quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

A Farra da Vaca e a corrupção

Os grandes sites nacionais de notícias publicaram, com certo destaque, nesta semana, a foto dos policiais militares catarinenses no episódio conhecido como “farra da vaca”, onde os agentes públicos apreciam um colega se divertindo em poses nada sensuais com uma das esculturas da Cow Parade em pleno Mercado Público de Florianópolis.

A foto foi tirada em 29 de novembro de 2011, mas só nesta semana ganhou repercussão na grande mídia.
Milhares de pessoas comentaram o fato em blogs, nas redes sociais e em jornais e revistas, muitos atacando aos policiais e toda a corporação, mas também outros os defendendo, dizendo que têm salários baixos, que sofrem muitas pressões da população, de seus superiores hierárquicos, que recebem ameaças e que muitos deles chegam, inclusive, a correr risco de morte durante a atuação nas ruas.

Concordo com todos estes argumentos e defendo a classe policial, que deveria, juntamente com a classe dos professores, ter os melhores salários e as melhores condições de trabalho em nossa sociedade, pois sem eles a sociedade não avança e entra em total desordem.
Entretanto, apesar de reconhecer todos estes méritos da classe que promove nossa segurança ganhando pouco e trabalhando muito, não dá para negar que tal cena gera repúdio e indignação. Ainda que tenha sido apenas uma brincadeira de mau gosto, sem maior gravidade e não tenha gerado nenhum tipo de prejuízo direto aos cofres públicos, houve sim um desvio de conduta que não deve ser tolerado pela sociedade. Funcionários públicos são pagos pelo povo para prestar serviços ao povo. E a resposta que a polícia dá, a cada vez que precisamos dela através do 190, é a falta de efetivo, a falta de viaturas para atender às ocorrências e até mesmo falta de combustível para fazê-las funcionar. Ora, naquele instante da foto, nada menos que quatro policiais estavam a perder seu precioso horário de trabalho – mais uma vez, repita-se, embora exaustivamente, pagos por nós, o povo! – brincando com a estátua de uma vaca. Será que não existia trabalho naquele horário para os policiais? Será que nossas ruas andam tão seguras assim a ponto de permitir que policiais se divirtam com vacas de mentira enquanto trabalham? E, ainda, como dizem que há falta de viaturas se naqueles instantes em que tiravam as fotos havia duas viaturas paradas, inutilizadas aguardando que a tal brincadeira terminasse?

Cobramos muito dos políticos em nosso país – e acho correto que o façamos. Todavia, o que cada um de nós deveria lembrar, é que eles – os políticos – são apenas um reflexo do que é hoje nossa sociedade. Basta ter uma brecha, uma oportunidade, que todos – até mesmo aqueles que deveriam ser exemplo de ética e lisura, como os policiais – se corrompem. Acabar com a corrupção é tarefa de cada um de nós, no dia a dia, na atuação profissional, nas relações comerciais e também, cobrando dos agentes públicos que atuem de maneira eficiente e dentro da legalidade. Por esse motivo, entendo perfeitamente justa a indignação e os questionamentos da sociedade aos policiais flagrados no episódio. A partir do momento em que não tolerarmos nenhum tipo de desvio de conduta, quem sabe conseguiremos ter políticos mais honestos e interessados no bem estar do povo. Sonhar não custa nada.
Leonardo Contin da Costa

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