Às vezes me pego pensando na responsabilidade desta profissão que escolhemos: Jornalismo. Sem desmerecer as outras profissões, fico a imaginar o quão importantes são as informações que repassamos aos nossos leitores todos os dias – tudo aquilo que escrevemos hoje poderá ser fonte de análise no futuro, inclusive entre aqueles que escreverão a História deste início de Século XXI.
Algumas situações neste sentido me chamaram a atenção nos últimos dias: a primeira delas, através do twitter do titular da Coluna Visor do Diário Catarinense, Rafael Martini, que tem quase 2.000 seguidores nesta rede social. Ele escreveu, no início desta semana, em meio à crise na segurança pública provocada pela exoneração do Delegado Cláudio Monteiro da Diretoria da DEIC, que o Governo do Estado havia emitido uma nota oficial acerca da 'exoneração do Secretário Estadual de Segurança Pública, César Grubba'. Na hora em que tuitou esta notícia – sem que eu lesse o que, de fato, havia na nota emitida -, imediatamente pensei que a Segurança em Santa Catarina estava num caos muito maior que imaginamos – afinal, em curtíssimo espaço de tempo, havia sido exonerado o Diretor da DEIC e o Secretário de Segurança Pública. Em poucos segundos, a Deputada Estadual Ângela Albino (PCdoB), mandou mensagem a Martini questionando a veracidade da informação. Até o momento em que o Jornalista corrigiu seu ato falho (ele explicou, em seguida, que a nota se tratava da exoneração de Monteiro e não de Grubba), Albino já tinha repassado a notícia a seus correligionários – alguns, segundo ela, quase enfartaram. É o tipo de informação desencontrada que, em um curtíssimo espaço de tempo, desencadeia inúmeras conjecturas sobre crises abafadas dentro da instituição.
Outra situação – sem tão grande relevância política, mas que, se não corrigida, poderia levar muita gente a equívoco – chamou a atenção na manhã desta terça (10): notícia de capa do UOL se dispunha a contar a motivação dos nomes de cada um dos principais aeroportos brasileiros. Até aí, nada de errado. O problema é que quando se referia ao nome dado ao Aeroporto Internacional de Florianópolis, o Jornalista que assina a matéria afirmou que Hercílio Luz era um “engenheiro e político paraibano que fez história em Santa Catarina”. E ainda destacava que o ex-governador havia nascido na cidade de “Desterro (PB)”. O motivo do equívoco era bastante nítido: provavelmente a fonte de informação do comunicador tenha sido o Google, onde descobriu que Hercílio Luz nasceu em Desterro. Em nova procura à internet, percebeu que existe hoje na Paraíba uma cidade com o nome de Desterro. Sem pesquisar um pouco mais (e aqui não estou ponderando o curto tempo de análise dos dados ou à pressão na redação em publicar a matéria o mais rápido possível), o Jornalista não parou para estudar que, em verdade, a Desterro em que Hercílio Luz nasceu era a cidade que hoje tem como nome Florianópolis – em poucos minutos, depois da reclamação de muitos leitores, a notícia foi corrigida e Hercílio Luz foi tratado como catarinense.
E, por fim, talvez não de um Jornalista diplomado, mas de um ‘comunicador’ encarregado de atualizar o perfil do twitter da concessionária Ford Dimas, hoje pela manhã, o que era para ser uma propaganda do carro mais barato do Brasil, acabou por se tornar motivo de risadas: o Dimas anunciou o Ford Ka como “o caromais em conta do Brasil”. Ora, ao menos são honestos: eles mesmos assumem que o Ford Ka está caro! Pouco mais abaixo, numa falha quase imperdoável a um Jornalista – mas talvez tolerável a um ‘comunicador’ -, havia a sugestão para que o leitor conferisse a “reportágem” sobre o motor “dísel” do Ford Fiesta. Preferi não ler.
Em Jornalismo e em comunicação em geral, a velha máxima de que “a pressa é inimiga da perfeição” nunca esteve tão atual. Fiquemos ligados, pois, caros colegas!
Leonardo Contin da Costa
Um comentário:
Dísel foi ótimo!
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