Conhecido como Chico Anysio, mas com o oficial e extenso Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, nasceu no dia 12 de Abril de 1931, em Maranguape, Ceará. A primeira etapa de sua infância fora abonada. Filho de pais ricos, vivia com tranquilidade até um incêndio destruir todo o patrimônio que possuíam. Com medo da decadência, seu pai mandou a família para morar em uma pensão no Rio de Janeiro.
Dos onze aos quinze sofrera por seu senso de responsabilidade. Tentava de tudo para manter a família e ainda era culpado de qualquer problema doméstico, apanhando por motivos banais. Seu objetivo era ser advogado criminalista, mas o destino parecia reservar outros planos para ele.
Um dia brincava com os amigos dizendo ir buscar seu tênis em casa. Viu sua irmã saindo e perguntou para onde iria. Ela afirmou que pretendia fazer o teste para locutor na Rádio Guanabara. Ele resolveu ir junto. Chico acabou participando do teste, ficando em sétimo lugar para ator e em segundo para locutor e perdendo apenas para o futuro apresentador Sílvio Santos.
“O humor é irmão da poesia. O humor é quem denuncia. Eu não tenho possibilidade de arrumar nada, mas eu tenho obrigação de anunciar tudo. Que essa é a obrigação primeira do humorista. O humor é tudo, até engraçado.” - Entrevistada concedida ao Fantástico para o quadro “O que vi da vida”, em novembro de 2011.
Na década de 50, trabalhou nas rádios Mayrink Veiga, Clube do Brasil e Clube de Pernambuco. Muitas vezes atuava e escrevia diálogos para filmes. Em 1959, estreou o programa Só Tem Tantã, mais tarde conhecido como Zorra Total. Após sair da TV Record, em 1969, estreou o Teatro da Lagoa, onde fazia oito sessões por semana, causando lotação máxima por sete meses seguidos. Um ano depois, entrou para a Rede Globo de Televisão e lá permaneceu até seus últimos anos.
“O sucesso é um acidente de percurso, não pense que o sucesso seja eterno. É difícil que ele seja. Então não humilhe ninguém, mantenha-se humilde, porque daqui a pouco você não sabe como será.”
Com características inovadoras e mais de duzentos personagens, alguns épicos (Alberto Roberto, Azambuja, Bento Carneiro, Justo Veríssimo), Chico trouxe a presença de dois personagens iguais na mesma cena e o sucesso de dezesseis anos de um monólogo no programa Fantástico.
“A gente acorda cedo, vai para o set, faz a maquiagem, decora o papel, vai pra cena, o diretor manda repetir, a gente repete. Faz quatro vezes, faz oito vezes a mesma cena, mas é sempre melhor que trabalhar.”
O humorista obteve problemas graves de saúde em 2010, passando seus últimos anos em idas e vindas ao hospital. Em dezembro de 2011 voltou a ser internado por conta de um sangramento. Também diagnosticado com pneumonia, apresentou complicações renais e passava por hemodiálise, junto com a ajuda de aparelhos para respirar. No dia 21 de março, chegou ao estado crítico, ficando na CTI do hospital Samaritano. Chico nos deixou às 14h48, do dia 23 de março de 2012 por falência múltipla dos órgãos. Com seus 65 anos de carreira, o humorista, ator, radialista, cantor, pintor e compositor deixa oito filhos, além de netos e bisnetos.
“Sei que vou morrer e não tenho medo de morrer, tenho pena. Tenho pena de morrer, porque eu morrendo não vou ver meus netos crescendo, meus bisnetos. (..) Eu sou isso aí. Eu sou um teimoso. Tenho oitenta anos e estou querendo renovar meu contrato, se possível por mais vinte, porque até os cem eu vou. Devo ir. Talvez eu vá.”
Crédito da imagem: Gessony Pawlick Jr.
Rafaela Bernardino
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