quarta-feira, 20 de junho de 2012

Bruxinha Artesã

“Bruxinha”, como é conhecida Suziene Breschi, diz que ser artesão é um dom. 32 anos, cinco filhos, com mais de meio Brasil e América Latina viajado para vender artesanato, Suziene tem, junto com o marido, uma banca na rua Marechal Deodoro, Centro de Florianópolis, com pulseiras, colares, pedras, brincos, aneis. “Aqui, é tudo exclusivo. Só faço peças únicas”, afirma a artesã.

A paulista nasceu em Ribeirão Preto e mora na Ilha há doze anos. O pai era italiano e veio para o Brasil fugindo da segunda guerra mundial, conheceu a mãe na Bahia, onde se casou e tiveram sete filhas mulher e um filho homem. Ambos eram artesãos. “A maioria das pessoas que fazem artesanato têm isso de berço, principalmente quem vem da Bahia e do Rio Grande do Sul” aponta Suziene, com uma ressalva “o artesanato não morre nesses Estados”.

Leandro é marido de bruxinha, tem 33 anos e é natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Simpático e meio envergonhado, podia, inclusive, ser dublê do ator Guilherme Fontes, caso gostasse das câmeras. Ele atende a um turista paulista que estava à procura dos hippies, enquanto Suziene conversa com o Estopim. “Pega essa pedra aqui. Pode levar, estou te dando ela”, diz Leandro ao rapaz.

O casal artesão faz tudo com um sorriso nos lábios. Leandro é cozinheiro, Suziene formada em administração de empresas. Ela fez mais de 35 cursos e já teve cinco lojas que fecharam porque “os impostos são muito altos”. Para eles, o melhor mesmo é manguear, que no vocabulário próprio dos artesãos significa vender de boca em boca. “Eu trabalho pra mim mesma, faço apenas o que quero. Gosto de ter essa liberdade”, explica bruxinha quando questionada o porquê de permanecer com as vendas na rua e não ampliar o negócio.

“E por que bruxinha”? A artesã sorri e diz “Sou a sétima mulher da casa, que tem apenas um homem. Dizem que quando é assim a mulher vira bruxa e o menino lobisomem. Meu irmão não é lobisomem, mas eu virei a bruxinha”. E completa dizendo que “todos os artesãos que me conhecem só sabem meu apelido. Nós, artesãos, não sabemos os nomes um dos outros, usamos codinomes. O dele [Leandro] é bolinho”.

Caminhando para o final da entrevista, Suziene entrega uma pedra ágata-de-musgo e diz que é para trazer sorte e autoconfiança. Quando soube que a matéria sairia em um blog, se posicionou anti-tecnológica “não gosto dessas coisas de Twitter, Facebook e blogs”, mas continuou com a mesma simpatia e atenção do início da conversa. 

A câmera foi preparada para mais uma foto, bolinho tirou a atenção das pedras, arrumou-as cuidadosamente na banca e se voltou a enorme objetiva apontada para baixo “Ah! Outra foto?” disse ele timidamente brincalhão.
Crédito das fotos: Thaís Teixeira
Thaís Teixeira

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