domingo, 5 de fevereiro de 2012

Menos a Bruna, que tá no Canadá

Tem gente que se destaca nos esportes. Outros tocam instrumentos musicais de olhos fechados. Alguns fazem contas impossíveis de cabeça e outros soletram palavras gigantes em segundos. Já eu...bem, eu tenho muita facilidade para aprender línguas estrangeiras. Primeiro foi o inglês, depois o francês e esse ano espero aprender o alemão ou o mandarim.

Eu nunca fiz cursinho de inglês. Aprendi o idioma através de filmes, músicas e livros. Mas foi em janeiro de 2007, quando passei um mês em Montreal, cidade geladíssima do sudeste do Canadá, que eu me apaixonei pela língua.

Essa foi a minha primeira viagem internacional. Eu tinha só 16 anos e fui com um grupo de 12 adolescentes da minha escola. Morei com uma família de origem francesa, os Croteau. Eles tinham 60 anos. John era dono de uma loja de materiais de construção. Diane era professora de inglês e cozinheira de mão cheia. Ela era francesa e fazia pães deliciosos. A casa tinha dois andares e, no subsolo, um quarto, uma cozinha e um banheiro só para mim. No jardim, havia uma piscina e um escorregador que eu só vi por foto, pois no mês em que estive lá mais de meio metro de neve cobriam as lembranças do verão passado.

Saímos de Guarulhos em 11 de janeiro de 2007, por volta das onze horas da noite. Depois de voar por quase 12 horas, chegamos a Toronto, uma das maiores cidades do Canadá. Duas horas depois, desembarcamos em Montreal. Fazia sete graus negativos. Uma Limosine branca nos esperava (para eles, é muito comum alugar uma Limosine, além de ser bem barato). Quando o motorista parou a frente da minha casa eu tremia e não só pelo frio. Conheceria, em breve, as pessoas que seriam meus familiares pelos próximos trinta dias. Toquei a campainha e Diane abriu a porta. Uma senhora superativa e carinhosa. Eu sussurrei um “Hi” e ela me abraçou, perguntando se eu estava com frio. Ela mesma emendou: estamos em um dia “quentinho”. Ela me avisou que nas próximas semanas a temperatura chegaria a -20° C. Mas Diane estava errada, pois fez -35°C na primeira semana de fevereiro. -35! O inverno de 2007 seria dos mais frios nas últimas décadas.

Diane me mostrou sua casa e a vizinhança. Os imóveis eram iguaizinhos, assim como a gente vê nos filmes. Ela me disse onde era o ponto de ônibus e, logo depois, levou-me à Sears, uma loja de departamento americana. Lá, compramos luvas, calças e blusas térmicas. Eu, que estava com medo de travar e não conseguir conversar com eles, fiquei à vontade e durante o tempo em que morei lá cheguei a sonhar em inglês.

O dia seguinte era o primeiro de aula no Centre Linguista. A escola ficava a uns 40 minutos da minha casa. Acordei bem cedo e Diane preparou bagels, um tipo de pão doce, para o café da manhã. Ela disse que eles ficavam deliciosos com manteiga de amendoim. E preciso confessar que manteiga de amendoim é uma das coisas mais gostosas que já comi na vida.

 

Isabel, uma intercambista da Guatemala que também morava com os Croteau e estudava na mesma escola que eu, ensinou-me a pegar o ônibus e o metrô. O sistema de transporte público canadense é um dos mais modernos do mundo.


Como em Montreal se fala tanto o inglês quanto o francês, com predominância do francês, todos falam “Bonjour” quando cumprimentam. No metrô, as placas informativas e as próximas estações são anunciadas em francês. As placas com os nomes das ruas também. Nas lojas, os funcionários usam bótons com as bandeiras da França e da Inglaterra para indicar qual língua eles falam. Por isso, é impossível não aprender uma palavrinha ou outra de francês depois de uma visita à cidade.

No Canadá, os esportes de inverno, como hóquei, esqui e snowboarding são bem populares. Em uma excursão à montanha de San Bruno, perto da capital, Ottawa, me aventurei no esqui e paguei micos gigantescos. Mas isso é assunto para a próxima semana.

Bruna Carolina

Nenhum comentário: