Nos meios de comunicação, nas redes sociais, em conversas com os amigos, não são poucos os manezinhos e moradores de Florianópolis que questionam o estilo de turismo chamado de “predatório” adotado na ilha nos últimos verões, especialmente em praias badaladas como Jurerê Internacional.
O famigerado balneário é sempre citado por ser um ícone da exibição, da cafonice e da total ausência do Estado regulando o que pode e o que não pode ser feito, mas – é bom deixar claro – não é a única praia da região a sofrer com este tipo de turismo.
Em Jurerê Internacional, os turistas bebem álcool à vontade, usam drogas, abusam de mulheres caras e depois saem desfilando em suas Ferraris e em suas Lamborghinis como se estivessem sozinhos nas ruas: aceleram e freiam seus bólidos, acordando a vizinhança com o ronco dos possantes e colocando em risco a vida de centenas de pessoas (não são raras as notícias de acidentes e mortes nas últimas temporadas), pilotam na contra-mão, andam em cinco ou seis num carro que deveria caber apenas duas pessoas e fazem todo o tipo de exibição possível. Sim, não podemos esquecer também daqueles que colocam o som no volume máximo, obrigando todos à sua volta a ouvir suas breguices (nunca vi ninguém num carro desses ouvindo Tom Jobim ou Chico Buarque), a fim de “conquistar” as mulheres ao redor e deixar os homens com “inveja” de seu poderio – e o pior é que há mulheres que gostam deste tipo de sujeito e há homens que, de fato, os invejam.
Não quero criticar Jurerê Internacional, longe de mim. É uma das praias com melhor infra-estrutura de Santa Catarina e, sem dúvidas, também uma das que possui natureza mais exuberante. Também não critico os turistas que chegam para gastar milhares de reais com champagnes e outras espécies drogas ou bebidas – cada um faz com seu dinheiro o que quer. Critico, sim, a ausência do poder público na região, que deveria inibir estas atitudes irresponsáveis em público. Ora, se sabem que após as badaladas festas, todas as noites, sempre há rachas e competições de super carros, porque não aumentar o número de policiais, fiscalizações e testes de bafômetro na região? Porque não aproveitar a enorme quantidade de câmeras nas ruas para autuar aqueles que infringem as Leis?
A impressão que se tem é de que a polícia – ok, a palavra certa não é a polícia, mas sim o governo, que é quem determina de que forma a polícia deve agir – é conivente com tudo isso e até estimula este tipo de hábito a partir do momento em que se ausenta do local (talvez para deixar o turista à vontade, mas desta forma está permitindo que este faça todo o tipo de excentricidade, sem respeitar o limite do outro, que também quer usufruir do verão, em paz e tranquilidade). Os moradores de Jurerê Internacional perderam o seu direito de descansar, de dormir em paz, pois, especialmente no período de Natal e Réveillon, transforma-se em um território sem lei, onde o turista pode tudo, até atropelar e matar, como vimos no verão passado. As casas noturnas funcionam com o volume das músicas que extrapola o aceitável, vendem bebidas caras e em grande quantidade e depois estes consumidores saem a desfilar nas ruas do balneário, sem noção de limite, e não encontram ninguém do poder público para conter ou delimitar o que podem ou não podem fazer. Onde estão os que deveriam proteger o cidadão e defender a Lei, preservando o direito da população? Até onde vai o limite dos turistas, que vêm de férias de outras cidades e estados, usufruindo das belezas e do conforto de nossas praias, achando que por que têm dinheiro podem tudo? Já estão se acostumando a desfilar suas excentricidades em nossas praias, nos últimos anos, sob os aplausos de muitos que compartilham tantos absurdos !!!!
Turistas em férias geralmente gostam de esquecer do tempo e não querem pensar em regras e convenções. Cabe ao Estado mostrar a estes que extrapolam, que não estão sozinhos e que, apesar das férias, as Leis continuam valendo e devem ser cumpridas por todos, sem exceção.
Fica o desafio para o poder público: como agir para que os turistas possam se divertir, usufruir das belezas e do conforto de nossas praias, mas sem desrespeitar os direitos dos demais cidadãos que preferem gozar suas férias de forma tranquila e sem tantos exageros.
É necessária uma profunda reflexão da Secretaria de Turismo do Município, para que nossa ilha continue sendo tão procurada por tantos visitantes, mas que preserve a harmonia do convívio, segurança e usufruto das belezas naturais e do conforto que proporciona a todos que aqui procuram gozar suas férias.
Crédito das fotos: Leonardo Contin da Costa
Leonardo Contin da Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário