Envolta em inúmeras denúncias de seus investidores, questionamentos do sindicato e mistério acerca do inexplicável desaparecimento de quase R$52 milhões, a CELESC, maior empresa pública de Santa Catarina, sofre com a falta de prioridades dos políticos que administram a estatal.
Nesta semana, por exemplo, estão sendo distribuídos 16 veículos Ford Focus 0km aos chefes das Agências Regionais espalhadas pelo estado. Não que os chefes, geralmente indicados por padrinhos políticos, não mereçam bons automóveis para desenvolverem seu trabalho. Ocorre que, na outra ponta da empresa, aqueles que desempenham atividades de caráter urgente e que necessitam se locomover com agilidade para garantir a execução de seus serviços, sofrem com a precariedade e a falta de segurança dos automóveis disponibilizados pela empresa.
Não são raros os relatos de empregados que passaram por problemas como vazamento de gasolina, pneus carecas, falta de freios e de outros itens de segurança básicos nos veículos da CELESC _ alguns deles, com quase vinte anos de uso. Sem falar nas vezes em que os empregados são compelidos a se deslocarem com seus carros particulares em virtude da falta de viaturas da empresa para se locomoverem a trabalho.
Em uma empresa preocupada com seus empregados e com o êxito nas atividades por eles desempenhadas (o que, em suma, significaria uma melhor prestação dos serviços à população catarinense), o ideal seria atualizar toda a frota de veículos de trabalho para, só depois, disponibilizar carros caros àqueles que possuem gratificação de chefia.
Ocorre, contudo, que enquanto a empresa for comandada por políticos _ creio que o ideal seria ser administrada por técnicos e empregados com competência e conhecimento da área _, essa visão deve permanecer. Falta foco na prioridade da aplicação dos recursos. Aos empregados, só resta rezar cada vez que pegam a estrada em um automóvel sem condições de uso.
Leonardo Contin da Costa
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