sábado, 7 de julho de 2012

Eu já vi isso em algum lugar

Eu tenho certeza que já passei por aqui antes! Certeza? Vã certeza...

Vamos juntos. Estamos andando na rua, olhando ao redor: as coisas parecem bem, as pessoas continuam aparentemente felizes. Eu olho para um lado, você para o outro. A brisa está batendo em meus cabelos, eu viro para o seu rosto e... “Meu deus, que déjà vu!” Nós continuamos andando e meu cenho já está franzido. A atmosfera parece outra, o mundo parece andar no passado. “Eu já vi isso em algum lugar, eu já vi isso em algum lugar...”

Quem não conhece o famigerado Déjà vu?
O cara que conseguiu explicar isso foi o tal do Susumu Tonegawa, um geneticista e biólogo americano, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). A experiência foi a seguinte: ele fez um ratinho de laboratório com uma parte do cérebro desregulada. Bom, esta parte se chama giro denteado e fica dentro do lobo temporal. Tudo bem, isso é um monte de nome estranho que nem eu consigo entender muito bem, mas continuemos. Dentro desta caixinha, digamos assim, que fica dentro do cérebro, é onde guardamos os fragmentos da memória. Um cheiro, um rosto, um sentimento do passado. E é exatamente aí que acontece a sensação de “eu já vi isso antes, Zé” quando a caixinha pifa. Segundo a ciência, istepô.

Bom, a partir de então, o Susumu resolveu colocar o rato falso com um verdadeiro e ver qual seria a reação dos dois ao ficarem em uma gaiola levando choques. O resultado foram ambos parados. Depois disso, o geneticista trocou-os de gaiola e esperou a reação. Ele chegou à conclusão que o rato da “caixinha” desregulada não conseguia ver que os choques haviam parado, enquanto o outro - com cérebro em perfeito estado -, percebera. Ou seja, o resultado final foi que o fenômeno acontece quando este lado do cérebro dá uma rateada, o que faz você achar que já viu aquilo antes. A sua memória imediata passa diretamente para a de longo prazo, parecendo, então, que está revendo a cena do passado. Visões de outras vidas? Não para eles!

O outro lado da sua querida memória
Se você está satisfeito com esta explicação, só lamento. Os cientistas ainda não consideram esta experiência única e totalmente explicativa. Há muito para se descobrir. Tanto que o meio religioso também tem suas versões a respeito do que seria a estranha impressão de já ter vivido coisas que nunca aconteceram. 

O lado religioso vê o fato como uma visão da vida passada. Suas emoções levam um impacto energético tão grande que forçam sua memória a ter lembranças de momentos pretéritos. Afirmam ainda que objetos, cidades ou residências também possuem seu próprio campo energético – conhecido como egrégora -, levando ao déjà vu dos locais. É mais ou menos como entrar em um restaurante e ter a certeza de já ter ido àquele lugar e conhecer até mesmo as pessoas. Isso parece tenebroso, não é? A coisa pode ficar mais ainda sem explicação. 

Não satisfeito com os resultados, tanto religiosos, como científicos, o psiquiatra Chris Moulin, da Universidade de Leeds, Inglaterra, resolveu procurar pessoas que tivessem o fenômeno com mais frequências possíveis. Pasmem, encontrou, em clínicas psiquiátricas, diversos pacientes afirmando saber de tudo que poderiam acontecer. É uma viagem sem retorno, um déjà vu eterno. Um de seus casos, apresentado por volta de 2000, tinha a certeza de tudo que acontecia nos jornais. Será que isso é prever o futuro? Bom, segundo as tomografias feitas ainda não chegou a era que poderemos saber do momento seguinte. A massa cinzenta do cérebro do paciente atrofiou na região atrás das orelhas (lobo temporal), esta que orienta nosso sensor de memórias. Ou seja, tudo que acontece no presente, o paciente acredita estar no passado. Suas lembranças imediatas passam diretamente para as de longo prazo. 

Os mistérios do corpo humano ou os segredos deste mundo, isso, ainda nada sabemos. O que é verdadeiramente um déjà vu, além de pequenas sensações que nós imaginamos ter? Será elas reais? Isto tudo não pode ser piração de nossa cabeça? Quem garante que os cientistas estão certos? Se pessoas tem a sensação anos antes estar em um lugar e depois realmente acontecer aquilo? Como minha memória pode transformar isso de imediato ao passado? Mistérios e mistérios da vida. Já diziam os sábios: “o que sei é que nada sei”.
Rafaela Bernardino

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