quinta-feira, 30 de agosto de 2012

"Quidê?"

Para começar uma crônica só preciso de algumas xícaras do café que minha mãe apronta. Bebo, espero o coração acelerar e depois só preciso esperar uns dez minutos até que as minhas mãos estejam prontas para acompanhar a velocidade do meu raciocínio e teclar as letras do teclado.

Não vim para isso, mas só para deixar uma pergunta. Na faculdade, descobri que antes de começar um ensaio é necessário primeiro encontrar um problema e então formular uma indagação. Sabendo disso, imaginei que crianças entre cinco e seis anos estão mui aptas para "ensaiar cientificamente".

Necas. Fazer ensaio é muito difícil! A gente tem até que fazer citação e para isso ler um monte de autores, muitos deles habitantes do céu, que tenham discutido o mesmo problema que colocamos a mesa. No fim, escrevemos para sanar os compromissos de acadêmico, sem considerar a possibilidade crítica dos artigos e ensaios.

Pois bem, agora, falemos da perguntinha ordinária desse texto. Quidê? Quidê é a forma popular de cadê. Serve para que um indivíduo, ou uma indivídua, tanto faz, pergunte a outro em que lugar se encontra algo. Genial!

Agora, que acabei de lhe revelar o segredo do universo, posso mergulhar no x da questão que me motivou encher o branco do word de parágrafos. Antes, por motivos de contextualização histórica, e também para não me incomodar com a lei autoral, devo esclarecer que não formulei a pergunta sozinho.

A verdade é que a pergunta não é de minha. Diante de uma proposta de trabalho acadêmico, tive que me reunir a um colega e então trocamos ideias. Ele ficou com a minha eu fiquei com a dele e saiu a tal da pergunta do trabalho.

A minha ideia ele guardou no bolso. Dizia assim: se eu não confio em meus dentes que mordem minha língua, por que eu deveria confiar ideias a outros escritores? Depois, confessou-me ter puxado a tal ideia em um sarau literário em Portugal e, com ela, ganhou aplausos fervorosos dos outros literatos "purtugueses".

Este é o oitavo parágrafo de escritos que se arrastam em linhas chorosas. Linhas que formam o gênero textual denominado crônica. Sim, a crônica do ensaio, o ensaio da crônica. Aproveito a ensejada despedida e revelo a capciosa pergunta: Quidê a crônica?

Nícolas David

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