domingo, 29 de abril de 2012

127 horas: eu não sei o que eu teria feito


Devo confessar que não lembro assim, de cabeça, de um único filme do James Franco. Não sou do tipo de pessoa que assiste a filmes de super-heróis e, acha, que foi um desses que o tornou famoso. Porém, não posso falar o mesmo do diretor Danny Boyle - Quem quer ser um milionário? é um dos únicos filmes que ficou dias na minha cabeça depois que o assisti no cinema... Pois então, desde o longa do menino que cai numa poça de excrementos, fiquei com uma vontadinha de assistir a mais um bom filme do diretor e 127 horas não decepcionou (sei que estou meio atrasada, que o filme é de 2010 e que todos vocês já devem ter assistido, mas eu o vi recentemente e não posso deixar de comentar).
Pra começar, eu sou uma grande fã de filme de aventuras. Conta Comigo é um que eu adoro. Outro que eu gosto são aqueles que crianças ficam perdidas em selvas longíquas e encontram algum animal fofo que as guia pelo caos e as leva pra casa. Mas, sem dúvidas, Na Natureza Selvagem é o melhor de todos. E não tinha ninguém pra competir com o digno-de-um-Oscar do Sean Penn.....até 127 horas
O filme começa meio eletrizante. E não vai parar de ser assim até a última cena. Primeiro, a sequência das ações do personagem dentro de casa – close no canivete suíço que vai fazer falta (achei meio clichê, pra falar a verdade, mas foi sutil, de certa forma). A mãe liga, ele não atende. Ninguém sabe pra onde ele está indo, e ele não faz questão mesmo. Ele está dirigindo rumo à um final de semana calmo em algum lugar isolado, onde só é necessário ele e ele mesmo. Ele vai deixando pra trás o caos da cidade grande: McDonald’s, TGI Friday’s, Burguer King, Starbucks. Tchau! E depois dessa primeira tomada acelerada, você sente um alívio tremendo: ufa! Deve ser assim que Aron – James Franco - deve ter se sentido. 
Ele, a bicicleta e um protótipo de iPod são os personagens principais de uma sequência de cenas de ficar de boca aberta. Aron, explorando a área em cima de duas rodas transmite uma sensação de liberdade que deixa no espectador a vontade de fazer o mesmo. Agora, por mais medrosa que eu seja, medrosa mesmo – nunca fui numa montanha-russa – eu pularia daquela pedra agorinha mesmo. Ele, juntamente com duas garotas perdidas que ele encontra no meio do caminho, vão parar numa gruta – a coisa mais maravilhosa do mundo. A água é super-clara e, imagina a adrenalina que deve dar ao pular daquela frestinha!

Até aí tem muitas semelhanças com Na Natureza Selvagem, de verdade. São histórias muito parecidas: os protagonistas são aventureiros, que vêem na natureza muito mais do que as pessoas comuns, e ambos tem um história tão incrível que alguém pensou "tenho que fazer um filme disso!". Porém, a partir de agora o filme começa a ficar um pouco parecido com Enterrado Vivo – outro que eu amei. Esse é aquele com o Ryan Reynolds, que ele se vê preso dentro de um caixão, apenas com um celular. A tensão, o não-saber-o-que-vai-acontecer é a mesma. Tá, você não tá me entendendo. É que depois de pular dentro daquela gruta com as garotas, Aron caí dentro de um buraco. Tá, até aí dá pra suportar. Mas uma pedra caí com ele e esmaga o seu braço contra a parede. A cena foi muito bem feita. E, pra dar mais veracidade ao que o personagem deve ter pensado na hora, há um replay, que parece perguntar: como isso foi acontecer? Tô sonhando?
Bem, daquele em momento em diante, a gente fica nervoso junto com o personagem. A gente sabe que não tem como sair dali, mas tenta, tenta, pára, tenta de novo. Tenta dormir, não dá. Bebe água, daí lembra que tem economizar. E sim, é verdade que ele toma o próprio xixi, e eu sabia disso muito antes de ver o filme – porque isso é a única coisa que as pessoas comentaram sobre o filme, que é muito mais intenso que isso. Ele começa a ter alucinações, com a família, e lembra – desesperado – que ninguém sabe que ele tá ali. O que fazer? Ele começa a registrar todos os seus momentos com a filmadora que tava com ele. O tempo não passa. Chove, inunda, seca. O mesmo urubu passa em cima da cabeça dele sempre à mesma hora e é como se ele pensasse: tudo é cíclico, as pessoas tão vivendo, o sol tá nascendo, tá se pondo, e eu continuo aqui. Até que não dá mais: ele grava uma mensagem pra mãe, pro pai e começa a longa e dolorosa trajetória de cortar, quebrar, dilacerar o próprio braço. É chocante. Fico imaginando a expressão das pessoas dentro do cinema. Depois de finalmente conseguir cortar o braço, ele ainda percorre alguns bons quilômetros, até encontrar um grupo de pessoas que o ajuda. E você sente tudo. Dói. É realmente uma mistura de Na Natureza Selvagem com Enterrado Vivo, mas, mais do que isso, é uma história real. Cara corajoso esse Aron. Eu, que nem de montanha-russa ando, não sei o que teria feito.
Bruna Carolina

Um comentário:

Anônimo disse...

Dois filmes sobre duas pessoas que quiseram fugir desta sociedade falida. Quase impossível não se identificar com esses dois sujeitos que veem a natureza como ela realmente deve ser vista e que de certa forma se opuseram a ganância do homem. Como o Aron disse , " só sou psicopata durante a semana."