domingo, 22 de abril de 2012

Sobre jornalismo, o prêmio Pulitzer e Daniela Arbex


A Universidade Columbia, de Nova York, anunciou, nesta segunda-feira (16), os vencedores do Pulitzer, a maior premiação do jornalismo americano. Quem leu sobre o assunto viu que ninguém recebeu o prêmio de ficção e de editoriais pela primeira vez em 35 anos – o que causou um grande burburinho na imprensa internacional.

O Pulitzer é distribuído desde 1917 e foi instituído a partir do testamento de Joseph Pulitzer, dono de jornal que morreu em 1911. Joseph também deixou dinheiro para a Universidade Columbia – inclusive, foi com esse dinheiro que o renomadíssimo curso de Jornalismo da instituição começou a tomar forma. Os vencedores do Pulitzer recebem 10 mil dólares – cerca de 18,4 mil reais.

No entanto, ter um Pulitzer na prateleira é para poucos. Quem já viu o filme “Todos os homens do presidente”? Bob Woodward e Carl Bernstein, os responsáveis pela grande reportagem do Washington Post sobre o caso Watergate, ganharam o troféu pelo trabalho que levou à renúncia do presidente Nixon, em 1974. O Post, um dos jornais mais tradicionais dos EUA não foi premiado esse ano. Assim como o Wall Street Journal e o USA Today, os dois maiores jornais em circulação no país.

O destaque da 96ª edição do Pulitzer ficou por conta de duas mídias on-line: o “The Huffington Post” e o “Politico”, que ganharam o prêmio pela primeira vez. O primeiro venceu na categoria “reportagem nacional” e o segundo levou o troféu por “cartum editorial”.

E não é só a velha guarda que ganha prêmio. Sara Ganim, de apenas 24 anos, levou o Pulitzer de “reportagem local” pela cobertura do caso de Jerry Sandusky, um treinador que se viu envolvido em um controverso caso de abusos sexuais a menores que acabou afetando o prestigiado programa de futebol americano da Universidade de Penn State.

Sara é repórter do “The Patriot News” e foi uma das principais responsáveis pela denúncia do caso de abusos sexuais. Ela começou a investigar o caso quando tinha apenas 22 anos. A jornalista contou que o seu segredo é “trabalhar 60 horas por semana, investigando e conversando com fontes até encontrar histórias fantásticas”.

Sara ainda disse que acredita que o futuro está na convergência de meios jornalísticos, e que "a reportagem nos jornais já não se trata apenas de usar a caneta e o papel". Com o prêmio, ela entra para a lista das mais jovens jornalistas a receber o Pulitzer, junto com Stephanie Welsh que o conquistou com 22 anos, em 1996, e Jackie Crosby, que alcançou o feito aos 23, em 1985.

Na mesma semana em que os grandes do jornalismo americano foram premiados, ocorreu a segunda edição do Seminário Brasil-Argentina de Pesquisa e Investigação em Jornalismo, na UFSC. O evento aconteceu nos dias 17 e 18 e reuniu profissionais para debater avanços no jornalismo investigativo brasileiro e argentino. Sem dúvidas, o destaque do evento foi a apresentação de Daniela Arbex, repórter especial do jornal Tribuna de Minas, de Juiz de Foras (MG).

A jornalista, que é referência no jornalismo investigativo brasileiro, contou detalhes sobre suas matérias mais famosas, como o caso Koji, que mobilizou a população de uma forma tão intensa que Daniela se emocionou enquanto mostrava as imagens referentes ao caso. Visivelmente apaixonada pelo seu trabalho, Arbex disse que “jornalista tem que gastar sola de sapato” e ir sempre atrás de “provas irrefutáveis”.

Acima de tudo, Daniela provou que há sim espaço para investigação em veículos de menor circulação – o Tribuna de Minas tem uma tiragem de apenas 15 mil exemplares diários e atende uma população de 600 mil habitantes. Não foi por menos que a jornalista foi extremamente aplaudida pelos estudantes e profissionais presentes.

Bruna Carolina

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