quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Lembranças de nosso início na Zona

Acho que nunca esquecerei do dia em que tentávamos encontrar um nome para a coluna que acompanharia os fatos da corrida à prefeitura de Florianópolis neste ano. Pensamos em muitos nomes bizarros e, talvez, tenhamos escolhido o mais sem graça deles: Coluna da Zona! Zona veio da Zona Eleitoral. O objetivo era tratar da política local como uma Zona, como um território obscuro, curioso, de experiências diferentes. O nome tinha que chamar a atenção do leitor, nem que ele fosse clicar na página esperando outra coisa – aquilo que existe na zona convencional, não tem?

De fato, o início de nosso trabalho na Zona foi muito bom – Zona do Estopim, é bom esclarecer. Tínhamos várias ideias na cabeça: fazer perguntas ousadas aos candidatos e candidatas à prefeitura, levá-los para que fossem entrevistados no meio de uma praça ou de um banco do terminal de ônibus, pegar no pé deles por falhas nas repostas ou por equívocos em seus discursos. Ousadia era a palavra chave!

O Estopim deu muita bagagem para nossa equipe – equipe, a qual, se desfez ao longo do período de campanha eleitoral. Observamos que os(as) postulantes estavam dispostos a nos atender – queriam esse espaço de uma mídia pequena, sem muita repercussão, pois sabiam que todo espaço para divulgação de seus projetos é bem vindo.

Mês de julho e início de agosto estávamos empolgados com a novidade: quase todos os candidatos haviam marcado suas entrevistas conosco. Acompanhamos os primeiros debates, participamos de caminhadas e concentrações de alguns candidatos – e aí reconheço que erramos: deveríamos ter ido atrás de todos eles e não apenas de alguns. Contudo, com equipe pequena, dificuldade de locomoção e até mesmo obscuridade na agenda de certos candidatos, nosso trabalho restou prejudicado no acompanhamento dos eventos políticos da cidade.

As aulas iniciaram e tudo ficou mais difícil. As críticas também apareceram e nos fizeram ver que quem vai para a vitrine pode ser apedrejado.

No fim das contas, a irreverência ficou de lado, as entrevistas foram mais convencionais que as concedidas pelos políticos para as mídias tradicionais, e a falta de tempo fez com que a Zona não fosse tão frequentada como esperávamos – é, as meninas que trabalham na nossa Zona talvez deveriam ter ousado um pouquinho mais nos trajes, nas caras e bocas ou na maquiagem.

A experiência pessoal, contudo, foi magnífica! Ter o privilégio de conversar com alguns dos principais políticos locais, acompanhar suas agendas e, mais do que tudo, aprender a exercer o jornalismo – ainda que aos trancos e barrancos, é verdade – não tem preço.

Que o Estopim desbrave muitas e muitas Zonas!


Ilustrações: Gessony Pawlick Jr.
Leonardo Contin da Costa

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