domingo, 15 de julho de 2012

Mulher

Vou falar um pouquinho sobre este ser, supostamente dotado de sexto sentido. Sendo verdade ou não pouco importa. Verdade é que elas perturbam como ninguém e em todos os aspectos. Elas podem com tudo e com todos independente da razão e do assunto. Elas vencem mesmo quando são derrotadas. Belas, musas, rainhas, princesas, presidentas. Mudam até os substantivos, antes comuns de dois.

- Roberta, faz o favor de pegar a cerveja na geladeira!
- Claro meu amor, Skol, ou Brahma?
- Tem Brahma?
- Na verdade, não.
- Então pode ser Skol.
- Está bem querido.

Essa é uma mulher recém-casada. O marido ainda tem o comando da situação e seus desejos são atendidos. Daqui a poucos meses essa mesma cena se resolveria assim:

- Roberta, pega uma cerveja pra mim.
- Agora não posso. Pega você!
- Puta merda mulher! Te custa alguma coisa?
- Sim.
- O quê?
- O teu cartão de crédito (oferecimento: propagandas machistas).
- Eu pego a cerveja.

Roberta descobriu que pode comandar. Aí é que mora o perigo. Dentro dela, monstros foram evocados e o maridão que a aguarde.

- Priscila, cadê o meu relógio?
- Qual?
- O de pulseira de ouro que a mãe me deu.
- Ah! Está dentro da tua gaveta.
- Verdade. Está aqui mesmo.

Priscila fez o que qualquer mulher faria. Se isso não se repetisse com tanta frequência. A rotina, contudo, ensina alguns comandos:

- Priscila, onde está o cinzeiro?
- Não sei. Procura.
- Priscila, tu sempre some com as minhas coisas.
- Claro, tu sempre deixa jogado pela casa.
- E o cinzeiro cadê?
- Boa pergunta.
- Cacete! Não dá pra pedir nada pra ti mesmo.
- É eu sei, Achou o cinzeiro? Também quero usar.

Nessa circunstância, se ele não achar o aparato o problema é dele. Ela pode esperar que ele saia para o trabalho e vai fumar sozinha. A vingança se come com um bom cigarro. Se é que isso é palatável.

- Sofia, aqui está o seu presente.
- Amor, é lindo. Era exatamente isso mesmo que eu queria.
- Que bom querida, deu um trabalhão.
- Mas como você adivinhou?
- Intuição.
- Ai amor que lindo. Obrigado!

No começo, o respeito e a devoção assustam, depois, a desconfiança e a impaciência corroem:

- Parabéns amor!
- Parabéns? 25 anos juntos e você me dá parabéns?
- Calma querida, o presente está em casa.
- Você esqueceu. Não me enrola Maurício, Tenho cara de palhaça?
- Amor, calma!
- Que calma? Eu não aguento mais.

Coitada da Sofia. Esse caso dá para entender. 25 anos é muito tempo. O Maurício poderia ter dado o presente Junto com os parabéns, ou guardava os parabéns para dar em casa e dava o presente no carro. Ou dava o carro pra ela e deixava os parabéns em casa. Poderia ainda dar a casa o carro e ficado com os parabéns para si. De fato, ele se antecipou e acabou se dando mal.

A metamorfose é ambulante nas mulheres. Elas têm pelo menos outros cinco seres internos. Os homens mal conduzem a própria vida. As mulheres são muito mais inteligentes. Presidem, mobilizam, embelezam, acariciam. Uma mulher vale mais do que mil palavras e não é porque elas são falantes é porque suas vidas rendem matéria de jornal e revista.

Pedir aplausos é pouco em reverência às nossas heroínas. É bom admitir e ressaltar sua superioridade intelectual e física. Não, ainda não é suficiente. Ainda não expressei bem. Assim, me obrigo a pedir os aplausos.
Crédito das ilustrações: Gessony Pawlick Jr.
Nícolas David

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