Minha indignação com o tema hoje não se volta contra as montadoras ou o governo, mas contra aqueles que estão na ponta da cadeia do negócio automotivo: as concessionárias e seus vendedores - obviamente minha crítica não se refere a toda a categoria, pois há profissionais éticos, bem informados e que jogam a verdade aos seus clientes.

Exemplos? Contarei três. Nunca me esqueço, no ano 2000, quando uma amiga foi comprar um Fiat Palio 0km. Diante daquilo que revistas especializadas e os flagras de carros de testes da montadora anunciavam, alertei que o modelo mudaria muito em breve. Porém, chegando na concessionária, o vendedor, no afã de ganhar sua comissão, foi taxativo: "até 2002 o Palio continuará o mesmo! As revistas estão mentindo" Dei uma risada e queria apostar com ele que em um mês o Palio mudaria, mas me controlei, pois, afinal, ele fazia o jogo da venda. Dois dias depois, a Fiat anunciou com toda a pompa o lançamento da segunda geração do Palio – qual não foi a minha vontade de passar na concessionária e dizer que, enquanto vendedor de automóveis, ele estava por fora do mercado.

Já na concessionária Toyota, na mesma semana, o vendedor fez questão de se gabar com o primeiro lugar do Corolla no comparativo com os sedans médios na edição passada da Quatro-Rodas. Tratei de corrigi-lo no mesmo instante: o Corolla foi apenas o último classificado numa disputa com outros seis concorrentes. Fiquei sem entender o porquê do sujeito inventar uma informação falsa para vender o modelo se há tantas qualidades a se destacar sobre o carro.
Trouxe à tona apenas três exemplos de vendedores de conduta não tão ilibada, mas outros tantos estão espalhados na cidade - não custa reiterar: há exceções. Insisto naquela velha máxima: cobramos lealdade, verdade e fidelidade dos políticos, mas aqui na terra, na primeira oportunidade, o cidadão faz de tudo para se dar bem e enrolar o sujeito ao seu lado, fazendo-o de palhaço. Continuamos sem qualquer moral para cobrar dos políticos!
Leonardo Contin da Costa
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