quarta-feira, 7 de março de 2012

As coisas não são como parecem

Carros blindados, tropas de choque, homens fardados. As aparências enganam. O que neste domingo parecia uma rotineira operação do exército, com imprensa a tira colo, foi na verdade um treinamento de militares para missão de paz no Haiti, com estudantes de jornalismo da Unisul e da UFSC, simulando a imprensa internacional.

 O objetivo do treinamento é preparar os soldados para as eleições de prefeito e governador que acontecerão esse ano no Haiti. Os militares simularam possíveis incidentes que poderão ocorrer nas zonais eleitores, como boca de urna, denúncia de venda/compras de votos, coação de eleitores, invasões e manifestações.

Assim, foram preparados 15 escolas na Palhoça, para serem o que chamam no Haiti de Voting Center, que para nós são os colégios eleitorais, soldados foram colocados a postos, e um incidente poderia acontecer em qualquer uma das escolas, nem os cabos, nem os aspirantes a jornalista sabiam o que enfrentariam.

Em situações como essa, de eleições em outro país o exército brasileiro só faz a segurança externa, ajudando a polícia haitiana, coletam as urnas após o encerramento da votação, garantindo que o material chegue em segurança sem ser violado, assim entregando para a comissão eleitoral do Haiti fazer a contagem manual das cédulas de papel.

A simulação começou às 8h com os soldados na escolta das urnas. Dentro dos possíveis incidentes, ocorreu apenas um no Voting Center nº15, aonde os soldados tiveram de controlar uma manifestação, de oito civis haitianos que gritavam “ Ale La Cay”. Os soldados reagiram com falso spray de pimenta e alguns fictícios tiros de calibre 32. A pseudo operação teve algumas falhas, pois os soldados se atrapalharam com a movimentação dos jornalistas, os militares dispararam mais do que o permitido contra os civis. No final, o general-de-brigada da 14º Brigada de Infantaria – Décio dos Santos, passou ofeedback para os peacekeeper.

Até dia 16 de Março, os militares serão treinados para outras situações de rotina no Haiti, como organização de trânsito e guarda de autoridades. Os alunos do curso de jornalismo ainda estarão atuando juntamente com o exército, uma breve coletiva ainda está para ser agendada.

O major Ortolano que estava no comando conta que sabe que os problemas que eles irão enfrentar no Haiti serão mais delicados, porém, o treinamento é ótimo para os soldados terem uma boa noção de como proceder. Enfatiza que a participação dos estudantes foi fundamental para a simulação. Os alunos foram divididos em grupos: rádio, TV, fotografia, impresso, todas as mídias foram desenvolvidas. O que parecia uma missão oficial, que chamou a atenção de curiosos que pensaram que era alguma ação militar para procurar fugitivos, surpreendeu a todos, afinal nada ali era real.


















Crédito das imagens: Gessony Pawlick Jr.
Bianca Queda

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