terça-feira, 23 de outubro de 2012

Kim Puch

Por trás da história que todos sabemos

Os detalhes das lembranças que apenas alguém que viveu na guerra consegue descrever. Kim Puch emocionou alunos, professores, comunidade e repórteres do Fantástico no auditório do Campus Unisul Grande Florianópolis, dia 11 de Outubro. Sua história é comovente, diferente do que contam os livros didáticos usados nos colégios para explicar os conflitos do mundo, que Kim Puch traz consigo relatos do sofrimento, das queimaduras, das vezes que desmaiou de dor e dos sentimentos que o acometeram: compaixão, coragem, vitória e fé. Ao ouvir a história da menina que protagonizou a famosa fotografia, Kim Puch, com seu jeito oriental, a voz suave, a baixa estatura, a educação e a paz que transmite, impressionou a todos os presentes.

Quarenta anos após a tragédia onde adquiriu queimaduras de primeiro grau em 50% do seu corpo, ela confessa sofrer ainda com as dores que voltam com a mudança de tempo. Kim revela que para esquecer a dor, que a faz sentir-se doente, escuta música, fala ao telefone e caminha.

Kim e a fotografia

Kim relatou que simplesmente, enquanto a bomba explodia, sua roupa sumiu do corpo que pegava fogo. “A bomba de Nepalm, queima em altas temperaturas pela mistura com a gasolina. Os soldados que nos socorreram infelizmente, não sabiam a composição da bomba, e ao tentar nos socorrer, nos queimavam ainda mais, jogando água em nossos corpos, a queimadura tornava-se ainda mais profunda. Eu apenas chorava.”

Kim descontraiu a platéia ao longo dos seus contos emocionantes. Com bom humor, relatou ser um milagre estar no Brasil e, que graças ao fotógrafo Nick Ut, o responsável pela famosa fotografia ao lado e por levá-la ao hospital, está viva. Puch contou que durante quatorze meses esteve internada no hospital, que ao longo deste período sofreu dezessete cirurgias e que desmaiava de tanta dor. “Nós devemos aprender com nossas experiências e ficamos mais fortes. Rezo muito, isso me ajuda e me ensinou uma lição: A importância do amor. A compaixão dos médicos, enfermeiros, amigos e familiares. Sentia muita dor e meus irmãos e primos me massageavam”.

Kim cita também a fotografia, como um bem valioso que fez com que as pessoas, mudassem o pensamento a respeito da Guerra. Os soldados que usavam as bombas para abrir territórios, ficaram chocados ao saberem que, além de terem realizado o objetivo de acertar as bombas nos lugares necessários, estavam mutilando e matando inocentes. Em 1996, reencontrou o piloto do bombardeiro e o perdoou em frente às câmeras. Kim, com suas raízes de fé ligadas ao catolicismo, pode ser um exemplo de vida. “Se eu, que

sou a menina ferida na Guerra do Vietnã, que passei anos com muita dor, as quais sinto até os dias de hoje, pude perdoar as pessoas que queimaram a minha pele, que caía de mim naqueles instantes eternizados em uma foto, vocês também podem perdoar seus inimigos, vocês não acham?” Kim Puch, muito mais do que uma

vitima da guerra, tornou-se um ícone exemplar de coragem e compaixão. Hoje, seu objetivo é ajudar crianças que sofreram as consequências de conflitos entre territórios e pede contribuições para os projetos que ocorrem em vários países diferentes.

A vida pós guerra

Com 19 anos, graças aos 14 meses que passou no hospital, ingressou no curso de Medicina. “Foi por um curto período. O governo vietnamita achava que eu deveria ser um símbolo da guerra, e me transformaram nisso. No meu país não éramos livres para fazer nossas escolhas. Mais tarde pedi para um ministro para voltar a estudar e fui enviada para a Universidade de Havana, em Cuba”.

Kim maravilhou-se com o Espanhol e ao chegar em Cuba, iniciou estudos relacionados a língua espanhola, direcionando seu tempo para estudos de graduação em Inglês e Espanhol.

“Você pode perder tudo, mas se tiver o amor da família você recupera tudo.” Esta frase foi dita por Kim, que no decorrer da aproximada uma hora e meia que esteve com o microfone na mão, passou ao público, uma lição de vida em frases relacionadas ao amor e a fé. “A fé e o poder do amor são mais fortes do que a bomba Napalm”.

Kim Puch, milagrosamente não perdeu a vida com a pele 50%) queimada, hoje, percorre o mundo, como um exemplo de vida para qualquer pessoa.

Bruna Moraes

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