quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O aconchegante lar da literatura catarinense

Perambulei a passos rápidos pelo centro de Florianópolis procurando o berço de preservação e aconchego da literatura de Santa Catarina. Neste 13 de setembro, a Academia Catarinense de Letras realizaria uma sessão da Saudade em homenagem a Sylvia Amélia Carneiro da Cunha, titular da cadeira 26 dessa confraria.

Referenciado pelo Clube 12 e sabendo que o meu local destino era Av. Hercílio Luz, pensei que a Academia fosse um prédio moderno. Felizmente enganei-me. A ACL desde março desse ano, funciona em instalações envelhecidas pelo tempo. Entrei sabendo que sentiria cheiro de história.

Lá dentro, a bibliotecária Ana mostrou-me as duas bibliotecas existentes. Uma delas distribui livros dos nossos acadêmicos, também de outros escritores catarinenses, das academias de São José e Biguaçu, por exemplo, e até publicações da Academia Brasileira de Letras.

A outra biblioteca, na verdade, é uma sala repleta de caixas de papelão que precisam ser abertas. Nelas, mais livros que serão colocados no acervo. São obras que precisam ser organizadas com as demais. Tive vontade de me trancar ali dentro e de beber conhecimento por horas e horas.

Antes da sessão, fui apresentado ao confrade Júlio de Queiroz. O imortal da cadeira 10 é dono de um senso de humor apurado e não perde a chance de contar uma piada. Ele também me deu provas de que é um livro de história catarinense falante e ambulante. Mais interativo que qualquer e-book.

O presidente Péricles Prade iniciou a solenidade quando o relógio já arrastava os minutos das sete horas da noite. Então a formalidade invadiu o auditório e respeito à memória de Sylvia Amélia nos fez ouvir a homenagem. Chamou-me a atenção um dos ofícios da confreira. Sylvia foi jornalista. Guardei aquela coincidência no bolso e sorri sozinho.

Encerrado o evento, suspirei. Enxerguei-me velhinho, mas falante e observador como aqueles nobres senhores. Não me despedi de todos como era minha vontade, apenas de um dos imortais, Mário Pereira, a quem devo o agradecimento pelo convite.

Na saída, outra gentileza de Mário surpreendeu-me e encheu o coração de ansiedade. Ele convidou-me para, um dia desses, tomar o chá da tarde com os outros confrades. Deixei a Academia e caminhei pela Praça XV, depois passei a frente do Palácio Cruz e Sousa, trazendo para os meus olhos e memória as pequenas sensações daquele 13 de setembro.

Nícolas David

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