bem mais otimista e alegre que a maior parte de seu repertório. Outras músicas que ficaram mais marcadas desse disco são “Angeles” e a belíssima “Between the Bars”. Essas três faixas entraram na trilha sonora de “O Gênio Indomável” (com uma nova versão orquestrada de “Between the Bars”), além de “Miss Misery” que foi feita especialmente para o filme e fez bastante sucesso, tanto que Elliott foi indicado ao Oscar, em 1998, pela melhor canção. Aliás, Elliott Smith tocou “Miss Misery” na cerimônia do Oscar. Ele estava sozinho em pé, com um terno e uma calça branca, tocando seu violão enquanto escutavam-se sons de violinos ao fundo. Ele com sua típica voz melancólica canta o primeiro verso da música: “Fingirei isto ao longo dia com a ajuda de Johnny Walker vermelho”. No fim, foi aplaudidíssimo, mas a canção que foi premiada naquele ano foi “My Heart Will Go On” de Celine Dion, trilha do Titanic. 

Elliott ganhou mais repercussão depois do Oscar e da trilha de “O Gênio Indomável”, o que fez com que ele assinasse com a gravadora “Dreamworks”. Mas como nem tudo são flores na vida de Elliott, ele entrou em depressão e mencionou a possibilidade de tentar suicídio. Mais tarde em 98, ele lançou o álbum “Xo”. Destaque para a intensa “Waltz #2”, em que ele fala sobre a relação com sua mãe e seu padrasto. 

Figure 8 foi seu último álbum em vida, lançado em 2000 (curiosamente, a décima sexta e última faixa do álbum se chama “Bye”). Após a gravação e o sucesso de crítica, Elliott tocou em alguns programas, como o de David Letterman e Conan O’Brien. 

Elliott Smith também tocava algumas músicas covers em seus shows, como Blackbird dos Beatles. 

Porém, nos próximos anos, Elliott Smith começou a ficar mais problemático. Seu vício em heroína ficou maior e mostrava sinais de paranoia, mas continuava tocando em alguns shows, principalmente em Los Angeles. Tentou fazer reabilitação e começou a gravar músicas para seu próximo disco, “From a Basement to the Hill”, que foi lançado de forma póstuma. Ele foi encontrado por sua namorada, Jennifer Chiba, com duas facadas em seu peito. Ela afirmou

que os dois discutiam, quando ela se trancou no banheiro. Chiba ouviu o grito de Smith e ao abrir a porta, o encontrou com uma faca em seu peito. Ela tirou a faca de seu peito e chamou a ambulância. Smith morreu no hospital. Sua morte ainda gera controvérsias, pois foi registrada como suicídio, porém a necropsia deixou em aberto a opção de um homicídio. Ele deixou um legado rico e inestimável para a música. Resgatou o Folk numa época em que não haviam muitos artistas do gênero na mídia. Faz muita falta alguém com essa vocação e alma no cenário musical atual.
Felipe Kowalski

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