terça-feira, 19 de junho de 2012

O lado que poucos conhecem de Gandhi

Antes de ser Mahatma, o grande já foi mundano?

Canonizado pelo pensamento da maioria dos que prezam a moral e os direitos do homem, o velho advogado, pensador e líder. O homem que moveu populações em marchas contra preconceitos e cerceamentos de liberdade antes de tudo é um homem e teve uma fase mundana em sua vida, por mais que pareça ter sido sempre imaculado.

O que trago aqui é um recorte de uma reportagem da Revista Piauí, de maio - edição 68, tendenciosa, mas válida enquanto nova maneira de olhar. As linhas de apoio dizem: Nova biografia descreve relação de amizade homoerótica entre Gandhi e o arquiteto alemão com quem viveu durante anos na África do Sul.

"Além de não representar uma necessidade, o casamento, é, na realidade um estorvo para o trabalho público e humanitário" (palavras de Gandhi extraídas de citações inscritas no texto). 

A busca pela desconstrução do sacro-homem não é difícil de ser apercebida, não que esta conteste os feitios de um cidadão cosmopolita e com o título de Mahatma (Mahatma significa uma grande alma), mas a reportagem de Joseph Lelyveld traz em seu título um trecho de uma das cartas trocadas entre Ghandi e Kallenbach."Eu sei que em minha viagem solitária pelo mundo você será o último a me dizer adeus( ou não dirá isso nunca). Que direito eu tinha de esperar tanto de você?" (Grifos de outra carta) A relação é condicionada, na reportagem, por palavras que instruem um pensamento insólito: "O que é fácil passar despercebido, nos relatos da vida de Gandhi na fazenda Tolstói, é o quanto seus sentimentos em relação a Kellenbach se tornaram um fator importante na mudança interior pela qual estava passando. Ele não só se empenha em reformar o companheiro, como se esforça por tornar permanente a ligação entre eles." (Trecho da reportagem, pelo autor)

O emprego das palavras sentimentos, companheiro e tornar permanente a ligação conotam uma relação mais íntima entre os citados. A revista Piauí, periódico mensal no qual foi exposta a matéria, é reconhecida como mutante do jornalismo acelerado de todos os dias, não só na forma estética de exposição mas os conteúdos contidos também caracterizam-na. E é nesta forma diferenciada que pode ser que esta perca o cunho verossímil para os leitores. O diferente causa estranhamentos e pela falta de crédito que sustente os ditos, contraído pelos pré-construídos, traga uma visão que desqualifique a reportagem. Por outro lado, a busca incessante pelo olhar diferente pode condicionar o sujeito autor a produzir argumentos para que determinado dogma seja revogável, mesmo que estas alegações tenham sido manejadas.

Em busca de coisas novas lemos. Muito, pouco, o importante é visualizar a construção dos discursos dos meios e dos autores.

Adilson Costa Jr.

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