segunda-feira, 7 de maio de 2012

Crônica do Sofrimento

Então a tristeza e o sofrimento unidos, causaram-me essa vontade de respirar fundo e de sentir. Sentir que nada é bom, e nem válido, que todos os esforços são forças desperdiçadas.

Há barreiras em todos os sonhos. Nada mais me causa verdadeiros risos. Meus dentes só vêm a público para tampar a agonia trancafiada no coração.

Não quero me preocupar com nada e nem que me ergam como se eu precisasse disso. Desejo ficar sozinho, choroso, triste, podendo salvar a mim mesmo e a mais ninguém. 

Estamos em uma selva e só quero me salvar. Os demais virem-se com suas próprias forças. Chorem suas próprias lágrimas se forem capazes. Cada um cuide do seu. 

Quero me afastar desse abismo, antes que ele me salve das outras coisas. E reencontrar de olhos abertos a alegria. Senão, respirar não faz sentido. 

Enquanto isso eu sigo como refém da minha própria existência e vou em frente, vendo a progressão do tempo e a estagnação dos meus sentidos. 

De que valem meus olhos e as minhas palavras? Por que eu posso ouvir todas as palavras e falá-las também? Por que eu consigo sentir e perceber tudo ali pertinho? 

Que maldita vida eu escolhi para mim que péssimo exemplo eu sou para o meu futuro. Que droga de passado eu guardo nesse baú marrom que eu carrego embaixo dos braços. 

Eu quero ficar aqui mesmo. Nessa caverna, nessa fazenda, nessa cápsula. Eu não quero tempo para fazer nada, eu já faço de tudo e não há nada de especial nisso. 

Quero dormir como bem faz o meu coração. Desejo apenas imitar o silêncio da minha emoção. Quero acompanhar o ritmo dessas calorosas letras e silenciar junto delas. 

Se não bastar, interrar-me-ei no mais profundo buraco e dane-se as saudações, lamentações e a minha memória. Dane-se o prazer que eu pouco senti e o riso que eu mascarava. 

Aqui, sinto-me seguro e menos mentiroso. Aqui, sinto-me fiel ao presente momento, pois a tristeza e o sofrimento casaram e me fizeram sentir e sofrer de verdade. 

Nícolas David

3 comentários:

Leo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Leo disse...

não sei, mas acho que o grunge já teve a sua época, e a tristeza pela tristeza acaba sempre soando um pouco clichê. Ainda mais quando é publicada. Aí parece que o escritor espera a aprovação sendo que denuncia uma ausência de sentido, o que em si é um contra-senso. Se não há sentido a vista, não há porque simplesmente lamentar nos ouvidos e olhos dos outros. Falta nesse texto
o que Aristóteles chama de grandeza ideal, além de beleza e poesia.

Nícolas David disse...

Leo,
uma vez alguém te disse que era importante ter um lugar onde a gente pudesse depositar tudo aquilo que pensa. Dessa maneira, pouparíamos as outras pessoas de terem que ouvir isso. Seu blog segue essa filosofia. O Estopim, conversa com uma centelha de gente. E, naquele momento, era isso que eu queria dizer aos leitores. No mais, se você acha que um blog serve para dizermos o que quisermos para nós mesmos, seria mais coerente criar um pastinha no desktop e colocar seus arquivos de word.